Morgan Stanley corta México e mantém “compra” no Brasil na AL, mas com ressalvas

Banco americano segue cauteloso com ações domésticas no Brasil

Lara Rizério

Bandeiras de países da América Latina (Foto: Shutterstock)
Bandeiras de países da América Latina (Foto: Shutterstock)

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Em revisão de seu portfólio para América Latina, a equipe de estratégia do Morgan Stanley reduziu a sua exposição ao México para underweight (exposição abaixo da média do mercado) e apontou estar mais cautelosa com as ações da região em geral. Dentre os setores da região, os estrategistas Nikolaj Lippmann, Juan Ayala e Julia Nogueira apontaram gostarem de temas como digitalização, energia e agricultura.

O rebaixamento de ações do México ocorreu após a proposta de reforma judicial que o Executivo enviou ao Congresso. “Acreditamos que substituir o sistema judicial deve aumentar o risco e limitar o capex (investimento em capital) Isso é um problema, pois o nearshoring (se beneficiar da atuação do seu vizinho EUA para a produção de suprimentos em países próximos e parceiros) está atingindo gargalos importantes”, avaliam os especialistas.


Olhando de um modo geral, os estrategistas do Morgan apontam que as taxas de juros na região podem permanecer mais altas por mais tempo, e o impacto continuará pressionando os mercados de ações da América Latina – e o Brasil em particular (em meio a revisões para cima nas projeções para a Selic, apesar da fala recente mais comedida sobre alta das taxas por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central).

Em meio a riscos extremos, crescimento em declínio e taxas mais altas, o banco destacou os três temas seculares chave que podem impulsionar a geração de alfa (avanço além do benchmark): 1) Digitalização, 2) Energização do mundo e 3) Expansão das fronteiras agrícolas do Brasil.


O Morgan permanece overweight (exposição acima da média do mercado) no Brasil, mantendo alta exposição a holding NU, controladora do Nubank (BDR: ROXO34), e Mercado Livre (BDR: MELI34), mas está pouco posicionado (ou leve) no grupo de ações domésticas.

“Não vemos um case de investimento claro para o grupo doméstico brasileiro. Acreditamos que o risco político relacionado às estatais e ao Comitê de Política Monetária (Copom) deve pesar no mercado local”, avalia o trio de estrategistas.

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No Brasil, vê um case muito forte para uma transformação externa de longo prazo através da expansão de suas fronteiras energéticas e agrícolas, o que poderia adicionar 22-30% às exportações brutas até o final da década, de acordo com os seus analistas. No entanto, hoje esses são temas melhores para a seleção de ações micro do que macro.

Além disso, estão adicionando exposição ao Peru ( com mineração de ouro).

Ações em destaque


No México, o Morgan cortou o peso de participações-chave no país, como Walmex, Femsa e Coca-Cola Femsa, e excluíram Kimberly Clark México, Laureate e Qualitas.

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Enquanto isso, adicionou exposição a algumas de suas participações-chave no Brasil, como Mercado Livre, JBS (JBSS3) e Bradesco (BBDC4), evitando em sua maioria modelos de negócios orientados para o mercado doméstico.

Fonte: Morgan Stanley

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.