MorningStar: grandes investidores ajuda quem começa a investir

Lições deixadas por Buffett, entre outros, dão conta da necessidade de pensar no longo prazo e deixar o emocional de lado ao aplicar

Anderson Figo

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SÃO PAULO – “Durante períodos extremos aos mercados, os investidores geralmente tomam decisões que deterioram suas possibilidades de saúde financeira no longo prazo”. A frase, retirada de relatório recente da MorningStar, ilustra a tese que defende como podemos aprender não apenas com os erros, mas também com os acertos do passado. Pensando nisso, a publicação destacou sete ensinamentos retirados da sabedoria de grandes investidores da história, para auxiliar aqueles que estão começando a investir.

Entre os ilustres membros da lista, Warren Buffett é talvez uma lenda viva aos olhos dos iniciantes. Apoiando-se no legado deixado por Benjamin Graham e David Dodd, Buffett pode ser considerado atualmente o principal seguidor do value investing. Isso porque esta estratégia de investimento, bastante utilizada no passado, teve de ser adaptada ou mesmo substituída ao longo das últimas décadas.

Em 1965, quando Buffett chegou ao controle da Berkshire, uma empresa do ramo têxtil que também vendia seguros, as ações da companhia valiam menos de US$ 10 cada. No final de janeiro as mesmas ações valiam US$ 114.600. Como se isso não bastasse, a Berkshire se tornou uma holding que possui participações importantes em companhias como Coca-Cola, Gillette, American Express, Conoco Phillips e bancos como Wells Fargo e Goldman Sachs.

Outros mestres investidores também deixaram sua contribuição, como Peter Lynch e Shelby Cullom Davis – investidor legendário que começou com um investimento de US$ 100 mil em ações e morreu com um saldo de US$ 800 milhões em 1994. “Nós esperamos que esta coleção de conhecimento sirva como um guia valioso no qual você pode navegar a cada mudança de rumos no meio ambiente do mercado e construir uma saúde financeira para o longo prazo”, aponta a matéria.

Evite comportamentos auto-destrutivos
“Indivíduos que não podem lidar com suas emoções estão condenados a não obter lucros do processo de investimento” – Benjamin Graham

Um estudo da MorningStar revelou que ao longo do período de 1988 a 2007 a média de retorno dos fundos de ações foi de 11,6%, enquanto os investidores desse tipo de aplicação obtiveram ganhos de apenas 4,5%. De acordo com a publicação, muito desse movimento pode ser explicado pela interferência emocional nos investimentos.

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“Por que os investidores sacrificaram quase dois terços do retorno potencial? Motivados por medo e ansiedade, eles passaram a ter esses comportamentos negativos, evitando áreas do mercado que não estavam a favor do momento, atendendo ao tempo do mercado, ou até mesmo abandonando seus planos de investimento”, destacou a MorningStar.

Segundo a publicação, grandes investidores mostraram que, para construir uma saúde financeira de longo prazo, é preciso controlar as emoções e evitar comportamentos auto-destrutivos.

Entenda que crises são inevitáveis
“A história propõe um insight crucial em torno de crises de mercado: elas são inevitáveis, dolorosas e demoram para serem deixadas para trás” – Shelby M.C. Davis

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Segundo a MorningStar, a história financeira ensinou aos investidores de renda variável que eles sempre enfrentarão períodos de crise e instabilidade. Contudo, mesmo com esse movimento os números apontam para um crescimento no longo prazo.

“Investidores que têm em mente essa ideia de que o mercado acionário sempre ganha apesar dos períodos de crise e instabilidade possuem menos chances de serem surpreendidos quando enfrentam esta situação, evitando fazer mudanças drásticas aos seus planos de investimento e estando mais bem posicionados aos ganhos potenciais das ações no longo prazo”, destacou a publicação.

Entenda que, mesmo dolorosas, as crises criam oportunidades
“Apesar dos inevitáveis períodos de incertezas, as ações merecem pacientes investidores de longo termo” – Christopher C. Davis.

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Depois de sofrer com um período de crise, os investidores geralmente diminuem sua exposição às ações ou até mesmo abrem mão delas a fim de reduzir seus prejuízos. Para a MorningStar, este movimento é feito sempre no momento errado. Segundo a publicação, ao longo desses períodos de volatilidade aos papéis, a história nos mostra que o melhor a ser feito é o investidor ter confiança no potencial ganho das ações no longo prazo.

“Historicamente os preços baixos indicaram retornos futuros e as crises criaram oportunidades”, destaca a MorningStar. “Investidores que tiverem em mente que os baixos preços indicam retornos futuros estão mais aptos a enfrentar tempos difíceis, estando lá para se beneficiar dos subsequentes períodos de recuperação”, completa.

Não siga o compasso do mercado
“Muito mais dinheiro foi perdido por investidores que se preparavam para correções ou estavam tentando antecipar correções do que foi perdido com as próprias correções” – Peter Lynch

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Para o MorningStar, a melhor opção para os investidores durante períodos de volatilidade nos mercados é não seguir a tendência, ou seja, se todo mundo está vendendo, compre. “Investidores que entenderem que seguir o mercado é jogar para perder estarão mais bem preparados para reagir no curto prazo e incrementar seus portfólios de investimento de longo prazo”, destacou.

Não deixe as emoções guiarem suas decisões de investimento
“Esteja cauteloso quando os outros estão tranquilos. Esteja tranquilo enquanto outros estão cautelosos” – Warren Buffett

Segundo a MorningStar, para construir uma saúde financeira de longo prazo é necessário tomar decisões de investimento frias, como comprar papéis em tempos de pessimismo máximo ou resistir à euforia por investimentos que recentemente performaram positivamente. “Grandes investidores reconhecem que um approach não-emocional, objetivo e disciplinado é a chave para construir uma saúde financeira de longo prazo”, avaliou a publicação.

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Reconheça que uma baixa performance no curto prazo é inevitável
“A pergunta básica que nós enfrentamos é se é possível um grande investidor ter performance inferior ao mercado… a resposta amplamente aceita é não. Mas se você olhar nos registros, verá que não apenas é possível como é inevitável” – Robert Kirby, fundador do Capital Guardian Trust Company.

Um estudo da MorningStar revelou que, entre 1999 e 2008, muitos investment managers sofreram no curto prazo, mas mostraram retornos positivos no longo prazo. “Embora cada manager no estudo tenha mostrado ganhos excelentes no longo prazo, quase todos sofreram ao longo de um período difícil. Investidores que reconhecem e se preparam para o fato de que um desempenho fraco no curto prazo é inevitável estão menos expostos a fazer mudanças desnecessárias e destrutivas em seus planos de investimento”, destacou.

Não ligue para estimativas e previsões para o curto prazo
“A função das projeções econômicas é fazer a astrologia paracer algo respeitável” – John Kenneth Galbraith, economista

“Não perca tempo e energia focando em variáveis que são incertas e incontroláveis no curto prazo, como a direção das taxas de juros ou o patamar do mercado de ações. Ao invés disso, foque sua energia em coisas que você possa controlar, como a criação de um portfólio diversificado, determinar sua própria linha do tempo e estabelecer expectativas de retorno realistas”, concluiu a MorningStar.

Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.