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Colunista convidado, Mário Marinho, jornalista
O futebol mundial vive o seu momento mais escandaloso e delicado em mais de 120 anos de competições organizadas.
Sem dúvida alguma também a maior oportunidade de passar sua história a limpo e garantir um futuro mais transparente, mais honesto e evitar que essa sujeira de fora entre em campo.
Não que dentro de campo ande tudo às mil maravilhas, já que volta e meia são descobertas maracutaias em torno de resultados de jogos.
Mas as investigações não podem ser apenas oportunistas.
Romário, hoje senador e que foi um dos mais ativos deputados federais na legislação passada, já conseguiu o número de assinaturas necessárias para a instalação de uma CPI que se propõe a investigar a CBF, seus patrocinadores, a realização de jogos da Seleção Brasileira, as copas da Confederação e do Mundo realizadas aqui no Brasil.
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É oportuno, como disse acima, que se abram investigações.
As CPIs, infelizmente, pelo seu passado, não recomendam. Tornam-se palcos, vitrines para políticos aparecerem na mídia e, mostram a história, terminam em pizza.
Lembro-me da CPI instalada em 2000 para apurar possíveis irregularidades nas relações da Nike com a CBF. Foi rumorosa, pois ainda estávamos sob o impacto da perda da Copa de 1998, na França, e a convulsão do Ronaldo, Fenômeno, minutos antes da final.
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Zagallo foi chamado a prestar depoimento e um deputado insistiu em perguntar-lhe quem era o encarregado de marcar Zidane que marcou dois gols de cabeça na nossa derrota por 3 a 0.
Mas, isso é assunto para se discutido numa CPI?
O fato de o Brasil ter sido escolhido como sede não me parece ter a menor importância para uma investigação.
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Afinal, a escolha, em 2007, era óbvia: o Brasil foi o único país que se inscreveu, numa época em que a Fifa fazia rodízio de continente. Era a vez da América e nada mais natural que o escolhido fosse o Brasil.
As construções de estádios, obras de infraestrutura prometidas e nunca acabadas – algumas nem saíram do papel -, possíveis superfaturamentos esses sim são assuntos que devem ser investigados.
Assim como a relação pessoal de cartolas com patrocinadores, enriquecimentos pouco transparentes ou até inexplicáveis, mordomias em troca de votos – tudo isso deve ser passado a limpo.
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Como o exemplo vem de cima, o futebol em campo deveria se espelhar na honestidade de seus dirigentes.
É o que acontece também na vida dos cidadãos brasileiros: que tal passar a política a limpo para que possamos mirar nesse espelho?
É possível?