MRV: por que a empresa não empolgou o mercado durante o tão esperado Investor Day

Analistas consideram que revisão de guidance não foi o suficiente para empolgar mas apostam em mudança acionária da Resia

Camille Bocanegra

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A MRV&Co (MRVE3) apresentou sua visão de dobrar lucro líquido em 2025 e simplificação da operação no MRV Day, evento realizado para investidores e analistas na sexta-feira, 15. Para analistas, os números de orientações para os próximos anos (guidance) apresentados pela companhia não foram o suficiente para animar investidores, uma vez que traziam dados próximos do estimado pelo mercado. A possível mudança na participação acionária da Resia, no entanto, pode ser positiva para a MRV.

A companhia amarga queda de mais de 31% em 2024, a segunda maior queda do Ibovespa no período, ainda que a variação nos últimos 12 meses seja positiva, em cerca de 9%.

A percepção do JPMorgan foi marginalmente negativa, considerando a redução do guidance para 2024 e 2025. A análise menciona os ricos de execução que levaram às alterações da projeção para 2025. Por isso, apesar de o discurso da administração ser considerado confiante, o banco estrangeiro reforça que ainda parece ser cedo para que investidores concedam o “benefício da dúvida” para a MRV e sua recuperação em 2025, considerando os resultados decepcionantes de 2023 e os esperados ainda para 2024. Mesmo assim, a classificação do papel para o JPMorgan é overweight (exposição superior, similar à compra), com preço alvo estabelecido em R$ 16,00.

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De acordo com o Goldman Sachs, ainda que o guidance apresentado esteja abaixo do esperado pelo mercado para a margem bruta e geração de caixa para 2024 e 2025 (na comparação com o evento de 2023), os números estão alinhados com a expectativa do banco. Ainda assim, a classificação para o nome segue como neutra, porque a redução do endividamento continua desafiadora, mas há a ressalva de que os papéis estão num dos patamares mais baixos já vistos, levando em conta a média histórica.

A visão neutra é partilhada pela XP, uma vez que as atualizações do guidance já eram esperadas pelo mercado. Os analistas apontaram que não esperariam uma reação significativa das ações da companhia, o que de fato não aconteceu durante o evento. O ponto positivo destacado pelo Research da corretora é o maior detalhamento do processo de recuperação de lucratividade da empresa.

Para o Itaú BBA, a administração conseguiu demonstrar “otimismo e comprometimento com a recuperação da rentabilidade”. A atualização do guidance foi considerada mais alinhada com os números do consenso. O BBA também destacou que a potencial reestruturação societária da Resia, com chances de ser anunciada em breve, poderá proporcionar mais flexibilidade e desbloquear valor para a empresa. As estimativas para o nome não foram alteradas após o evento, em especial considerando que o limite inferior da faixa do guidance segue 15% acima da estimativa de lucro líquido.

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A complexidade operacional e financeira da reestruturação da MRV tornam as estimativas para o nome ainda muitos dispersas, segundo o Bradesco BBI. Assim sendo, o evento pôde ancorar as expectativas à medida que há mais visibilidade de iniciativas da companhia. Em relação à Resia, a análise reforça o momento desafiador vivido pela subsidiária nos EUA e seu impacto nos números e na percepção de valor da MRV. A intenção de segregar a frente dos EUA da holding pode reduzir a complexidade da operação num todo, mas, destaca o BBI, a reação do mercado ainda é incerta pela falta de detalhes.