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O Nubank, uma das principais startups do Brasil, divulgou seu resultado de 2016 nesta última quinta-feira (20), apresentando um prejuízo de R$ 122,3 milhões – um salto de 273% frente os R$ 32,7 milhões de déficit em 2015. A companhia, porém, viu suas receitas dispararem 644%, de R$ 10,3 milhões em 2015 para R$ 77,1 milhões em 2016.
A companhia ressalta estar em fase de crescimento acelerado e, por isso, estar disposta a aceitar um grande prejuízo neste momento. “Com o sucesso de sua proposta de valor perante o público-alvo, atualmente encontra-se em fase de acelerado crescimento de suas operações”, comunica a empresa através de seu balanço, divulgado para o público na última semana.
A companhia apresentava um caixa de R$ 113,2 milhões no final do ano passado – valor que aumentou para cerca de R$ 500 milhões, conforme o diretor financeiro, Gabriel Silva, explicou para o jornal Valor Econômico. O prejuízo cai um pouco se levar em conta operações financeiras, como opções de ações outorgadas da companhia, atingindo R$ 106 milhões.
O prejuízo pode ser explicado pelos gastos elevados que a companhia precisa fazer enquanto cresce. O aumento da equipe neste ano foi forte, os gastos com pessoal cresceram 215% e atingiram R$ 56,5 milhões em 2016, enquanto as despesas administrativas saltaram 293% para R$ 37,9 milhões. Já os custos de serviços prestados, o principal gasto da companhia, subiram 341% para R$ 89 milhões. No total, a empresa totalizou um prejuízo operacional de R$ 214 milhões.
Só que, além dos R$ 77 milhões de receita, a empresa também apresentou ganhos financeiros de R$ 45,9 milhões – embora tenha tido despesas financeiras de R$ 27,1 milhões. Houve também um crédito fiscal de R$ 72,9 milhões, o que dá o prejuízo líquido de R$ 122,3 milhões. Sem contar o imposto de renda, a empresa gastou R$ 195,2 milhões a mais do que arrecadou em 2016.
A companhia entende que agora é hora de crescer e a hora de ganhar dinheiro virá em breve. “Dada a natureza do negócio, há um investimento inicial na análise de novos clientes, bem como na produção e envio dos cartões. Apenas após um período de uso tais clientes passarão a ser rentáveis para a Companhia. O plano de negócio do Nubank prevê que o crescimento no volume transacionado dos cartões já emitidos, bem como novos cartões e/ou novos produtos resultarão em geração de lucros no futuro”, completa a companhia no seu balanço.
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O que o Nubank fez é basicamente o que muitas startups fazem para apresentar crescimentos expressivos: primeiro, validam seu negócio e depois buscam investimento para alimentarem crescimento expressivo, enquanto sofrem prejuízos por conta disso.
A startup já obteve investimentos vultuosos de grandes fundos, como o Sequoia Capital, e é tido como um dos principais candidatos ao posto de primeiro unicórnio (startup que vale mais de US$ 1 bilhão) do Brasil. O Nubank já anunciou uma série de medidas que podem ser boas geradoras de receitas para ela, como, por exemplo, um programa de fidelidade – que terá uma anuidade.
Além disso, a empresa entrou com um pedido oficial para abrir uma financeira, que dará mais liberdade para a companhia gerar créditos. Embora com mais de um milhão de cartões emitidos, a startup ainda está no início de seus planos, que envolverão criar diversos novos produtos financeiros nos próximos anos.
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