Publicidade
SÃO PAULO – Em linha com o esperado, a Oi (OIBR3;OIBR4) fez a sua última grande venda de ativos na última quarta-feira (7), ao leiloar o controle (mais precisamente 57,9%) da InfraCo, que concentra a rede de fibra óptica, por um valor de R$ 12,9 bilhões.
Como esperado, apenas uma proposta – a dos fundos do BTG Pactual em conjunto com a Globenet Cabos Submarinos – foi apresentada, sendo ela a vencedora. A Oi permanecerá como sócia minoritária, com 42,1%. O fundo norte-americano Digital Colony também fez uma proposta vinculante pela Infraco no começo do ano, mas não seguiu na disputa.
A Oi priorizou a venda de um vasto grupo de ativos de forma a enxugar o seu endividamento e sair do processo de recuperação judicial, em que está desde 2016.
Continua depois da publicidade
Desde novembro de 2020, quatro grandes grupos de ativos foram vendidos pela Oi – alguns ainda sujeitos à aprovação por órgãos antitruste – levando a uma captação de R$ 30,79 bilhões pela companhia. Foram eles: i) as torres móveis vendidas à Highline do Brasil por um valor de R$ 1,07 bilhão; ii) os data centers vendidos à Piemont Holdings por R$ 325 milhões; iii) a telefonia móvel para o consórcio Vivo/TIM/Claro por R$ 16,5 bilhões e iv) a já citada venda da fibra óptica por R$ 12,9 bilhões.
O plano de desinvestimentos prevê ainda a venda da rede de TV por assinatura, mas o negócio é de apenas R$ 20 milhões, muito pequeno perto dos anteriores.
Analistas avaliam a venda de ativos da véspera que encerrou o ciclo de grandes desinvestimentos como positivo, ainda que bastante em linha com o esperado, o que acabou também por não ser um catalisador para as ações desde que o negócio foi fechado.
Continua depois da publicidade
Ontem, os ativos OIBR3 fecharam em queda de 0,63%, a R$ 1,57, enquanto os papéis OIBR4 tiveram baixa de 2,16%, a R$ 2,26, na sessão desta quarta. A queda continua nesta data, com os ativos ON caindo 1,91%, a R$ 1,54, enquanto os papéis PN registravam baixa de 1,33%, a R$ 2,23, na tarde desta quinta-feira (8).
“O cenário atual já era o esperado pelo mercado, por isso não deve ter impactos significativos no preço das ações da companhia”, apontou a Levante Ideias de Investimentos.
A conclusão da venda dos ativos deve marcar o fim da recuperação judicial da Oi, tornando, em um primeiro momento, uma empresa com patamares saudáveis de endividamento, avaliam os analistas. “Apesar disso, ainda é incerto como funcionará e qual será a rentabilidade da nova operação considerando a entrada de mais sócios e o modelo de negócios de venda do uso da infraestrutura no atacado”, destacam.
Continua depois da publicidade
A expectativa da Oi ao finalizar a venda de seus ativos é usar os recursos para focar no crescimento da empresa em banda larga fixa e encerrar o processo de recuperação judicial no final deste ano.
Neste sentido, após essa sequência de venda de ativos, um próximo evento será acompanhado de perto pelos investidores na próxima semana.
A companhia havia informado num primeiro momento que apresentaria na próxima terça-feira (13) a nova fase do seu plano estratégico, para o triênio 2022-2024. Uma nova data foi anunciada, com a apresentação prevista para ocorrer por áudio-conferência no dia 19 de julho a partir das 10h (horário de Brasília).
Continua depois da publicidade
Com o plano, chamado de “Nova Oi”, a companhia deve reforçar o compromisso de expandir o seu negócio de banda larga via fibra óptica.
“Apesar da Oi ainda não ter dado detalhes sobre seu ambicioso plano, o enxergamos com bons olhos, visto que garante maior visibilidade com relação aos planos futuros da companhia”, afirma Luis Sales, analista da Guide Investimentos.
Conforme destaca o analista, sem a venda da operação móvel, em leilão realizado em dezembro, o plano de fazer a ‘’Nova Oi’’ seria inviabilizado, porque a companhia não poderia prescindir dos R$ 16,5 bilhões ofertados por Claro, TIM Brasil e Vivo. No caso da InfraCo, o dinheiro (R$ 12,92 bilhões) também é importante, mas abre-se a oportunidade de a Oi explorar um novo filão, também como provedora de infraestrutura neutra.
Continua depois da publicidade
Isso porque, além da fatia de cerca de 42% na InfraCo, a Oi manterá a ClientCo, seu braço de prestação de serviços.
Conforme destacou ao InfoMoney Eduardo Neger, presidente da Associação Brasileira de Internet (Abranet), esse seria um movimento positivo: “A Oi poderá vender para outras empresas, sem atender o cliente final. Seria uma operadora das operadoras. Isso é promissor principalmente em grandes cidades, onde a estrutura está saturada. Algumas avenidas de regiões nobres de São Paulo, por exemplo, já têm mais assinantes do que cidades inteiras no interior”.
Veja também: Após os leilões, o que sobra da Oi? Veja se as ações dessa “nova empresa” merecem o seu aporte
Sendo uma operadora neutra, a Oi poderia usar a rede da Vivo, por exemplo, para a venda de seus serviços e resolveria o desafio da penetração em regiões mais disputadas.
Enquanto isso, alguns desafios de curto prazo estão no radar da companhia. Um passo bastante aguardado é a aprovação da venda da Oi Móvel pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o órgão antitruste brasileiro. Mas o próprio Cade já afirmou que deve usar todo o prazo regimental de 330 dias – a serem encerrados no fim deste ano – para dar seu aval final sobre o negócio. Apesar da demora, a expectativa de especialistas e ex-conselheiros do Cade é que o órgão aprove a venda, mesmo que mediante algumas exigências.
“Apesar de acreditarmos que haverá uma concentração de mercado, não parece ter outra solução viável para este caso e por isso, após mais algum tempo de estudos, acreditamos que esta negociação deve ser aprovada”, apontam os analistas da Levante.
Enquanto isso, gestores e analistas que acompanham a companhia apontam outras questões. Em junho, Luiz Guerra, CIO da Logos Capital, gestora que tem Oi na carteira, destacou que o maior risco da Oi está na execução dos planos para fibra óptica. “Um plano dessa magnitude tem chance de dar errado. O que tranquiliza é que o [atual CEO, Rodrigo] Abreu e o Amos [Genish, fundador da GVT, que deve ser indicado pelo BTG para liderar a InfraCo] já fizeram isso outras vezes, então o track record dá segurança”, apontando ser essa a razão para estar otimista com a Oi.
Em abril, por sua vez, o Credit Suisse destacou ter recomendação neutra e preço-alvo de R$ 1,80 para a ação OIBR3, justamente citando a complexidade de execução e a falta de gatilhos positivos. Por outro lado, entre os otimistas, estão o Bradesco BBI, que seguem com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 3,40. A Guide também possui recomendação de compra das ações OIBR3 da empresa, com preço-alvo de R$ 3.
O evento da próxima semana pode ser um direcionador para os próximos passos da companhia, que está andando a passos largos para ser menor, mas também mais eficiente. O passo dado ontem foi considerado bastante positivo, mas ainda há muitas dúvidas entre os investidores.
Quer trabalhar como assessor de investimentos? Entre no setor que paga as melhores remunerações de 2021. Inscreva-se no curso gratuito “Carreira no Mercado Financeiro”.