Morgan Stanley passa de visão baixista para neutra em moedas emergentes; real se destaca entre preferidas

Banco Central, sazonalidade e valorização abaixo de pares são algumas das explicações para preferência por moeda brasileira

Vitor Azevedo

Dólar e Real (Foto: Getty Images)
Dólar e Real (Foto: Getty Images)

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Analistas do Morgan Stanley estão, no começo deste ano, com uma perspectiva mais otimista para as moedas emergentes, tendo mudado sua visão de negativa para neutra frente o dólar. Só que o real vai além disso, com o banco sugerindo que a moeda brasileira é uma das suas favoritas entre os pares. 

De modo geral, o que sustenta a crença do Morgan para as moedas emergentes é que houve uma diminuição no que tange às incertezas nos Estados Unidos. No terceiro trimestre de 2023, o que se viu foram dados que passaram a sugerir que o Federal Reserve não irá mais subir os juros no país – o que, usualmente, leva fluxo de capital para lá, com investidores procurando retornos maiores e a segurança dos títulos dos tesouro americano, os treasuries

“A mudança na visão se deu à medida que o EUA está apresentando crescimento lento, uma queda dos rendimentos do treasuries, e com redução das taxas reais de juros. O amplo risco positivo levou a uma fraqueza generalizada do dólar”, fala o time do Morgan. “No entanto, não está claro se essa tendência continuará, pois o Fed poderia reagir contra as expectativas”, ponderam os analistas, sinalizando que ainda veem chances de força na moeda americana.

Recessão de um lado, juros mais altos do outro

Eles mencionam que o mercado continuará lidando com a dinâmica do Fed e dos índices de condições financeiras, com o dólar e os treasuries yields continuando a ser os fatores “mais importantes para o câmbio dos mercados emergentes”.

“Apesar de o mercado ter se animado com o ‘pouso suave’ nos EUA e pelo fato de as condições financeiras terem se aliviado significativamente nos últimos dois meses, o Fed pode se sentir desconfortável com o corte agressivo da taxa no preço. Há um risco de que o Fed soe um pouco mais hawkish na próxima reunião do FOMC de janeiro”, explicam, contextualizando a visão neutra. 

Além do Fed poder se mostrar mais duro, o Morgan também enxerga que, se os dados macroeconômicos no país piorarem demais, a perspectiva de recessão também pode fortalecer o dólar. Esse movimento já aconteceu anteriormente, já que o temor de uma economia mundial mais fraca faz investidores, usualmente, buscarem os Estados Unidos, em busca da segurança que a maior economia do mundo oferece, mesmo com menores rendimentos.

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Essa dinâmica, no entanto, não significa necessariamente que os câmbios dos países emergentes serão vendidos significativamente a partir de agora. Em vez disso, a visão do Morgan Stanley é de que o mercado ficará de lado por algum tempo.

Real é uma das moedas favoritas

Para o real, no entanto, a percepção, como já mencionado, é mais otimista. Apesar de boa parte dos países emergentes já ter iniciado seu ciclo de corte dos juros, a visão do Morgan Stanley é que a, de forma geral, os ganhos com carry trade seguem atrativos e acima da máxima histórica. 

No Brasil, pelo fato de o Banco Central estar tendo uma postura cuidadosa, os analistas da instituição financeira americana destacam que o câmbio “pouco sentiu o início da queda dos juros”.

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Fora isso, o Morgan Stanley também menciona que, historicamente, o real tem um bom mês de janeiro por conta de eventos sazonais, em parte por conta do recesso do Congresso Nacional. 

“O real tende a superar os pares regionais em janeiro, e os fatores sazonais podem ser extremamente favoráveis. Isso por si só não é suficiente para adicionar posições longas no momento, mas observamos que a moeda brasileira se tornou o segundo proxy de carry mais favorecido na região da América Latina”, falam. 

Por fim, há o fato de que, para o banco, o carry trade no Brasil se tornou recentemente um dos mais atrativos para os analistas, atrás apenas do peso colombiano. O peso mexicano, por exemplo, perdeu a atratividade, já que, em parte, houve um fluxo maior para o país, com a moeda se valorizando mais do que a brasileira. 

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