JBS (JBSS3) e Minerva (BEEF3) fecham com forte alta na Bolsa após queda na abertura com caso de “vaca louca” confirmado

BRF e Marfrig também fecharam com ganhos, mas mais "modestos"; visão é de que suspensão de exportação para China possa durar pouco

Equipe InfoMoney

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Após abrirem a sessão desta quinta-feira (23) em queda expressiva, na sequência das perdas registradas na véspera com o caso de “vaca louca” no Brasil, as ações das empresas do setor de frigoríficos registraram recuperação logo nos primeiros minutos do pregão e fecharam em alta, com destaque para dois ativos.

A ação da Minerva (BEEF3) fechou com avanço de 3,51%, a R$ 11,80, após chegar a cair 2,72% na mínima do dia, enquanto JBS (JBSS3) avançou 5,53%, a R$ 18,90, depois de chegar a cair até 2,01%. Já  os papéis da Marfrig (MRFG3) tiveram um dia volátil, chegaram a cair 3,35% mas fecharam em leve alta de 0,32%, a R$ 6,29. Na mesma linha, os ativos da BRF (BRFS3) tiveram um dia volátil, mas fecharam com ganhos de 1,56%, a R$ 6,50; a queda máxima foi de 3,44% no dia.

Cabe ressaltar que, na última quarta, a ação BEEF3 fechou com perdas  de 7,92%, BRFS3 caiu 6,71%, JBSS3  teve baixa de 4,33% e MRFG3 desvalorizou 4,71%, ainda na esteira das suspeitas de “vaca louca” no país, confirmada  no início da noite.

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O Ministério da Agricultura e Pecuária divulgou comunicado na véspera no qual informa que está adotando todas as providências governamentais para o mercado de carnes brasileiras depois da confirmação de um caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB, também chamado de mal da vaca louca) em um animal macho de 9 anos em uma pequena propriedade no município de Marabá (PA).

Conforme o ministério, foi feito o comunicado à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e as amostras foram enviadas para o laboratório referência da instituição em Alberta, no Canadá, que poderá confirmar se o caso é atípico, ou ou seja, que surge de forma espontânea no animal, sem risco de disseminação no rebanho nem ao ser humano.

Seguindo o protocolo sanitário oficial, as exportações para a China serão temporariamente suspensas a partir desta quinta.

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Em comunicado, a Minerva afirmou ter sido notificada sobre a suspensão das exportações das unidades brasileiras para a China e que seguirá atendendo a demanda chinesa de carne bovina por meio de quatro unidades de abate, sendo três no Uruguai e uma na Argentina.

Segundo a Minerva, essa estratégia evitará que sua participação de mercado seja afetada, já que as unidades brasileiras que antes embarcavam a carne aos chineses agora estão suspensas.

Brasil e China, maior importador do produto brasileiro, têm um protocolo de suspensão de negócios para casos de EEB atípica, algo que já aconteceu no passado.

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“Importante salientar que desde 2015 a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) exclui a ocorrência de casos de EEB atípica para efeitos do reconhecimento do status oficial de risco do país”, disse a Minerva.

Em função disso, a empresa disse acreditar que, “tal qual em períodos anteriores, a suspensão das exportações brasileiras é temporária e deverá ser retomada em um curto espaço de tempo”.

Já durante a tarde de hoje, a Marfrig informou que vai utilizar suas plantas de carne bovina na Argentina e Uruguai para continuar atendendo as exportações para a China. “No período de auto suspensão, o atendimento realizado pelas sete plantas da Marfrig no Brasil será redirecionado para as seis plantas da Marfrig habilitadas para a China, localizadas no Uruguai e na Argentina”, afirmou a empresa em comunicado.

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Antes da abertura do mercado, o Bradesco BBI destacou que a maior reação das ações deveria ter se registrado na sessão da véspera, relembrando um caso semelhante de 2021.

“De fato, em 2021, as ações tiveram uma recuperação parcial quando a suspensão das importações para a China foi confirmada, uma vez que já haviam caído antes, precificando o risco”, apontam.

Nesse cenário, os analistas esperam que as ações registrem volatilidade durante o período de suspensão, dependendo das expectativas de quando ela pode ser levantada – em 2021, a suspensão durou 3 meses e em 2019, durou duas semanas. As exportações brasileiras de carne bovina para a China representam cerca de 20-25% da receita da Minerva, 8% da Marfrig e 5% da JBS.

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A Safra Corretora, assim como outros analistas, também reforçou que a “Minerva é a mais afetada”, já que tem, segundo a casa, 30% de sua receita atrelada à exportação para o país. Marfrig tem 10% de sua receita ligada à China, a JBS em torno de 3%, e a BRF, zero.

“Se assumirmos que o embargo leva dois ou três meses, o impacto para Minerva seria mais ‘pelo newsflow’ [fluxo de notícias] negativo do que efetivamente no bottom line [lucro líquido]”.

A Guide Investimentos lembrou que o país asiático é hoje o maior parceiro brasileiro na importação de carne bovina, sendo responsável por mais de 50% dos envios no ano passado.

“O governo chinês deve avaliar as informações fornecidas pelos órgãos responsáveis aqui no Brasil antes de efetivar a liberação dos embarques novamente”, disse a Guide.

Analistas do banco Santander disseram acreditar que a China vai usar o caso para barganhar preços mais baixos de carne.

A Reuters informou na véspera que o mercado do boi gordo “travou” e deixou frigoríficos no Brasil em compasso de espera, com abates suspensos em diversas regiões do país, especialmente aqueles que vendem carne para China.

Análise da agência também destacou que a suspensão das exportações de carne bovina do Brasil para a China pode durar menos tempo que a ocorrida em 2021. 

“Não acredito que a situação de 2021, quando o embargo começou em setembro e só caiu em dezembro, vai se repetir. É importante dizer que as relações diplomáticas agora são melhores do que no governo anterior”, disse à Reuters o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.

Ele acredita que, por se tratar de um caso isolado neste ano, o impacto sobre as exportações tende a ser limitado, e “tudo indica que essa suspensão vai até o mês de abril”.

(com Reuters)