Novo referendo ou “Brexit duro”: Theresa May corre contra o tempo enquanto tenta um novo acordo

Chances de um novo referendo aumentam, mas políticos pró-Brexit rejeitam ideia e reforçam pedido por um acordo

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após a derrota histórica no Parlamento, a primeira-ministra britânica Theresa May conseguiu vencer o voto de desconfiança e se manter na liderança do governo. Mas nem por isso sua situação ficou mais tranquila e, conforme o prazo final para o Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) se aproxima, as chances da região passar por um novo referendo aumentam.

Mesmo mantendo a confiança, May está sofrendo uma dura oposição. Líderes políticos do Partido Nacional Escocês, Partido Verde e Democratas Libertais estão pedindo ao líder da oposição e do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, para se juntar a eles em um segundo referendo sobre Brexit, conhecido como “Voto do Povo”.

Em carta aberta, os líderes destes partidos disseram que estavam escrevendo para “implorar” para que agora outros parlamentares apoiem seus apelos por “Voto do Povo no acordo final do Brexit”.

Em entrevista par a CNBC, Pascal Lamy, ex-chefe da OMC (Organização Mundial do Comércio) disse que também acredita que um segundo referendo “é agora uma opção”.

“Eu não teria dito isso seis meses atrás e eu estava entre aqueles que acreditavam que as chances de um novo referendo eram extremamente baixas, mas eu acho que elas estão claramente mais altos agora. Mas é claro que para tal cenário aparecer é preciso ‘parar o relógio’ entre o Reino Unido e a UE”, afirmou.

Em discurso feito do lado de fora de sua residência na Downing Street, May disse que acredita “que seja meu dever cumprir a instrução do povo britânico para deixar a União Europeia. E pretendo fazê-lo”. “Estou convidando parlamentares de todos os partidos a se reunirem para encontrar o caminho a seguir. Agora é a hora de deixar o interesse próprio de lado”, completou a premiê.

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A questão é que a oposição fez algumas exigências para aceitar ter esta conversa. Na principal delas, os trabalhistas afirmam que primeiro May precisa descartar a possibilidade de um “Brexit sem acordo”, ou seja, de uma saída abrupta dia 29 de março sem que estejam estabelecidas regras para o que irá acontecer a partir deste dia.

Nicola Sturgeon, primeiro ministro da Escócia e líder do SNP, também pediu à primeira-ministra que excluísse a chance de um acordo e considerasse realizar um segundo referendo.

De um lado, os pedidos para que o povo volte às urnas agora vêm de diversos líderes políticos atuais, empresários e ex-primeiros-ministros, incluindo Tony Blair, Gordon Brown e John Major. Do outro, grupos pró-Brexit argumentam que realizar outro referendo seria antidemocrático e que o governo deveria trabalhar para entregar o que foi decidido em 2016.

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O governo tem até segunda-feira para entregar um “plano B”, mas é improvável que a UE faça alguma alteração no acordo. Com isso, o Reino Unido trabalha cada vez mais com as outras possibilidade. Mas uma coisa é certa, fazer um Brexit sem acordo (chamado de “Brexit duro”) no dia 29 de março seria a pior opção possível.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.