Negada pela Arezzo, compra do Grupo Soma “destravaria valor” para empresas, avaliam analistas

Possível negócio traria ganhos de sinergia, mas poderia enfrentar riscos culturais e oposição de acionistas

Mitchel Diniz

(Reprodução/Facebook)
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SÃO PAULO – Divulgada pela imprensa e negada pelas partes envolvidas, a suposta combinação de negócios entre Arezzo (ARZZ3) e Grupo Soma (SOMA3), que possui as marcas Animale, Farm e Hering, era vista como uma forma de destravar valor para as companhias.

Porém, mal a notícia foi divulgada pelo jornal Valor Econômico, a Arezzo se manifestou por fato relevante ao mercado negando ter abordado o Grupo Soma para uma aquisição. A empresa disse apenas que mantém discussões preliminares com diversos parceiros potenciais. Já o Soma pontuou em nota, também negando o acordo, que permanece empenhado em “sua estratégia de crescimento baseada na aceleração do seu portfólio de marcas, em especial para transformação do Grupo Hering , aceleração da Farm Global e NV e o crescimento orgânico das demais marcas do grupo”.

Em relatório lançado na semana passada sobre o assunto, a XP já via dificuldades para a combinação entre as empresas ocorrer no curto prazo. Os analistas diziam não haver incentivos para os controladores do Grupo Soma desinvestirem do ativo além de enxergarem desafios na estrutura de governança da companhia resultante da combinação de negócios.

“Nós acreditamos que uma potencial transação entre as duas companhias seria mais provável através de uma fusão, uma vez que o valor de mercado da Arezzo (a compradora ,de acordo com as notícias) é menor do que o Grupo Soma (R$7 bilhões e R$12 bilhões, respectivamente)”, dizia o texto do relatório publicado na última quinta-feira.

Os analistas acreditavam que a operação seria viável com a criação de num novo bloco de controle, composto por executivos-chave das duas companhias, como Alexandre Birman, Rony Meisler, Roberto Jatahy e Marcello Bastos. “Nós não vemos incentivos para os controladores do Grupo Soma desinvestirem do ativo, uma vez que vemos muito valor ainda a ser destravado pela reestruturação da Hering e expansão da Farm Global”, escreveram os analistas.

Para a XP, a transação não teria riscos relacionados ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), uma vez que o segmento de atuação das companhias é “altamente fragmentado” e as empresas são especializadas em categorias diferentes.

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Os analistas da XP acreditam que a transação poderia destravar valor ao criar uma companhia focada em um público de maior poder aquisitivo e com maior sortimento. Também haveriam diversos ganhos de sinergia. A Arezzo poderia agregar à Soma sua expertise em franquias, a qual utilizou na reestruturação da Hering. A XP também vê sinergias na parte digital, em despesas de backoffice e de venda cruzada da base de clientes.

Para os analistas do Bank of America, a combinação entre as duas empresas poderia criar “a força brasileira dominante em roupas, sapatos e acessórios femininos de luxo, com consideráveis sinergias digitais, comerciais e administrativas”. Por outro lado, o banco via riscos culturais na transação e provável oposição de acionistas do Grupo Soma a uma oferta da Arezzo.

“Independentemente do resultado, o varejo de moda brasileiro permanece altamente fragmentado e continuamos a reconhecer uma ampla gama de oportunidades inorgânicas de alta qualidade, capazes de permitir que a Arezzo se expanda para roupas femininas e mantenha nossa recomendação de compra sobre as ações”, escreveram os analistas.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados