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SÃO PAULO – Embora ainda não tenha nada concreto, o fato de a MMX (MMXM3) ter enviado um comunicado na véspera informando a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) de que tem mantido contato com outras empresas para a venda de seus ativos de minério de ferro fez com que a empresa roubasse as atenções. Diante disso, a equipe do Bradesco apresentou suas projeções e recomendações tanto para a MMX quanto para a principal candidata brasileira a ser a compradora desses ativos, a Usiminas (USIM3, USIM5).
O mercado há algum tempo especula que a companhia de Eike Batista poderia vender parte de suas operações de exploração de minério de ferro, tendo dentre as possíveis compradoras a Usiminas e a ArcelorMittal. Em resposta, a MMX enviou um comunicado na quarta-feira informando que, embora tenha mantido contato com “diversas empresas e instituições financeiras”, nenhuma negociação foi concretizada.
Apesar de tudo ainda ser mera especulação, os ativos MMXM3 lideraram os ganhos no Ibovespa nos dois últimos pregões. “Embora acreditamos que o movimento dos papéis baseado na possível aquisição é altamente especulativo, o fato da MMX ter confirmado que as discussões estão caminhando reduz o risco especulativo”, afirma Raphael Biderman e Gina Montone, analistas que assinam o relatório do Bradesco. Contudo, eles deixam claro que, apesar dessa confirmação, ainda há o risco da negociação não se concretizar.
MMX: de todos os jeitos, venda será positiva
Analisando primeiramente a mineradora, os analistas projetam dois cenários diferentes para o possível acordo entre MMX e Usiminas. O primeiro implicaria a venda do controle da mineradora, enquanto o segundo abordaria apenas a venda das principais minas de minério de ferro, localizadas no sudeste do País, e também do seu porto localizado na região.
Para Biderman e Montone, ambas as transações seriam positivas para os acionistas da MMX. No primeiro caso, os investidores se beneficiariam dos direitos de tag along, o que poderia impulsionar os papéis MMXM3 no caso de uma possível venda. Já na segunda hipótese – venda de parte dos ativos, mas com a empresa ainda sob controle do grupo EBX -, o Bradesco destaca que “Eike Batista tem um histórico favorável de dividir os ganhos resultantes da venda de ativos com seus acionistas minoritários”.
Usiminas: bom no longo prazo, ruim no curto prazo
Já para a Usiminas, o cenário não é predominantemente favorável. Embora a aquisição mostre-se extremamente positiva para o longo prazo da empresa, tendo em vista os diversos canais possíveis para que a siderúrgica consiga se beneficiar com ganhos de sinergia, os analistas esperam que o impacto dessa compra seja negativa para suas ações no curto prazo, refletindo a possibilidade dela pagar muito caro pelos ativos da MMX.
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Na visão dos analistas, esse encarecimento pode ocorrer por conta do tamanho dos outros potenciais compradores. Além da brasileira CSN (CSNA3), eles também destacam grandes companhias internacionais, como a Wisco (China), a ArcelorMittal (Europa) e a Cliffs (EUA). Para o Bradesco, a concorrência pesada ajudaria a elevar os valores de negociação.
Recomendação: sair de USIM5 e ir para USIM3 ou MMXM3
Dessa forma, Biderman e Montone sugerem aos investidores uma diminuição de suas posições em USIM5, migrando parte dessas aplicações para os ativos USIM3 – por conta dos direitos de tag along – ou então para as próprias ações da MMX, visando dessa forma se beneficiar de um preço demasiadamente caro a ser pago pelos ativos da mineradora.