O Bitcoin (BTC) não alcançou o patamar de US$ 100 mil que muitos esperavam em 2021, mas deixa para trás um inegável saldo positivo com valorização acumulada de quase 160% em 12 meses.
As demais criptomoedas, porém, tiveram resultado ainda melhor, com o Ethereum (ETH) entregando o quádruplo do retorno que o BTC, com alta de 600% no ano apesar do conhecido problema das altas taxas. Enquanto isso, diversos projetos rivais como Binance Coin (BNB) e Solana (SOL) aproveitaram a lacuna e dispararam até 11.000% desde o começo do ano.
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Somadas, as principais criptomoedas por valor de mercado saltaram 200% desde janeiro, de US$ 800 bilhões para US$ 2,4 trilhões em dezembro – na máxima do ano, a capitalização chegou a superar a marca dos US$ 3 trilhões.
Desses, pouco mais de 38% são de Bitcoin. O restante é resultado das várias tendências do ano, que foram das finanças descentralizadas (DeFi) e NFTs, aos jogos play-to-earn (jogue para ganhar) e, por fim, o metaverso.
Agora, todos se perguntam se esse tsunami de valorização poderá se repetir no ano que vem – e, principalmente, quais ondas já aparecem e como é possível surfá-las.
“DeFi vai continuar sendo uma força muito importante no mercado porque a gente vai ter o Ethereum 2.0 sendo lançado ano que vem, que já estava em desenvolvimento há anos e é onde a maior parte do DeFi acontece”, explica Alex Buelau, CTO da Parfin.
“O NFT chegou com tudo este ano, continua bem forte e tem uma série de novos jogos que estão para ser lançados. E o metaverso é algo que não tem como não enxergar que é um fato gigante, não só para o próximo ano, como provavelmente para vários anos à frente ainda”, aponta.
Carlos Eduardo Gomes, Head de Research da Hashdex, destaca que plataformas de contratos inteligentes deverão continuar crescendo ano que vem, principalmente o Ethereum e as soluções construídas nele. A competição entre blockchains rivais, afirma, deverá ficar ainda mais acirrada.
“Essa busca por soluções deverá impulsionar a concorrência nesse ecossistema, seja por meio de blockchains concorrentes, seja através das soluções de segunda camada, ou seja por meio de evoluções nos projetos em si”, diz.
Segundo especialistas ouvidos pelo InfoMoney, o próximo ano também deverá continuar dando espaço para criptomoedas de corretoras convencionais e descentralizadas, além de projetos ligados a dados. Confira a lista completa:
Contratos inteligentes e DeFi
Ethereum (ETH)
O ano de 2022 deve marcar um ponto de virada para o Ethereum com a atualização para o Ethereum 2.0, marcada para junho. Ela abandona de vez a mineração e traz no seu lugar o mecanismo de staking (depósito com rendimento) para credenciar validadores, além de reduzir drasticamente o congestionamento da rede, resultando em taxas menores e supostamente resolvendo seu principal gargalo: hoje, é muito lento e custoso fazer transações nesta blockchain.
“Se o upgrade do Ethereum for bem-sucedido, se ele ficar mais ágil e mais barato, o que vai acontecer com os concorrentes? Esse espaço tende a sumir”, avalia Buelau.
Thales Inada, especialista em cripto da Spiti, defende que mesmo que haja alguma incerteza quanto ao sucesso da atualização, o Ethereum é uma grande aposta para o próximo ano.
“Por um lado, existe o risco de as atualizações frustrarem um pouco as expectativas do mercado e até mesmo chances de bugs nos códigos. Mas, se tudo der certo, certamente vai evoluir para outro nível. Por isso, deve ocupar uma parcela significativa da carteira”, afirma.
A atualização irá combinar a rede principal com uma rede experimental já em funcionamento, dando sequência a uma série de modificações preparatórias que começaram neste ano, como a London, realizada em agosto, que introduziu um mecanismo de queima de taxas de rede.
O processo ajuda a contribuir para a escassez da criptomoeda no mercado ao retirar de circulação uma porção de ETH a cada transação efetuada. “É uma questão de tempo até o preço da moeda manter a subida por redução da oferta”, projeta o trader e investidor anjo Vinícius Terranova.
Elrond (EGLD)
Enquanto isso, vários projetos correm contra o tempo para se tornarem grandes demais para quebrar mesmo que o Ethereum tenha sucesso. Um deles é a blockchain Elrond (EGLD), que oferece mais velocidade e menor custo como meio de atrair investidores.
A plataforma lançou sua própria exchange descentralizada (DEX, na sigla em inglês) e tem um fundo de US$ 15 milhões liderado pela Morningstar Ventures para investir em projetos que sejam criados no seu ecossistema. Nesse sentido, é uma solução mais avançada que a Cardano (ADA).
“São alguns projetos que têm muita conexão com o mainstream, e eles podem conseguir no futuro licença de banco na Europa para poder facilitar a compra de criptomoeda por qualquer pessoa. Também acabaram de lançar o app”, conta Terranova.
Polygon (MATIC)
A Polygon (MATIC) disparou mais de 10.000% em 2021 após uma reformulação, rumo ao que os desenvolvedores chamam de “Internet de blockchains”, conectando diferentes redes em um hub com o Ethereum no coração de tudo.
Conhecido pelas baixíssimas taxas de rede, na casa da fração de centavo de dólar, o protocolo ganhou o gosto de investidores do calibre do bilionário americano Mark Cuban.
Mas, o projeto não parou por aí. No dia 9 de dezembro, a Polygon anunciou a aquisição da startup Mir, especializada na tecnologia de criptografia de prova de conhecimento zero (zero-knowledge proof), apontada por Vitalik Buterin, cofundador do Ethereum, como o futuro da plataforma. O negócio foi fechado por US$ 400 milhões, pagos na criptomoeda MATIC.
“A cripto efetivamente transforma o Ethereum em um sistema multicadeia completo, que também é conhecido como “Internet of Blockchains”, semelhante a outras como Polkadot, Cosmos, Avalanche etc”, aponta Lucas Schoch, CEO da Bitfy.
Metis Dao (METIS)
O Metis DAO (METIS) é um projeto desconhecido que não está no radar de muita gente, mas pode surpreender em 2022. Trata-se de uma solução de segunda camada (Layer 2), ou seja, que visa intermediar transações do Ethereum de um modo parecido com a Polygon (MATIC).
No entanto, além de uma tecnologia promissora, o protocolo traz no time um nome curioso: Natalia Ameline, cientista da computação, executiva do mercado financeiro e mãe de Vitalik Buterin, cofundador do Ethereum.
“Além de ser uma genial cientista, ela entende muito sobre a rede Ethereum e suas necessidades” destaca Terranova, que acredita em uma possível disparada de dezenas de vezes em um futuro próximo. “Para um comparativo, ela teria que valorizar 100 vezes para atingir o valor de mercado da sua rival Polygon”, pontua.
A Metis também levantou US$ 100 milhões para investir em projetos que sejam criados no seu ecossistema, aumentando ainda mais a expectativa para 2022.
NFT, jogos e metaverso
The Sandbox (SAND)
Vários projetos de blockchain ligados à ideia de metaverso dispararam de preço no final de outubro, quando o Facebook mudou de nome para Meta, e um deles foi a The Sandbox (SAND). O jogo nasceu como um rival do Minecraft, mas logo incorporou criptomoedas e conceitos de mundo virtual descentralizado.
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Embora ainda esteja em fase de desenvolvimento, a liberação de uma versão de testes em novembro foi o suficiente para trazer uma leva de jogadores e investidores, além de ajudar a estabelecer parcerias com marcas como a Adidas, que pode abrir uma loja virtual dentro do mundo de The Sandbox.
“O público gamer é extremamente fiel e mesmo com o mercado em baixa pode continuar apoiando a plataforma ainda que não seja tão rentável”, aposta Inada, da Spiti.
Victoria VR (VR)
Menos conhecido, o projeto Victoria VR (VR) promete levar a ideia de metaverso para outro patamar em termos de gráficos. Os desenvolvedores apostam na tecnologia gráfica Unreal Engine para gabaritar a plataforma como um dos maiores competidores dentro das possibilidades de metaverso existentes.
“É uma aposta ousada em um projeto que nasceu agora, mas que é apoiado pela Kucoin, uma das maiores corretoras do mundo, além de possuir vários fundos de investimento famosos como investidores”, afirma Terranova.
Decentraland (MANA)
Pioneiro do metaverso antes mesmo desse termo virar tendência, o Decentraland (MANA) é um projeto que promete vingar com a crescente adoção por marcas e empresários que compram terrenos virtuais na plataforma com o objetivo de criar negócios ou alugar espaços digitais no futuro.
Para especialistas, apesar de a The Sandbox (SAND) ter chamado mais atenção e valorizado mais recentemente, a Decentraland é um projeto mais maduro e que segue com chances de criar a principal base para um metaverso descentralizado, ou seja, que não dependa de uma única empresa.
Sidus (SIDUS)
Outro projeto de jogo que desponta como promissor é o Sidus (SIDUS). Apesar de beber na mesma fonte do Axie Infinity, ele promete ir além e mesclar tudo com conceitos de metaverso e organização autônoma descentralizada (DAO, na sigla em inglês).
Além disso, a Sidus captou investimento de alguns nomes importantes da indústria, aumentando a expectativa por um lançamento de alto impacto no ano que vem.
“Jogos play-to-earn foram uma febre, mas parece um pouco tarde para investir em Axie Infinity, quem pegou, pegou. Se eu vejo uma moeda promissora, é a Sidus. Esse pessoal foi além e criou a própria engine (motor gráfico) para rodar o jogo no navegador, que é capaz de rodar um jogo bem detalhado com velocidade”, explica o trader e investidor anjo.
Dados
Chainlink (LINK)
A Chainlink (LINK) é um projeto que prometeu muito, mas ficou entre as decepções de 2021. No entanto, há quem acredite que, em 2022, a profusão de blockchains irá aumentar a necessidade de projetos focados em trazer dados “do mundo real” para plataformas de blockchain, criando o cenário perfeito para a única solução de oráculos do mercado cripto.
“Esse serviço é extremamente requisitado pelos projetos e é muito difícil desenvolver uma plataforma como essa extremamente segura”, ressalta Inada. “Portanto, mesmo que o mercado como um todo esfrie, a LINK continuará sendo procurada por projetos que estarão começando no mercado”.
Corretoras
FTX Token (FTT)
A Binance Coin (BNB), que disparou quase 2.000% em 2021, criou um modelo bem-sucedido que alia aplicabilidade tanto em corretora quanto em DeFi, e que pode ser replicado por outros projetos. Um deles tem tudo para ser o FTX Token (FTT), da exchange FTX.
“A FTX é uma exchange relativamente nova, mas está crescendo rapidamente, prestando um belo serviço para a comunidade trader, que por sinal é a mais rentável, e fazendo parcerias com embaixadores no mundo todo para divulgar seu serviço”, conta o especialista da Spiti.
“Se seguirem nesse ritmo, devem enfrentar muito bem o período de baixa do mercado e se consolidar entre as maiores exchanges do mundo”.
Uniswap (UNI)
Também ligado a uma corretora, mas que opera de forma descentralizada via smart contracts, o Uniswap (UNI) pode retomar sua relevância e voltar a valorizar ano que vem, apoiado por sua comunidade de desenvolvedores, conhecida por ser vasta e ativa.
A expectativa é que a Uniswap V3, que começou com o pé esquerdo, mas logo se recuperou, se torne a versão mais usada da plataforma e abra caminho para voos mais altos em termos de funcionalidade, principalmente se a atualização para o Ethereum 2.0 der certo.
“O protocolo Uniswap gera mais eficiência resolvendo os problemas de liquidez com soluções automatizadas, evitando os problemas que assolaram as primeiras exchanges descentralizadas”, relembra o CEO da Bitfy.
Sushi (SUSHI)
Derivado do Uniswap, o Sushi (SUSHI) promete expandir ainda mais suas funções para além das exchanges descentralizadas apostando na operação em diferentes blockchains e na inclusão de recursos adicionais.
“[O projeto] deve aumentar as recompensas para os participantes da rede por meio de seu token interno, SUSHI, tornando possível configurar a automatização da liquidez da negociação entre qualquer par de ativos de criptomoedas”, aposta Lucas Schoch, da Bitfy.
A corrida por mudanças já pode ter dado a largada. Após debandada de desenvolvedores, um renomado programador da rede Avalanche propôs, no dia 13 de dezembro, uma repaginação completa do protocolo, o suficiente para fazer a criptomoeda saltar 12% em um momento de baixa no mercado.
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