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Em relatório a clientes, o JPMorgan apontou que está se tornando mais construtivo no setor de construção brasileiro, pois espera que o setor tenha desempenho superior à medida que o Banco Central se inclina para uma abordagem mais dovish (branda, de flexibilização monetária) em relação a taxa de juros.
“Historicamente, as ações de construtoras e incorporadoras superaram o Ibovespa nos 12-18 meses seguintes após uma pausa no ciclo de aperto monetário, o que provavelmente acontecerá na próxima reunião do Copom, em 21 de setembro”, comentou o banco.
Nesse contexto, analistas estão mais otimistas com nomes de baixa renda, como MRV (MRVE3) e Direcional (DIRR3) devido a: i) demanda resiliente devido ao déficit habitacional do Brasil (7 milhões de unidades); ii) recente melhorias no programa Casa Verde e Amarela conduzindo a uma recuperação das margens brutas; e iii) a eleição presidencial, qualquer que seja o resultado, não deve pesar no segmento de baixa renda, pois os principais candidatos apoiam o programa.
Em média e alta renda, JP Morgan está menos otimista e prevê desafios de curto prazo, incluindo potenciais
quedas na velocidade de vendas e volatilidade da margem.
O setor de forma geral está sendo negociado a um múltiplo de cerca de 0,9 vez o preço sobre o valor patrimonial, ou P/BV, (ex-Direcional em 1,4 vez) o que, na opinião do banco, parece justo. Em relação à rentabilidade, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) de 2022-23 deve permanecer abaixo do custo de capital em 9-11% (excluindo Direcional e Tenda TEND3).
Por outro lado, os ventos contrários de curto prazo permanecem, sendo que as “principais preocupações para o setor incluem: i) velocidade de vendas em declínio, principalmente em média e alta renda devido a taxas de financiamento e preços de vendas mais altos; ii) margens brutas pressionadas, uma vez que a inflação da construção continua alta, apesar de alguma flexibilização nos últimos meses; e iii) estoques, pois isso pode prejudicar as margens e limitar a capacidade de crescimento, principalmente para nomes com alto nível de estoques concluídos”, ressaltam analistas.
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O banco reforça sua preferência por construtoras de baixa renda, seguida por Shoppings. Nos últimos 3 meses as construtoras já superaram o Ibovespa em 9,5 pontos percentuais (p.p.) contra queda de 5 pontos dos Shoppings. A ordem de preferência do JPMorgan no setor é: MRVE3, DIRR3, Cyrela (CYRE3, Eztec (EZTC3) e TEND3.
MRV (MRVE3)
A MRV é a preferida do JP Morgan no setor de construção, pois a empresa possui uma diversidade de negócios que inclui exposição aos segmentos de baixa renda (Core) e média renda (Sensia), segmentos multifamiliares no Brasil (Luggo) e nos EUA (Resia) e parcelamento (Urba) proporcionando várias vias de crescimento para a empresa.
Além disso, na avaliação de analistas, a capitalização dos negócios da Resia ajudaria os investidores a compreender plenamente o valor deste negócio que atualmente tem um valor contábil de US$ 300 milhões. De acordo com cálculos do JP Morgan, a Resia poderia ser avaliado em cerca de US$ 500-750 milhões, o que representa 1,5-2,5 vezes o seu valor contábil e 50-75% do valor de mercado da MRV.
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O JPMorgan reitera avaliação overweight (exposição acima da média, equivalente à compra) para MRV, com preço-alvo de R$ 15, o representa upside (potencial de valorização) de 46,3% frente ao preço de fechamento de quinta-feira, de R$ 10,25.
Direcional (DIRR3)
Analistas estão otimistas com o ativo devido à sua exposição tanto ao segmento de baixa renda quanto ao segmento de média renda por meio de sua subsidiária Riva, que deve ajudar a empresa a navegar no macro ambiente atual com foco nos mais rentáveis projetos em cada segmento.
O banco ainda ressalta que a margem bruta ajustada da Direcional. margem bruta permaneceu acima dos pares nos últimos trimestres, situando-se em 35,0% no 2T22, apesar da volatilidade nos custos, refletindo a execução superior da empresa.
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O JP mantém recomendação overweight para Direcional, com preço-alvo de R$ 18, o representa upside de 38,9% frente ao preço de fechamento da véspera.
Cyrela (CYRE3)
O time de research do banco espera que a Cyrela se beneficie da diversificação de seus negócios, tanto em termos de presença geográfica quanto em segmentos de renda. A empresa também poderia se beneficiar de uma expansão de suas subsidiárias, Lavvi (médio/alto renda), Plano & Plano (renda média/baixa) e Cury (renda baixa), que tiveram IPOs em 2020 e atualmente têm um valor de mercado combinado de R$ 4,4 bilhões ou R$ 1,3 bilhão, considerando a participação da Cyrela.
Além disso, a Cyrela deverá se beneficiar do Cashme, sua subsidiária focada em crédito imobiliário que possui uma carteira de cerca de R$ 1,5 bilhão em empréstimos e, de acordo com cálculo do JP Morgan, com base em transações recentes de mercado, poderia ser no valor de R$ 1,5 bilhão (1x carteira) ou quase R$ 4,00 por ação.
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Cyrela também avaliação overweight e preço-alvo de R$ 21, potencial de alta de 48,3% frente a cotação de fechamento de quinta-feira.
Eztec (EZTC3)
Para Eztec, a recomendação é neutra, com preço-alvo de R$ 21, o que representa potencial de alta de 16,3% na comparação com o preço de fechamento da sessão anterior.
Segundo relatório, a classificação reflete o cenário desafiador enfrentado pela empresa durante este ano, incorporando uma visão mais baixista sobre a média e alta renda no segmento paulista. Além disso, a Eztec possui um dos maiores níveis de estoques do setor e as margens brutas do 2T22 foram fracas em 35%, mas devem se recuperar no 2S22 beneficiado pelo repasse da inflação ao consumidor.
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Tenda (TEND3)
O banco classifica Tenda como underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda) e preço-alvo de R$ 6 (2,4% acima do valor de fechamento da véspera), refletindo a incerteza quanto à velocidade de recuperação das margens da empresa.
“Além disso, a Tenda tem foco exclusivo no segmento de baixa renda, tornando-o relativamente mais exposto à volatilidade e execução do programa”, avaliam.
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