“Não vejo porque a B3 não aderir”, diz CEO da Vórtx sobre criptoações no Brasil

A Vórtx QR Tokenizadora é a primeira empresa com aval da CVM para emitir valores mobiliários em blockchain

Paulo Barros

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A tokenização é o futuro dos investimentos no mundo e, eventualmente, a B3 deverá aderir à tecnologia para criar o que se chama de criptoações. A opinião é de Juliano Cornacchia, CEO da Vórtx QR Tokenizadora, a primeira empresa aprovada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para emitir valores mobiliários tokenizados no Brasil.

Em entrevista ontem durante participação no Cripto+, o executivo falou sobre sua visão para o mercado de tokenização no país, reiterando que as primeiras emissões da Vórtx na semana passada (debêntures do Itaú e cotas de um FIDC de Bitcoin) foram apenas o começo de uma revolução dos investimentos com uso de blockchain.

“Todas as bolsas mundo afora e mercados de balcão organizados vão olhar para essa tecnologia como um caminho novo, que é tão segura quanto uma depositária central, infinitamente mais barata e fácil de escalar. É a gente sair do servidor físico para uma AWS [serviço de armazenamento em nuvem da Amazon]”, avaliou.

Cornacchia julga como natural que a B3 demore mais tempo para adotar a blockchain, mas que é um caminho sem volta: eventualmente, acredita, todas as ações na bolsa brasileira serão negociadas em forma de tokens. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comentou sobre o tema ontem durante participação em evento promovido pelo Valor Capital Group, afirmando que “o que está no centro do debate é o movimento de ‘tokenização’, que pode negociar coisas na forma de ‘tokens”.

Tokenização é o ato de criar um ativo digital que representa outro ativo, seja digital ou real, por meio da emissão de tokens em uma blockchain. A tecnologia é apontada como inovadora, entre outros fatores, porque dispensa intermediários e ajuda a derrubar custos administrativos para emissão de contratos, barateando produtos de investimento para o usuário final.

A Vórtx atua hoje no âmbito do Sandbox da CVM, uma espécie de laboratório experimental com regras próprias e ambiente controlado pela autarquia.

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“Os mercados [de ações] são bastante seguros, com uma infraestrutura muito parruda, mas, de certa forma, baseados em uma tecnologia antiga”, conta. “[A tokenização] é uma tecnologia que vem para disruptar o mercado inteiro. Em dando certo o experimento [da Vórtx], não vejo porque a B3 não aderir”.

Uma das proposições de valor da tokenização é a eliminação de intermediários. Enquanto do jeito tradicional o investidor deve criar uma conta em uma instituição financeira que, por sua vez, irá de fato operar na B3 para negociar em nome do titular da conta, o modelo de tokens permite ao interessado fazer a aquisição direta do valor mobiliário.

Além de delegar a tarefa para um terceiro, o modelo em vigor deixa o investidor no escuro quanto as regras para negociar certos ativos, o que contribui para problemas de liquidez em certos mercados. Por esse motivo, explicou o CEO da Vórtx, a tokenizadora começou com produtos que tradicionalmente têm mais problemas de liquidez, como debêntures e FIDCs

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Embora ainda não faça parte dos experimentos da CVM, a plataforma da Vórtx também já está pronta para permitir que o usuário tenha a posse direta dos tokens em uma carteira digital – assim como já ocorre com as criptomoedas, investidores brasileiros poderão, no futuro, ter a possibilidade de possuir diretamente cotas de fundos, criptoações e outros investimentos em uma wallet para negociação em mercados secundários.

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Paulo Barros

Jornalista pela Universidade da Amazônia, com especialização em Comunicação Digital pela ECA-USP. Tem trabalhos publicados em veículos brasileiros, como CNN Brasil, e internacionais, como CoinDesk. No InfoMoney, é editor com foco em investimentos e criptomoedas