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O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) anunciou na última segunda-feira (22) uma nova política industrial denominada “Nova Indústria Brasil” para combater a desindustrialização no país, num valor total de R$ 300 bilhões.
O plano tem seis objetivos que serão utilizados para a política industrial até 2033. Espera-se que o Governo Federal detalhe cada iniciativa e medidas ao longo dos próximos 90 dia se o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apoiará esta nova política industrial com o novo programa “Mais Produção” com R$ 250 bilhões de financiamento para novos projetos.
A notícia não foi bem recebida no geral pelo mercado em meio às preocupações com os gastos públicos – fazendo com que o Ibovespa caísse 0,81% na última segunda-feira e o dólar subisse 1,23% -, mas algumas empresas podem se beneficiar com o programa, avalia o Bradesco BBI.
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“Os detalhes anunciados até agora sugerem que a WEG [WEGE3] é potencialmente a empresa mais bem posicionada para se beneficiar desta nova política industrial, seguida pela Marcopolo [POMO4], Embraer [EMBR3], CCR [CCRO3] e Vamos [VAMO3]”, afirma o BBI em breve análise, citando empresas de motores elétricos, fabricação de aeronaves, concessões e bens de capital. O BBI tem recomendação neutra para WEG e equivalente à compra para as ações das outras companhias citadas.
O BTG Pactual diz ainda ser cedo para tirar conclusões sobre os impactos nos setores, mas acredita que as diretrizes gerais são pró-inovação e pró-descarbonização. Maiores requisitos de conteúdo local devem levar a oportunidades para fornecedores nacionais também. “Dentro de nossa cobertura, gostamos dos incentivos para produtores locais de equipamentos agrícolas como Randoncorp [RAPT4], Tupy [TUPY3] e Iochpe [MYPK3]. O banco também cita que a eletrificação da mobilidade urbana é uma tendência interessante tanto para Marcopolo quanto para WEG. Esta última também se beneficia da transição energética em andamento. Por fim, também vê algumas oportunidades para a Embraer via um orçamento maior para projetos de defesa.
O JPMorgan, por sua vez, vê possíveis efeitos negativos para as ações de bancos do setor privado dada a possível ampliação da atuação do BNDES após períodos de menor participação do banco de fomento em empréstimos. Por sinal, aponta que já houve um aumento dos empréstimos pela instituição.
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No geral, o banco cita que: (i) o saldo do crescimento dos empréstimos pelo BNDES permanece tímido, com um aumento de apenas 3% em relação ao ano anterior, o que está abaixo da inflação e atrás de outras linhas direcionadas; (ii) no entanto, a originação de novos empréstimos no BNDES cresceu 20% ano a ano nos primeiro nove meses de 2023; (iii) as grandes empresas aumentaram os empréstimos em 27%, superando as PME (pequenas e médias empresas) e revertendo uma tendência vista nos últimos anos; (iv) a indústria é o segmento que mais cresce; (v) as taxas de empréstimos estão abaixo da Selic desde meados de 2022; e (vi) novas solicitações e aprovações de empréstimos estão aumentando ultimamente.
Ao todo, nos últimos 12 meses encerrados em setembro de 2023, o BNDES desembolsou R$ 110 bilhões, acelerando dos R$ 98 bilhões em 2022 e sendo duas vezes maior do que o mínimo de R$ 55 bilhões atingido em 2019, mas ante uma meta de cerca de R$ 200 bilhões até 2026 (cerca de 2% do PIB).
Apesar desta aceleração recente, os desembolsos do BNDES permanecem bem abaixo do nível da administração da presidente Dilma (2012-16), que teve desembolsos anuais de aproximadamente R$ 190 bilhões em 2013-14 (aproximadamente R$ 315 bilhões ajustados pela inflação).
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Os estrategistas apontam que, embora o anúncio implique em alterações limitadas da curva de desembolsos esperada até 2026 (ou seja, o banco tem falado em aumentá-la), deverão surgir questões sobre a eficiência, o financiamento e o custo para o Tesouro e o papel do BNDES na economia.
“Se o BNDES ganhar cada vez mais relevância, esperamos alguns obstáculos para os bancos mais focados nos segmentos de atacado”, avaliam, citando Itaú (ITUB4), BTG Pactual (BPAC11) e Banco ABC (ABCB4).
O JPMorgan reforça que, em setembro de 2023, o BNDES tinha uma carteira de empréstimos diretos de R$ 304 bilhões (cerca de 14% do total de empréstimos comerciais) – esse valor não inclui R$ 186 bilhões de operações de repasses indiretos desembolsados por outros bancos, mas se compara a R$ 406 bilhões em operações diretas em 2015, ou aproximadamente 24% de participação em empréstimos comerciais brutos nesse período.
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Considerando seus empréstimos diretos e indiretos, o BNDES teve participação de aproximadamente 37% em empréstimos comerciais em 2015, contra aproximadamente 18% em novembro de 2023. “Em resumo, o BNDES perdeu cerca de metade de sua participação de mercado desde 2015, parte de uma tendência maior com os bancos controlados pelo governo”, avalia o JPMorgan.
Notavelmente, os bancos privados passaram de 43% de participação em 2016 para 57% de participação de mercado hoje em empréstimos. Desde março de 2023, no entanto, os bancos controlados pelo governo têm crescido um pouco acima dos bancos privados no Brasil: +8% em novembro versus bancos privados a um ritmo de 6% em relação ao ano anterior.
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