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Augusto César Barreto Rocha é empresário, diretor da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas, professor do Programa de Doutorado em Biotecnologia da Universidade Federal do Amazonas
O mundo corporativo entrou na Era das Decisões Rápidas, depois de ter superado as eras da Burocracia e da Meritocracia. Mais que ter o mérito, o presente está associado ao modelo de adhocracia, onde a liderança alterna e se dá pelo conhecimento técnico e capacidade de realizar riqueza. Há uma mudança na natureza do trabalho, pois não há mais comando e controle centralizados, como se fazia.
Cerca de metade das empresas da S&P 500 serão substituídas nos próximos 10 anos. Em 1990 isso demorava 20 anos. A velocidade que as empresas crescem e encolhem dobrou nos últimos anos, segundo análise da Accenture e este processo não arrefecerá. Existe um mundo de oportunidade para colocarmos empresas brasileiras neste universo, por meio das tecnologias associadas à saúde, que é um dos mercados que mais crescem no mundo, por conta da longevidade das pessoas e do envelhecimento populacional, demandando mais e mais fármacos.
O alvorecer do desenvolvimento da Amazônia não acontecerá por processos formais, pois estes somente favorecem às melhorias graduais. O que precisamos é um salto exponencial do praticamente nada que se tem hoje de produção industrial associada à biotecnologia da região para um volume enorme de inovações se quisermos produzir riqueza verdadeira e afastada do patrimonialismo que nos assusta ou do extrativismo natural, que nos mantem como colônia desde sempre.
Nos EUA, há o NASDAQ Biotechnology Index, com 162 empresas especificamente associadas a este setor. O capital de risco tem feito a inovação mundo afora. Assim surgiu a Ford, Microsoft, Google, Amazon e Facebook. A exploração dos recursos da região Amazônica está excessivamente e regulada e travada, de tal forma que nada pode ser realizado dentro da lei. Somente teremos desenvolvimento na região quando quantidades expressivas de capital de risco for trazida para empreendedores locais, a exemplo do que aconteceu com o Henry Ford, Bill Gates, Jeff Bezos e outros. Jamais teremos nossos empreendedores locais, sem o Venture Capital dos capitalistas globais.
Estamos no Brasil em um sono eterno, dormindo em berço esplêndido, porém com um sono recheado de pesadelos, assolados por um potencial de riqueza que nunca se transforma em riqueza real.
É necessário que despertemos para a vida e para a diversidade de riqueza que pode ser gerada com os recursos naturais que possuímos.
Segundo dados da ABDI, os EUA são o país líder na produção científica deste setor, produzindo de 29 A 49% das publicações científicas da área. Nossa produção cientifica em geral está entre os 25 primeiros lugares, ou seja, bem longe do líder. As propriedades intelectuais são dominadas por grandes laboratórios estrangeiros. Um olhar empreendedor deixa claro: que bom, pois há muito por onde crescer, mas isso não acontecerá sem venture capital. Não faremos isso por decreto ou por hélices triplas mal pensadas.
É necessária a criação de facilidade para atrair grandes corporações com seus cientistas, com liberação fácil e rápida das licenças ambientais, com pesadas punições em caso de qualquer dano ambiental. Aliar isso a uma obrigatoriedade de uso do sistema local de inovação (Universidades, Institutos de Pesquisa, Laboratórios etc.) traz um caminho para esta transformação. Precisamos começar a errar neste setor e somente assim será possível fazer algo. Até hoje temos acertado na proteção, mas não temos feito nada de expressivo para o aumento da riqueza do país com este patrimônio trancado que é a Amazônia. É chegada a hora de uma Plataforma de Inovação, onde grandes empresas interajam com nossos centros de pesquisa e produtores locais. Tudo isso associado a capital de risco e a oportunidade de abrir capital nas bolsas de valores brasileiras, por meio de um BOVESPA NanoBiotecnologia, poderá criar atração de capital interessante para a região e para o país.
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