Inflação nos EUA: núcleo do PCE avança 0,6% em junho, acima do esperado

Consenso Refinitiv projetava alta de 0,5% na base mensal e de 4,7% na anual; entenda a importância do indicador

Lucas Sampaio

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O núcleo do PCE (índice de preços de gastos com consumo, na sigla em inglês) nos Estados Unidos subiu 0,6% em junho na comparação mensal e 4,8% na anual, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (29) pelo Departamento de Comércio americano.

O resultado ficou acima das expectativas do mercado, pois o consenso Refinitiv projetava uma alta de 0,5% na base mensal e de 4,7% na anual, e acelerou em relação a maio.

A inflação do consumo americano em junho foi fruto de uma alta de 1,5% no preço de bens e de 0,6% no de serviços, na comparação com maio (ante junho  de 2021, as altas são de 10,4% e 4,9%).

O núcleo do PCE exclui os preços de alimentos e energia, que são mais voláteis. Considerando esses preços, a inflação de consumo americana, medida pelo PCE, foi de 1,0% na base mensal e 6,8% na anual.

A maior alta foi dos preços de energia, que dispararam 7,5% na comparação com maio e 43,5% em relação a junho de 2021. Já a inflação de alimentos subiu 1,0% em um mês e 11,2% em um ano.

Tanto o PCE quanto o núcleo do PCE aceleraram em junho. O PCE ficou em 0,6% na base mensal e 6,3% na anual em maio e o núcleo, em 0,3% na comparação com abril e 4,7% na anual.

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Importância do núcleo do PCE

O núcleo do PCE é importante por ser uma das principais referências do Fed (Federal Reserve, o Banco Central americano) em suas decisões de política monetária, para definir a taxa básica de juros do país (o que afeta os mercados acionários em todo o mundo).

Há um temor de que uma inflação acima do esperado obrigue o Fed a ser mais agressivo no ciclo de alta da taxa de juros e derrube (ainda mais) as bolsas.

Na quarta (27), o BC americano elevou os juros em 0,75 ponto percentual, para uma faixa entre 2,25% a 2,50%, e reforçou o compromisso em trazer inflação de volta à meta (que é de 2% ao ano, muito abaixo do patamar atual).

Mas, ao mesmo tempo em que investidores temem uma escalada de preços (e de juros) ainda maior, o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA encolheu 0,9% no trimestre, a segunda queda trimestral seguida — o que indica que a economia americana entrou em recessão técnica.

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Lucas Sampaio

Jornalista com 12 anos de experiência nos principais grupos de comunicação do Brasil (TV Globo, Folha, Estadão e Grupo Abril), em diversas funções (editor, repórter, produtor e redator) e editorias (economia, internacional, tecnologia, política e cidades). Graduado pela UFSC com intercâmbio na Universidade Nova de Lisboa.