O “detalhe” do Payroll que fez disparar a Bolsa e afundar o dólar em 60 segundos; veja a reação em imagens

O Relatório de Emprego dos EUA surpreendeu o mercado ao criar mais vagas do que o esperado em janeiro (227 mil x 180 mil), o que - à primeira vista - aumentaria as apostas de alta de juros por lá, mas o que se viu foi uma reação exatamente a oposta a essa leitura: uma euforia do mercado

Paula Barra

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SÃO PAULO – Em um apenas minuto, o Relatório de Emprego dos Estados Unidos conseguiu provocar uma reviravolta nos mercados nesta sexta-feira (3). Enquanto o Ibovespa passou do terreno negativo para o positivo, o contrato futuro do dólar viveu dois momentos: primeiro, um salto de 8 pontos, indo aos R$ 3,156; depois, uma queda de 21 pontos, indo a R$ 3,135. Isso em apenas 60 segundos. Para um operador, que conseguiu pegar esse mergulho, por exemplo, embolsaria R$ 5.250,00 somente com esse movimento, caso ele tivesse negociado o lote mínimo do contrato cheio da moeda (ou 5 contratos) na BM&FBovespa. O resultado é obtido através de uma conta simples: 5 minicontratos x R$ 50,00 (ganho por ponto) x 21 pontos (variação da moeda) = R$ 5.250,00. 

A grande questão é quem conseguiu isso, dado que à primeira vista a reação esperada seria exatamente a oposta. Isso porque o Payroll, divulgado às 11h30 (horário de Brasília), mostrou uma criação de 227 mil novos postos de trabalho em janeiro, acima das projeções da Bloomberg de 180 mil novas vagas. Ou seja, com o mercado de trabalho forte, aumentariam as chances de uma alta mais rápida dos juros nos Estados Unidos, o que, consequentemente, puxaria a Bolsa para baixo e o dólar para cima. 

Mas não era esse o retrato do mercado às 13h55 (horário de Brasília): o Ibovespa operava na máxima do dia, com alta de 1,01%, a 65.232 pontos – ou 670 pontos acima do observado antes do Payroll -, enquanto o contrato futuro do dólar caía 0,65%, a R$ 3.126, na mínima dessa sessão. 

Não perca a oportunidade!

O ponto central aqui foi que, dessa vez, o mercado não estava olhando exatamente para a criação de emprego nos EUA e sim para as entrelinhas do relatório: “O que aconteceu foi que o desemprego aumentou, a média de ganho por hora trabalhada diminuiu e o subemprego cresceu, o que mitiga a velocidade de alta de juros pelo Federal Reserve. Ou seja, mais trabalhos foram adicionados, mas sem ganho de salário”, disse Pablo Spyer, diretor da mesa de operações da Mirae Asset ao InfoMoney.   

Ele lembra que o último Payroll trazia preocupações sobre o mercado de trabalho, que poderia ter atingido seu limite, e os dados de hoje reforçam essa visão. Segundo ele, esses números de emprego dos EUA podem estar “maquiados”, o que reduz as apostas de uma aceleração nas altas de juros por lá. Segundo o Relatório de Emprego dos EUA, o salário médio por hora avançou 2,5% em janeiro de 2016, a menor taxa desde agosto. Em comparação com dezembro, a remuneração dos trabalhadores aumentou 0,1%.  

Veja a reação do mercado em imagens:

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