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O resultado positivo apresentado pela Multiplan (MULT3) fez as ações da operadora de shoppings fecharem com alta de 4,07%, a R$ 24,01, na sessão desta sexta-feira. Os ganhos de hoje também compensam a queda de 3,19% dos papéis na sessão de ontem, motivada, principalmente, pela repercussão da reforma tributária.
Parte do mercado considera que as novas regras fiscais, que serão implementadas apenas em 2026 e 2027 gradualmente até 2033 em relação aos shoppings, podem impactar negativamente o setor. Essa é a visão do Itaú BBA, mesmo considerando ainda cedo para avaliar, uma vez que ainda há falta de visibilidade no cálculo de redução tributária e possibilidades de alteração na proposta. Na análise sobre os resultados da Multiplan, o banco destacou que a nova regulamentação poderia implicar em um aumento de 5 pontos percentuais na taxa de imposto, o que se converteria em uma queda de 10% do fluxo de caixa operacional (FFO em inglês, principal métrica para o setor). Os analistas consideram que a queda das ações de ontem reflete o potencial impacto das alterações fiscais propostas.
O Bradesco BBI, contudo, considerou a reação dos papéis do setor na véspera como exagerada e antecipa que o impacto da reforma tributária pode ser pequeno ou, até mesmo, desconsiderado. Para além do potencial aumento da taxa sobre a receita bruta, o banco considera que o desafio será a capacidade de repasse do imposto para aluguéis de varejistas. O vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Multiplan, Armando d’Almeida, concorda com a visão de que o impacto não parece ser negativo, em primeira análise.
“Eu acho que essa interpretação é muito prematura ainda para saber com todos os dados, até porque tem uma série de outros pontos, por exemplo, sobre financiamentos, que vai se creditar coisa que não se creditava antes, deixa de pagar PIS/Cofins sobre receita financeira para quem tem lucro real, tem coisas complexas a serem analisadas que é muito cedo para dizer”, considera
O executivo não vê que a reforma será prejudicial e considera que é possível que o regramento seja neutro. Em sua análise, a simplificação da reforma deveria gerar um estímulo à economia que pode ser positivo. E, caso contrário, as medidas facilitadoras que seriam tomadas em relação aos lojistas com maior dificuldades em vendas, por exemplo, não seriam muito diversas das observadas em um período de recessão, por exemplo.
Resultados superaram expectativas
Os resultados foram vistos por analistas como fortes, considerando o fluxo de caixa operacional (FFO em inglês, principal métrica do setor) de R$ 328 milhões, com alta de 21% em relação ao ano anterior.
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Segundo o JPMorgan, o número foi impulsionado por forte crescimento em serviços e outras receitas, refletindo parceiras do MultiApp. Na análise, o banco destaca positivamente a taxa de ocupação (com crescimento de 1% ano a ano), a alta de 10% da receita total, o Ebitda maior que o esperado e a taxa efetiva de impostos bem abaixo das projeções. Apesar de considerar as despesas administrativas acima das expectativas e a margem Ebitda menor que o esperado, a expectativa era de reação positiva do mercado pela superação das expectativas.
O Goldman Sachs destacou que o impacto dos aluguéis mais baixos do que o esperado foi mitigado por outras linhas de receita e que devem-se ao efeito negativo do indexador. Ainda assim, o banco destacou que os custos de ocupação mais baixos reportados abrem espaço para crescimento futuro dos aluguéis da companhia. A recomendação do Goldman é de compra.
A XP considerou os dados como “um conjunto forte de resultados”, com FFO ajudado por incentivos fiscais da distribuição de Juros sobre Capital Próprio (JCP), menores despesas financeiras e sólida desalavancagem.
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Apostas da Multiplan
Sobre os resultados do primeiro trimestre de 2024, o CFO considera que o momento é de “celebração” da maior produtividade já apresentada pela Multiplan.
“Os resultados entregues nunca foram tão expressivos como são, até de novo em margens e fazendo isso à medida que a gente está investindo para crescer. Apresentamos esses resultados investindo em sete expansões, do qual três estão em construção, quatro já foram efetivamente anunciadas”, considera o executivo.
Dentre as conquistas mencionadas, estão a devolução para acionistas em R$ 124 milhões de reais, investimentos na casa de R$ 140 milhões e a desalavancagem da companhia para 1,32 vezes a dívida líquida sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês).
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A companhia aposta em três pilares: reinvestimentos, expansões e digitalização. No primeiro pilar, a Multiplan tem realizado revitalizações em diversos shoppings, como o New York City Center, no Rio de Janeiro, que apresentou vendas 42% superiores (trimestre a trimestre) e alta no aluguel.
No segundo pilar, a busca por expansões tem sido uma característica presente na história da companhia, que celebra 50 anos de existência em 2024. Na prática, isso significa menos unidades mas com maior relevância em cada cidade, com novas operações e segmentos para cada empreendimento. A terceira estratégia da companhia é a busca por digitalização, presente no aplicativo Multi, que, em um ano de existência, conta com 2,5 milhões de usuários e 21 milhões de utilizações. O aplicativo une fidelização e pagamento de estacionamento de forma simplificada.
A iniciativa veio de dificuldades do uso de tags para pagamentos em algumas situações e busca facilitar o pagamento via aplicativo, com utilização de leitura da placa do veículo. Na frente do programa de fidelidade, a proposta é de acumulação e troca de pontos por prêmios e facilidades, como ingressos para shows exclusivos.