Moody’s: Corte de juros vai melhorar margens dos bancos e é positiva para perfil de crédito

A redução da Selic vai gradualmente enfraquecer os desafios que minaram a lucratividade dos bancos nos últimos trimestres, afirma

Estadão Conteúdo

Investimentos em tecnologia dentro de bancos cresceram 29% no acumulado de um ano. Foto: Pixabay
Investimentos em tecnologia dentro de bancos cresceram 29% no acumulado de um ano. Foto: Pixabay

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São Paulo – O início dos cortes de juros no Brasil vai melhorar as margens dos bancos e é um movimento positivo para o perfil de crédito das instituições financeiras, avalia a agência de classificação de risco Moody’s.

A redução da Selic vai gradualmente enfraquecer os desafios que minaram a lucratividade dos bancos nos últimos trimestres, como o custo mais alto de captação, a elevada inadimplência e a necessidade de provisões adicionais para calotes. Mas o efeito não deve ser igual para todos os bancos.

Nos grandes bancos, Banco do Brasil, Caixa, Bradesco e Santander estão entre as instituições em que as margens líquidas de juros (NIM, em inglês) mais vão se beneficiar dos juros menores, segundo a Moody’s. A razão é que mais da metade das carteiras de crédito dessas casas é de empréstimos de mais longo prazo para famílias, a taxas fixas em sua maioria.

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Já Itaú Unibanco e BTG Pactual devem ter as margens (NIM) que menos vão se beneficiar do juro menor, pois suas carteiras de crédito tem fatia maior de crédito para empresas, a taxas flutuantes, que são afetadas mais rapidamente quando os juros caem. No Itaú, a Moody’s observa ainda que parte da carteira – 23%, ao final do primeiro trimestre – é concentrada em empréstimos fora do Brasil, em outros países da América Latina, ou seja, dependem de outras políticas monetárias.

No geral, os bancos que mais devem se beneficiar do fim do longo ciclo de juros altos no Brasil são os médios, sobretudo aqueles com foco em empréstimo consignado, como o BMG, Agibank, Banco Mercantil do Brasil, Banco do Estado do Rio Grande do Sul e Banco de Brasília (BRB).

Esses bancos médios sofreram por conta do aumento do custo de captação, o que comprimiu suas margens desde meados de 2021. Nessas casas, o custo da captação é reprecificado muito mais rapidamente do que as taxas cobradas nos empréstimos, que são reguladas pelo governo.

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No geral, na captação dos bancos, muitos dos recursos são tomados com taxas que automaticamente se ajustam à variação da Selic, ou seja, já se reduziram. Já os efeitos nas margens vai depender principalmente da composição da carteira de crédito de cada banco e do ritmo de concessão de empréstimos, alerta a Moody’s. Pelo lado da qualidade das carteiras de crédito, o elevado endividamento das famílias pesou no ritmo de concessão de novos empréstimos e no custo deles.