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Números ainda considerados mistos, mas apontando melhora nas tendências, levaram as ações da Natura &Co (NTCO3) a saltarem nesta terça-feira (9) ,após o resultado do primeiro trimestre de 2023 (1T23). Nesta terça-feira (9), as ações subiram 15,08%, a R$ 12,97, em um movimento de recuperação após a queda de cerca de 16% em abril, na sequência da venda da Aesop.
A companhia de cosméticos apresentou prejuízo líquido de R$ 652,4 milhões no primeiro trimestre de 2023, com leve alta de 1,4% em relação ao prejuízo de 12 meses atrás.
O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado ficou em R$ 841,7 milhões, alta de 41,3% em relação ao mesmo período de 2022. Já a Receita líquida teve queda de 2,8% e ficou em R$ R$ 8,021 bilhões.
Em moeda constante, houve alta de 3,4% na receita. Esse crescimento foi puxado pelo desempenho das operações da América Latina e da Aesop (cuja venda foi fechada em abril) e parcialmente compensado pelos desafios na The Body Shop e, em menor grau, na Avon International. Excluindo a Aesop, a receita líquida consolidada totalizou R$ 7,3 bilhões, crescimento de 2,2% em moeda constante e queda de 3,8% em reais na comparação anual.
Para a XP, os números foram melhores do que os de períodos anteriores, mas ainda assim mistos, com expansão de margem bruta em todas unidades de negócio sendo destaque, assim como a dinâmica sólida de produtividade, mas com queda na base de representantes por conta de ajustes e receita pressionada na The Body Shop (TBS).
A margem bruta foi o principal destaque, subindo 3,7 pontos percentuais (p.p.) na base consolidada, puxada por todas unidades de negócio, exceto Aesop, decorrente principalmente de preço e mix de produto, o que combinado a menores despesas corporativas, mais que compensaram a desalavancagem operacional da TBS e o ciclo de investimentos de Aesop. Os analistas da XP mantêm a recomendação de compra para ação, com preço-alvo de R$ 22 por ação.
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Em teleconferência, o presidente-executivo da Natura&Co, Fábio Barbosa, afirmou que 2023 dever ser mais um ano desafiador, mas que os números do primeiro trimestre do ano sinalizam que a empresa está na direção correta.
“Nossas prioridades estratégicas estão aqui e os primeiros resultados nos dão a confiança de que estamos no caminho certo”, afirmou o executivo.
Guilherme Strano Castellan, CFO, apontou que a companhia espera ter uma expansão novamente das margens, mas que, provavelmente, não será da mesma magnitude.
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“Tivemos um trimestre importante desse ponto de vista, com expansão nas principais marcas. Tem sido um foco da nossa equipe. Estamos aumentando preços para mitigar o ambiente inflacionário desafiador e as pressões adicionais”, falou o executivo. “Primeiro trimestre ainda teve um efeito de carry over do aumento de preço de 2022. Nossa equipe está de olho em aumentar preços ao longo deste ano, em alguns produtos específicos, para proteger margens”.
Barbosa projetou ainda a aceleração da integração da Natura e Avon na América Latina, com simplificação da estrutura de capital. “Além disso, a venda da Aesop liberará uma quantia significativa, que permitirá investir e gerar valor para os nossos acionistas”, mencionou. “Embora 2023 seja outro ano desafiador, nossas prioridades estratégicas são claras e nossas ações nos deixam confiantes que teremos um resultado positivo, com melhor fluxo de caixa e Ebitda”.
Para o Itaú BBA, a receita líquida foi ligeiramente abaixo de sua projeção, mas com Ebitda ajustado superando sua expectativa em 16%, ainda que com um prejuízo bem pior do que esperava.
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A margem bruta mostra uma tendência positiva que o banco também acredita que deva continuar vendo à frente (embora em menor escala). Como resultado, a margem Ebitda ajustada apresentou crescimento de 3,3 pontos percentuais (p.p.) na base anual (com destaque para Natura & Co LatAm). No entanto, as despesas financeiras mais altas de 1,6 ponto em relação ao ano anterior, como porcentagem da receita líquida, prejudicaram o número do lucro.
Do lado negativo, a pior dinâmica do capital de giro contribuiu para uma queima de caixa de R$ 2 bilhões no trimestre (contra uma queima de R$ 969 milhões no 1T22).
A marca Natura segue como destaque, com vendas crescendo 25% no Brasil, impulsionadas pelo volume e aumento de 20% na base anual na produtividade dos representantes de vendas. No lado oposto, a marca Avon na América Latina Hispânica apresentou uma queda de 25% no número de representantes de vendas.
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Castellan, CFO da Natura, apontou na teleconferência de resultados que o consumo na América Latina, está mais brando no momento, mas que acompanha o cenário macro e, se ele continuar desafiador, pode haver mudanças.
“Maiores despesas financeiras devido ao maior endividamento bruto e maiores taxas de juros serão equacionadas com a venda da Aesop”, destaca o BBA, que possui recomendação outperform (desempenho acima da média, equivalente à compra) para os ativos.
O JPMorgan, que possui recomendação overweight (exposição acima da média) para NTCO3, avalia que, ainda que os resultados estejam pressionados, eles foram significativamente melhores do que suas expectativas e do consenso em uma base ajustada.
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“Também é importante sinalizar que a empresa foi um pouco mais aberta sobre sua estratégia e perspectiva de curto prazo”, avalia.
Contudo, ainda vê uma persistência da tendência negativa em torno das ações NTCO3 devido a 1) risco de volatilidade na receita à medida que a integração e recuperação da Avon se aceleram; 2) o volume de ajustes ao nível do Ebitda continua elevado – cerca de R$ 80 milhões no trimestre, apesar da maior visibilidade; e 3) alta alavancagem e nenhuma melhoria material no trimestre para consumo de caixa como as vistas no 4T21, que é explicado principalmente pelo maior crescimento no Brasil, traduzindo-se em contas a receber mais altas e acúmulo de estoque -antes do Dia das Mães – segundo ciclo mais relevante após o Natal. Contudo, o CFO da Natura minimizou as preocupações sobre o estoque na teleconferência.
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O JPMorgan aponta que, “nesse contexto, vemos uma empresa que avança rapidamente em iniciativas de redução de custos e maior eficiência, com resultados provavelmente melhorando significativamente com melhor fluxo de caixa livre no ano, enquanto a venda da Aesop (a ser concluída no 3T23) provavelmente eliminará as despesas financeiras da empresa”, avalia.
Na teleconferência de balanço, Guilherme Strano Castellan, CFO da companhia, disse que, quanto à alavancagem, a empresa tem ciência de que está muito disciplinada nos investimentos, do ponto de vista da estrutura de capital.
O executivo falou que o foco no curto prazo é continuar a trabalhar para melhorar rentabilidade e maximizar o Ebitda. A estrutura de capital ótima, segundo ele, é de uma alavancagem de 1,5 vez.
Já sobre a integração, João Paulo Ferrreira, diretor executivo para LatAm, apontou que os primeiros números da Avon e da Natura na América Latina estão muito animadores. “Vimos bons números no Peru. Isso nos dá a confiança de lançar também o programa na Colômbia. No Brasil, estamos de olho em como será o resultado e o plano é lançar as mudanças no segundo semestre”, explicou.