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A sessão foi de queda no geral para as ações de construção civil na B3, com mais um dia de avanço nas taxas dos principais contratos de juros futuros, em um movimento alinhado ao avança nos rendimentos dos Treasuries (títulos americanos).
A baixa foi ainda mais expressiva para as ações da MRV&Co (MRVE3), que fechou com perdas de 10,08%, a R$ 8,30, no pregão desta quarta-feira (18), também repercutindo a divulgação da sua prévia operacional do terceiro trimestre de 2023 (3T23).
A MRV&Co, que contempla os números das marcas MRV e Sensia, teve lançamentos do 3T23 a R$ 1,8 bilhão (aumento de 3% em base anual e 41% no comparativo trimestral) para MRV Brasil, com ticket médio de R$ 239 mil (crescimento de 19% em base anual e 6% entre trimestres) e 8.726 unidades produzidas (alta de 5% no comparativo anual e 15% trimestre a trimestre).
As vendas líquidas (MRV Brasil) foram de R$ 2,2 bilhões (alta de 54% no comparativo anual e queda de 1% entre trimestres), totalizando R$ 6,2 bilhões nos 9 primeiros meses de 2023 (aumento de 41% em base anual), um recorde para esta janela de análise, segundo o Bradesco BBI.
Além disso, o ticket médio de venda atingiu R$ 239 mil, aumento de 5,7% entre trimestres. Vendas sobre oferta foram em 30,4% (crescimento de 12 pontos percentuais, ou p.p., em base anual e 1,5 ponto percentual no comparativo trimestral). Enquanto isso, o pró-soluto (nota promissória) diminuiu para 17% no 3T23 (de 21% no 2T23).
O consumo de caixa operacional foi de R$ 44 milhões, enquanto, sem o ajuste dos efeitos não caixa de equityswap e despesas de dívida, o consumo de caixa totalizou R$ 129 milhões.
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Na Resia, não houve vendas no trimestre e o consumo de caixa foi de R$ 443 milhões, sendo 92% proveniente de empréstimos para construção e 8% de capital próprio. A MRV espera vender o projeto Biscayne Drive no 4T23 à medida que atinge a fase de estabilidade.
Enquanto alguns dados mostraram uma tendência positiva, o consumo de caixa acabou se sobressaindo, o que intensificou a queda das ações.
O Citi destacou esperar uma revisão para baixo do consenso de mercado sobre os dados da companhia, já que os números de lançamento no acumulado dos nove primeiros meses do ano foi de R$ 3,736 bilhões, ainda cerca de metade das expectativas do mercado para o ano inteiro.
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“A perspectiva de demanda dentro do Minha Casa Minha Vida (MCMV) provavelmente significa maior oferta, já que as vendas líquidas da MRV agora excedem os lançamentos em R$ 2,5 bilhões em 2023”, aponta.
A MRV registrou um aumento de 5,7% no preço de venda em 3023, embora seja atribuído principalmente a uma mudança no mix de produtos, com a Sensia, de renda média, já respondendo por um terço dos lançamentos.
“Apesar das vendas fortes e dos lançamentos fracos, a MRV ainda está queimando caixa em todas as frentes: R$ 43 milhões na operação Brasil, além de outros R$ 443 milhões via Resia (apenas 8%, no nível da holding)”, aponta o banco, que possui recomendação de compra para os ativos MRVE3, com preço-alvo de R$ 17.
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Para a Genial Investimentos, os números operacionais da MRV se mostraram mistos.
“De um lado vimos um aumento significativo no ticket médio para R$ 239 mil, já acima da expectativa para 2023 (aumento de 5% acima do INCC), e aumento da velocidade de vendas. Do outro, a geração de caixa ainda se mostrou fraca, resultando em uma queima de R$ 129 milhões no segmento de incorporação (dos quais R$ 44 milhões operacionais e os R$ 85 milhões restantes advindo dos swaps)”, avalia.
Com a geração de caixa de incorporação acumulada em -R$ 330 milhões no ano, os analistas da Genial acham difícil de acreditar que a MRV deva alcançar sua expectativa de R$ 0 a R$ 200 milhões no ano.
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“Ainda assim, preferimos ver o copo meio cheio, dado o nível de precificação da MRV (P/BV, ou cotação da ação pelo Valor Patrimonial da Ação de 0,9 vez) e melhorias em indicadores operacionais relacionados à rentabilidade, que indicam retomada de uma operação bastante lucrativa. Dessa forma, reiteramos nossa recomendação de compra”, afirmam.
Também na visão da XP, a MRV apresentou dados operacionais ligeiramente positivos no 3T23, parcialmente compensados por um maior consumo de caixa. Os lançamentos tiveram um leve crescimento (+3% ano a ano) para focar em projetos de maior rentabilidade, na visão da casa.
As vendas líquidas das operações principais (MRV Inc.) foram o destaque, aumentando 55% na comparação anual e levando a VSO, ou vendas sobre oferta, a 30,4% (+12 p.p. na base anual), o que considera forte.
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“A queima de caixa atingiu R$ 635 milhões (R$ 129 milhões da MRV Inc. e R$ 443 milhões da Resia), impactada negativamente pela falta de vendas nas operações dos EUA. Mantemos nossa recomendação de compra a um preço alvo de R$ 17,00 por ação, baseado em um valuation atrativo”, apontam os analistas.
O Goldman Sachs também aponta que as vendas foram em linha, mas a queima de caixa superou as projeções. O banco tem recomendação neutra para os ativos, com preço-alvo de R$ 14.
O Itaú BBA também apontou que MRV foi ligeiramente negativo, pela queima de caixa mais forte que as expectativas. Ainda assim apresentou forte ritmo de vendas, preços de unidades crescente e boa performance de lançamentos.
Trisul e Helbor também em queda
As outras empresas que divulgaram prévia operacional na noite da véspera, Trisul (TRIS3) e Helbor (HBOR3), também viram as suas ações registrarem queda na sessão. HBOR3 caiu 3,33% (R$ 2,32), enquanto TRIS3 teve baixa de 5,05%, a R$ 4,51.
A Helbor lançou 2 projetos, totalizando R$ 260 milhões (% da companhia) em VGV (aumento de 229% em base anual versus nenhum lançamento no 2T23): HelborOpen Mind (R$ 236 milhões % da companhia em VGV) e Fazenda Itapety (R$ 24 milhões % da companhia em VGV).
A empresa vendeu R$ 247 milhões (% da companhia) em VGV no 3T23 (queda de 4% em base anual e alta de 11% no trimestre), enquanto que líquido de distratos, as vendas totalizaram R$ 222 milhões, destaca o BBI. Além disso, as vendas de lançamentos totalizaram 24%, produtos acabados, 21%, e em construção, 55%. As vendas sobre oferta (VSO) ficaram em 13,1% (aumentos de 1,6 pp no ano e de 1,1 pp no trimestre), com o VSO de lançamentos em 26,8%.
O BBI avalia o impacto na sua tese como neutro. “A Helbor registrou melhora sequencial nos números, apesar da sazonalidade, embora devido a uma base de comparação mais fraca (nenhum lançamento no 2T23 e vendas aumentando 11% no trimestre e caindo 4% em base anual)”, aponta.
Do lado positivo, a Helbor continuou reduzindo seus estoques de produtos acabados, que representaram 24% das vendas no 3T23. Por outro lado, a geração de caixa e, portanto, a alavancagem, devem continuar seguindo a tendência do 1S23, dada a quantidade modesta de entregas no trimestre, o que poderia atrasar as transferências bancárias. O banco aponta que o tema principal em torno da tese da Helbor continua sendo a execução da próxima onda de entregas em 2023-24 para ajudar a impulsionar a geração de caixa e, finalmente, levando a um processo de desalavancagem há muito esperado (de 74% Dívida/PL no 2T23).
Segundo os analistas, negociada a 0,2 vez o P/VPA, a HBOR3 continua altamente descontada em relação à média de 0,7 vez de seus pares, o que poderá ser desbloqueado quando o pico de entregas da Helbor (e os custos de construção) for percebido como devidamente executado. A recomendação da casa para as ações, contudo, segue neutra.
O Itaú BBA também apontou que a Helbor reportou um conjunto razoável de números operacionais para o 3T23. A empresa retomou lançamentos, que no trimestre totalizaram VGV de R$ 260 milhões.
A Genial ressaltou que o trimestre foi positivo, com a companhia diminuindo estoque pronto e vendendo relativamente bem no trimestre. “Mesmo assim, acreditamos que o lançamento de novos projetos enquanto ainda há um estoque grande a ser vendido (superior a R$ 1,6 bilhão) e um patamar de endividamento elevado, diminui o apetite de investidores mais avessos a riscos”, afirma.
Já sobre a Trisul, os analistas do BBA também apontaram que os números ficaram em linha, apresentando um bom conjunto de números operacionais.
A companhia lançou R$ 173 milhões (% da companhia) em VGV (queda trimestral de 20%). A Trisul lançou um projeto durante o trimestre, em setembro: “The CollectionMoema”, localizado no bairro de Moema, na zona sul da cidade de São Paulo.
As vendas líquidas no 3T23 totalizaram R$ 264 milhões (% da companhia) em VGV (aumento de 106% em base anual e declínio trimestral de 13%). Além disso, a VSO da Trisul ficou em 11,5% no 3T23 (aumento de 5,5pp no ano, mas queda de 1 pp no trimestre).
Para o BBI, o impacto em sua tese é marginalmente positivo. “Apesar do declínio trimestral em vendas e lançamentos, impactado por um trimestre sazonalmente mais fraco, a Trisul continua melhorando seus números operacionais em geral, com lançamentos avançando 27% em base anual nos 9 primeiros meses de 2023, o que esperamos que continue em 2024 (o guidance para 2S23-2024 é de R$ 1,8 –2,2 bilhões), e vendas aumentando 91% na comparação anual no acumulado do ano (VSO com aumento de 5,5 pp no 3T23 em comparação ao igual período do ano passado)”, aponta. O BBI segue com compra para a ação.
Já a Genial entende o número como neutro. “Apesar da queda na VSO, o patamar atual é relativamente saudável e muito mais confortável do que vimos no último ano, diminuindo qualquer preocupação que houvesse com o endividamento da companhia. Lembramos também que muitos projetos devem ser entregues nos próximos trimestres (fora os R$ 420 milhões já entregues em nos últimos 4 meses), ajudando na desalavancagem da Trisul”, aponta.