Multilaser (MLAS3): ‘Produtividade do Brasil praticamente não cresce há 40 anos’, diz CEO

Alexandre Ostrowiecki participou de live do InfoMoney e falou sobre aumento dos juros, corte de IPI e concorrência desleal

Renan Crema

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O atual cenário macroeconômico nacional, com aumento da inflação e dos juros, é o principal motivo de preocupação para a Multilaser (MLAS3). “Essa subida dos juros é muito preocupante porque segura investimentos, retrai o consumo e a economia como um todo”, disse o CEO da companhia, Alexandre Ostrowiecki, em live do InfoMoney.

O executivo ressaltou que o Brasil está há quase 40 anos com pouco crescimento em termos de produtividade, o que faz com que o país vá ficando para trás em comparação aos outros países. “Salvo engano, de todas as economias do mundo, com exceção da Venezuela e outras poucas nações, o nosso país foi o que menos cresceu no planeta Terra desde a Constituição de 1988.”

A live faz parte do projeto Por Dentro dos Resultados, em que o InfoMoney entrevista CEOs e diretores de importantes companhias de capital aberto, no Brasil ou no exterior. Eles falam sobre o balanço do quarto trimestre de 2021 e sobre perspectivas. Para acompanhar todas as entrevistas da série, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.

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Entre os gargalos que atrapalham a alavancagem da produtividade, o executivo citou como exemplos a burocracia, determinadas questões trabalhistas e fiscais e “regras que mudam o tempo todo”. Para Ostrowiecki, esses fatores assustam empresas globais, que, por sua vez, têm receio de se instalar no Brasil e enfrentar “essa selva jurídica e tributária”.

Dentro desse cenário, a Multilaser encontrou espaço para fechar parcerias e diversificar seus produtos. A empresa, conhecida por fabricar e comercializar produtos de tecnologia, como teclados e mouses para computadores, recentemente adquiriu uma fábrica de motocicletas elétricas em Manaus (AM), com previsão para início de produção no segundo semestre de 2022, entrou no mercado pet e tem planos de ingressar também no mercado de drones.

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Segundo o CEO, a Multilaser lança 5 novos itens por dia e conta com um portfólio de 6 mil produtos. “Há uma rotatividade muito grande. A cada 1.000 novos produtos lançados, descontinuamos uns 500 a 600 itens. A conta é sempre positiva.”

Risco de desabastecimento

Ostrowiecki afastou um risco de desabastecimento como o que aconteceu na cadeia de suprimentos de tecnologia ao longo do segundo semestre de 2020 e do primeiro semestre de 2021, embora o surgimento de novas variantes da Covid-19 na China levante um sinal de alerta.

Entretanto, o executivo chamou a atenção para a alta nos custos de produção e importação de componentes eletrônicos nesse período. O frete marítimo, segundo ele, ficou 13 vezes mais caro, o dólar, que agora vem dando sinais de arrefecimento, chegou a subir 40% e o preço dos insumos praticamente dobrou, o que levou a Multilaser (e a indústria como um todo) a precisar repassar preços ao consumidor.

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De acordo com ele, ao longo do primeiro trimestre de 2022 a situação parece dar sinais de reversão, com o dólar cedendo, uma estabilização nos preços dos componentes e iniciativas anunciadas pelo governo federal, como a redução no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e uma medida editada para reduzir a taxa dos fretes marítimos.

O CEO da Multilaser comentou ainda sobre a “concorrência desleal” praticada por algumas empresas do setor de varejo, principalmente chinesas. “Existem certas brechas que algumas empresas têm explorado para mandar produtos ilegalmente com notas subfaturadas. O mercado formal tem regras iguais para todos, mas isso não é licença para cometer ilegalidades”, disse.

O executivo também falou sobre as iniciativas ESG desenvolvidas pela Multilaser, possibilidade de novas aquisições e revelou se a empresa pode começar a explorar a venda de produtos para as classes A e B. Assista à live completa acima, ou clique aqui.

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