Natura&Co: por que subsidiária pediu RJ? Dúvida faz NTCO3 cair 8,8% e ofusca 2T24

No geral, números do balanço foram vistos como positivos, mas há questões sobre Chapter 11 da Avon Products

Equipe InfoMoney

(Foto: REUTERS/Adriano Machado)
(Foto: REUTERS/Adriano Machado)

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As ações da Natura&Co (NTCO3) tiveram forte recuo nesta terça-feira, após a fabricante de cosméticos reportar na véspera aumento no prejuízo no segundo trimestre, além de pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos da subsidiária não operacional Avon Products (API), da qual é a maior credora.

Os papéis da fabricante de cosméticos perderam 8,85%, a R$ 14,93, na B3, na sessão desta terça, após chegarem a cair mais de 10% na mínima do dia.
De acordo com a empresa, a “reestruturação voluntária da API, que torna improvável continuar a reconhecer os ganhos obtidos com a otimização da estrutura corporativa da Avon, originalmente contabilizados no segundo trimestre de 2021”, teve um impacto negativo de R$ 725 milhões no resultado.
Desse modo, a companhia registrou prejuízo líquido de R$ 859 milhões, um aumento de 17,4% ano a ano. Excluindo esse efeito, teria apurado lucro de R$ 162 milhões.
O resultado operacional medido pelo Ebitda ajustado, contudo, cresceu 14,2%, para R$ 803,5 milhões, enquanto a margem nessa métrica passou de 10,1% para 10,9%. A receita líquida aumentou 5,4%, para R$ 7,35 bilhões.
Na visão do analista João Pedro Soares, do Citi, o desempenho da companhia no segundo trimestre foi positivo e mostrou a Avon Brasil e América Latina já à beira de uma inflexão.
“No entanto, acreditamos que esses pontos positivos devem ser ofuscados pelo inesperado pedido de Chapter 11 da API e o consequente adiamento do spin off da Avon. Para nós, ainda não está claro o porquê da necessidade deste acordo”, afirmou em relatório enviado a clientes nesta terça-feira.
A Natura&Co disse que pretende apoiar as atividades da Avon ao longo do processo de reestruturação, comprometendo-se a fornecer um financiamento de US$ 43 milhões na modalidade DIP (debtor-in-possession) e fazer uma oferta de US$ 125 milhões para adquirir as operações da Avon fora dos EUA.
Para analistas do JPMorgan, o anúncio envolvendo a API é um movimento relevante em direção a uma solução para a drenagem de caixa causada pelos processos de talco de amianto nos EUA, que é um problema herdado pela Natura das operações norte-americanas da subsidiária.
“Portanto, recebemos positivamente a notícia e a vemos como um potencial gatilho positivo de ações, fornecendo melhor visibilidade em direção a uma solução para o problema do talco”, afirmaram Joseph Giordano e equipe em relatório a clientes.
“Ainda assim, embora acreditemos que seja possível resolver o problema do talco limitando uma saída de caixa de US$ 43 milhões adicionais, achamos que um resultado final pode não ser tão simples assim e acreditamos que há muita água para correr debaixo da ponte”, acrescentaram.
Na visão de analistas Pedro Pinto e João Andrade, do Bradesco BBI, na frente operacional, a Natura&Co teve um desempenho decente da receita bruta, impulsionado principalmente pelo bom e saudável crescimento na Natura Brasil, enquanto a Avon foi fraca, mas não muito longe das expectativas.
Em relação ao Chapter 11 da API, avaliaram que, se aceito, pode limitar as responsabilidades legais da Avon Internacional. “Também reconhecemos, no entanto, que os resultados permanecem poluídos, sendo altamente ajustados, o que pode minar até certo ponto a confiança dos investidores nas tendências subjacentes.”

Já para a XP, se esse pedido de Chapter 11 for aceito pelo tribunal, há duas alternativas: (i) a Natura&Co fica com a Avon International sem nenhum risco de litígio; ou (ii) outra empresa supera a Natura e fica com a Avon Intl. deixando a Natura apenas com a NTCO LatAm.

(com Reuters)