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O Ontario Teachers’ Pension Plan (OTPP), fundo de pensão do Canadá e um dos acionistas controladores da Multiplan (MULT3), informou à operadora de shoppings sua intenção de vender toda a sua participação acionária na companhia brasileira. A OTPP detém atualmente 111,3 milhões de ações da Multiplan, representando 18,52% das ações. Com essa intenção de forte saída, analistas veem alguma volatilidade no curto prazo para MULT3 (as ações tinham leve queda no início da sessão), mas sem risco de diluição da base de acionistas.
O fundo já reduziu sua participação em 8,9% em abril, mas agora todas as ações restantes estão sujeitas ao acordo de acionistas com controlador Multiplan Participações (MPAR), que possui 21,03% das ações MULT3 e é controlado pelo fundador, “o que deve desacelerar significativamente seu movimento de saída, dadas as condições mais rigorosas do acordo”, diz a XP Investimentos.
Segundo a XP, essa condição deve limitar significativamente o risco de diluição da base de acionistas da Multiplan, com a Multiplan Participações provavelmente mantendo uma posição de controle.
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No entanto, a instituição financeira acredita que o anúncio cria uma volatilidade para as ações, dadas as incertezas em relação às condições de saída da OTPP, o que poderia ter um impacto negativo sobre as ações no curto prazo, embora não veja um impacto sobre os fundamentos e mantém recomendação de compra e preço alvo de R$ 35 por ação.
O Goldman Sachs explica o acionista controlador MPAR tem um acordo de acionistas controladores com o OTPP que lhes dá o direito de primeira oportunidade para adquirir a participação do OTPP. A MPAR tem 90 dias para exercer esse direito de primeira oportunidade com base em determinadas condições de preço e pagamento. Após aceitar a oferta, a MPAR teria até 60 dias para adquirir as ações com base nos termos da oferta. Caso a MPAR decida não prosseguir com a oferta, o OTPP tem o direito de encontrar um comprador terceiro. Dito isso, o OTPP deve apresentar qualquer oferta recebida de um terceiro à MPAR; a MPAR teria então 30 dias para informar ao OTPP se pretende igualar os termos da oferta.
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O Goldman Sachs mantém classificação de compra para a Multiplan com um preço-alvo de R$ 32.
O Itaú BBA, por sua vez, comenta que embora esta evolução possa desencadear uma reação negativa por parte dos investidores, enxerga nela uma oportunidade interessante para desbloquear valor.
Nesse sentido, analistas do BBA assumem dois cenários: o primeiro é que a Multiplan compre a participação da OTPP através de uma recompra, e o segundo é que a MPAR (o veículo de investimento do fundador) compre a fatia da OTPP e a Multiplan pague um dividendo extraordinário.
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De acordo com BBA, ambos os cenários têm o potencial de desbloquear um valor significativo de 7% a 11% no múltiplo de P/FFO (Preço/fluxo de caixa proveniente de operações) para 2025 e 2026. Entretanto, o banco avalia que há uma chance maior e um risco positivo para o último cenário (compra de MPAR) porque permitiria à família Peres aumentar sua participação na empresa de 25,2% para 43,7% e poderia abrir espaço para dividendos maiores para permitir uma desalavancagem mais rápida do MPAR. O BBA reitera a classificação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e a empresa como a principal escolha no segmento de shoppings.
Já o Bradesco BBI não vislumbra nenhum impacto significativo de curto prazo nas ações Multiplan, com a probabilidade de um cenário neutro para positivo superando significativamente a probabilidade de um evento negativo para os detentores do papel. Além disso, o banco disse ter a impressão de que a decisão de venda da OTPP foi desencadeada pelas dificuldades de investimento do fundo de pensão no Canadá, não necessariamente relacionadas a quaisquer dúvidas sobre os fundamentos da administradora de shoppings.
Com base nisso, o BBI aponta que os próximos passos dependem basicamente da decisão da família Peres de aceitar o preço pedido pela OTPP (ainda não divulgado). Se isso ocorrer, analistas veem alternativas que vão desde: 1) dividendos extraordinários para ajudar a família Peres a cumprir suas obrigações; 2) discussões sobre a disposição dos Peres de reduzir a participação de sua família pós-acordo de 43% (não necessariamente de uma só vez) e 3) combinação desses cenários, com possibilidade de utilização de patrimônio pessoal e limitação de utilização de ações ou balanço da Multiplan.