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No primeiro episódio da segunda temporada do Mapa Mental, no canal GainCast, Danielle Gurgel, formada em biologia com especialização em neurociência e comportamento, explica as influências e o prepara para tomada de decisão.
Ela atua no mercado financeiro desde o início dos anos 2000, é criadora do neuro tranding experience, e é também trader e analista.
“A gente nasce com essas redes que nós chamamos de emoções. São tecnologias chamadas emoções que têm a função de fazer o ser humano haja”, explica ela.
Emoção o tempo todo
“A gente tem a sensação de que a emoção só está acontecendo quando a gente a sente muito. Mas não. Ela está acontecendo o tempo todo”, ressalta.
A neurotrading cita a emoção porque ela integra a nossa rede neural e é um item importante a ser reconhecido e identificado pelo trader. O sentimento de raiva é uma das emoções humanas.
“A raiva que o operador sente (quando perde) é mais do que legítima. Tiraram um negócio dele. Ninguém suporta perder. Invoca em nós o que tem de pior. Não tem como bloquear isso”, destaca. “Mas o conceito de perda para cada um tem um jeito”, afirma.
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Entender para mudar
Para Danielle Gurgel, é importante entender o que se passa porque ele dá significado para mudar. “Alguns mudam, outros não”, reconhece.
“Estamos falando de situações normais da vida de um operador. Nesse cenário, essa pessoa vai estar sob jurisdição da força bruta. Como a gente tem que mexer nessa força? Só através de outra força bruta”, diz.
“A gente tem muitas forças brutas. A gente só manipula ela com outra, que seja tão forte quanto. Só que se entende que isso é quase como se a gente construísse uma teia dentro de nós: estou fazendo uma matemática a minha cabeça para que uma nova estrutura saia. E isso requer treinamento”, explica ela como se segue caminhos preestabelecidos (a força bruta), mas que é possível alterá-lo.
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Antecipar o pior
“O treinamento mental não é hábito”, define. “É uma força bruta que faz o cara ter raiva. O que eu consigo fazer? Perceber e antecipar quando vai acontecer. Então, não é durante a ação, não é durante o evento acontecendo. O seu plano é antes. Se eu sei que algo vai acontecer, eu vou ter um plano para que não aconteça”, ensina.
“Vamos supor que esteja ganhando mil reais (no trade). Vamos imaginar que 1 mil reais seja um número bom para aquele trader. Se fosse um cara preparado, pararia já porque o valor é relevante”, exemplifica.
“Mas vamos supor que o trader esteja na excitação (porque ganhou) e quer fazer mais uma operação. Só que está fazendo isso sem nenhum preparo prévio. No fundo, não deveria fazer. O quanto estou disposto a apostar? Percebe que estou agora usando a palavra aposta. O significado das coisas tem que estar muito claro. Não fiz nenhum preparo para essa nova operação – trata-se agora de uma aposta”, comenta.
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Treine para o risco
“Simplesmente, disse que ia fazer um trade porque hoje ia ganhar, é um dia de sorte. Não fez um acordo prévio. Se não for um cara muito treinado, vai fazer o segundo trade. E pode perder tudo”, diz. “A perda certa é tão aversiva, que faz a pessoa assumir mais risco”, ressalta.
Para Danielle Gurgel, para mexer nisso, tem que construir uma rede. “Uma rede que dê tanto medo disso acontecer, que ela te paralise. Se previamente já sabe que se perder 20%, 30%, pode ficar louco, então não faça. Mas como não fazer? Treinar antes, não na mesa de operações. A mesa é um campeonato, não é treino”, diz.
“Treinamento mental não é uma coisa usual porque é as pessoas acham que pensar é banal. Ninguém está acostumado a pensar: vou colocar minha cabeça onde eu quero. Se ele não treinar, ele não vai controlar”, afirma.
“Trade é ciência? Ciência é que se lida com a cabeça no trade, mas quanto ao trade em si não é ciência. Mas não vai se fazer trade jogando dados. É importante estudar análise gráfica ou análise de fluxo”, ressalta ela para aqueles que ingressam no mercado financeiro sem preparo, sem consciência de possível perda e da necessidade de ter um importante gerenciamento de suas operações.