Mills cai até 16% com Lava Jato, ALL salta 14% e exportadoras avançam; veja mais

Entre os destaques ainda estão os papéis das exportadoras que fecharam com fortes ganhos em meio à disparada do dólar

Paula Barra

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SÃO PAULO – A quarta-feira (11) voltou a ser negativa para a Bolsa, com o Ibovespa fechando com perdas de 0,56%, a 48.239 pontos. O principal destaque da sessão de hoje foram os papéis da ALL e da Cosan Logística, que dispararam após o Cade aprovar a fusão da companhia com a Rumo, com restrições. As exportadoras também seguiram no radar dos investidores com fortes altas em meio ao salto do dólar na sessão.

As ações da Petrobras também chamaram atenção em meio à notícia da Bloomberg de que a baixa contábil da estatal seria impossível de calcular. No entanto, em comunicado enviado à agência de notícias, a companhia disse que a divulgação do balanço auditado ocorrerá no final de abril, enquanto a emissão do mesmo ocorrerá só no final de maio.

Entre as quedas vale mencionar ainda a Marcopolo (POMO4, R$ 2,20, -4,76%), que fechou em sua quarta sessão seguida de quedas, sendo este o terceiro dia consecutivo com volume maior que duas vezes da média dos últimos 21 dias, de R$ 12 milhões. De acordo com informações da Reuters, cerca de 6 mil funcionários da fábrica da Marcopolo em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, estão votando hoje uma proposta de férias coletivas e outra de flexibilização de jornada, com o objetivo de adaptar a rotina da companhia à baixa demanda e, desta forma, evitar demissões. Como os colaboradores de diferentes turnos participam da votação, o resultado só deve ser conhecido na quinta.

Confira os principais destaques da Bolsa nesta quarta-feira:

ALL (ALLL3, R$ 5,10, +13,84%) e Cosan Logística (RLOG3, R$ 2,94, +8,89%)
A ALL e Cosan Logística dispararam hoje após o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) decidir pela aprovação da fusão entre a ALL e Rumo Logística, controlada pela Cosan (CSAN3), com restrições. De acordo com relatório diário da Guide Investimentos, a ALL terá que oferecer serviços para concorrentes. Como próximo passo, ambas companhias prosseguirão com os trâmites para efetivar a incorporação, com o acordo dependendo agora da aprovação da ANTAQ. “Mesmo com a recente alta, o papel segue negociando em torno de 3,6 vezes o EV/Ebitda estimado para 2015, um múltiplo muito interessante”, disseram os analistas da XP Investimentos. De quinta-feira para cá, os papéis da ALL já dispararam 40% e hoje fecharam na máxima do dia.

Petrobras (PETR3, R$ 8,85, +0,23%; PETR4, R$ 9,03, +1,23%)
As ações da Petrobras, que operaram instáveis durante o dia, fecharam com alta. Mais cedo, a empresa enviou comunicado à Bloomberg em que dizia que ainda é impossível precisar o valor da baixa contábil e que a divulgação do resultado auditado de 2014 deve sair no fim de maio. Estimativa do mercado apontava que divulgação poderia sair no fim de março. Ontem, o presidente da estatal, Aldemir Bendine, disse ao Jornal Nacional, na TV Globo, que o rombo de R$ 88 bilhões não será indicativo para baixa contábil. No entanto, de acordo com a estatal, o balanço auditado deverá ser divulgado no final de abril, enquanto a emissão ocorrerá apenas no final de maio.

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BB Seguridade (BBSE3, R$ 29,38, +0,24%)
A BB Seguridade teve seu preço-alvo cortado pelo Credit Suisse de R$ 41 para R$ 36, que manteve a recomendação em outperform (desempenho acima da média), citando que a empresa segue como sua preferida no setor (atrás apenas de Cielo no universo de financeiras excluindo bancos). 

Exportadoras
As ações das empresas exportadoras voltaram a ganhar força hoje com a disparada do dólar frente ao real, sendo este o caso da mineradora Vale (VALE3, R$ 21,10, +3,43%; VALE5, R$ 18,23, +2,88%), Bradespar (BRAP4, R$ 12,90, +4,79%), holding que detém participação na Vale, as siderúrgicas Gerdau (GGBR4, R$ 10,06, +3,29%) e Gerdau Metalúrgica (GOAU4, R$ 10,66, +4,31%) e a fabricante de aeronaves Embraer (EMBR3, R$ 25,48, +1,92%).

Além disso, a Vale disse que avalia que os preços do seu principal produto devem ter alguma recuperação, ficando acima de US$ 70 por tonelada no segundo trimestre e na maior parte do ano, com a saída de mais produtores de alto custo do mercado. O preço do minério na China, maior importador global da matéria-prima, está oscilando perto do menor nível desde 2009, com um aumento da oferta de grandes mineradoras e um crescimento menos intenso da demanda no gigante asiático. Somente em 2014 os preços caíram pela metade. 

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Mills (MILS3, R$ 5,90, -13,11%)
As ações da Mills fecharam com forte queda na sessão desta quarta-feira, após ter seus ratings rebaixados de Ba2 para Ba3 pela Moody’s ontem a noite. De acordo com a agência, o rebaixamento dos ratings se deu pois as perspectivas para a companhia são negativas uma vez que possuem exposição às companhias do setor de construção aqui no Brasil, que vêm sofrendo deterioração com a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga os casos de corrupção na estatal Petrobras com grandes construtoras. “De forma mais específica, a ação resulta da deterioração nos fundamentos do setor de construção pesada, em face dos escândalos de corrupção na Petrobras e de incertezas macroeconômicas no Brasil”, disse a agência.

BM&FBovespa (BVMF3, R$ 8,95, -3,76%)
A BM&FBovespa reportou seus números na noite de ontem, mostrando lucro líquido de R$ 232,8 milhões no quarto trimestre de 2014, alta de 28,5% ante mesmo período do ano anterior. A previsão média de analistas ouvidos pela Reuters apontava para lucro líquido de R$ 267 milhões. Para a XP Investimentos, o resultado foi neutro. 

Banco do Brasil (BBAS3, R$ 21,95, +1,11%)
O banco teve lucro recorrente acima do previsto no quarto trimestre, mas viu sua carteira de crédito crescer apenas um dígito em 2014, situação que pode se repetir neste ano, segundo suas próprias previsões. O BB informou que seu lucro líquido somou R$ 2,959 bilhões no período, recuo de 2,2% sobre a mesma etapa do ano anterior. A previsão média de analistas ouvidos pela Reuters era de lucro recorrente de R$ 2,908 bilhões. Para a Planner Corretora, o resultado foi bom, refletindo a estratégia de atuação do BB com foco em linhas de crédito de menor risco, controle das despesas e mudança no mix de capitação para reduzir os custos. 

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Gol (GOLL4, R$ 10,45, -3,42%)
As ações da Gol fecharam com leve queda após operarem com ganhos de até 4%, em meio à notícia de que os papéis da companhia foram adicionados à lista de “compra” de curto prazo do Deutsche Bank. 

Varejistas
As ações das varejistas fecharam no vermelho após as vendas do setor mostrarem recuo (-2,6%) em dezembro na comparação com novembro, bem acima do queda de 0,5% dada pela mediada esperada pelo mercado. Com o resultado, é provável que o IBC-Br, prévia do PIB, replique o nível de atividade mensal. O indicador será divulgado amanhã. Em reflexo, as ações do setor caem hoje na Bolsa, com destaques para B2W (BTOW3, R$ 19,87, -5,38%), Lojas Hering (HGTX3, R$ 17,26, -3,52%) e Arezzo (ARZZ3, R$ 25,10, -0,95%). 

Educacionais
Os papéis do setor de educação voltaram a cair forte hoje: Kroton (KROT3, R$ 9,60, -6,80%) e Ser Educacional (SEER3, R$ 11,50, -10,23%). A exceção era Estácio (ESTC3, R$ 16,00, +1,46%) e Abril Educação (ABRE3, R$ 11,95, +1,27%), esta última opera descolada do setor por não ter exposição ao Fies e com o anúncio de venda de controle à Tarpon. Hoje, o ministro da Educação, Cid Gomes, disse que amanhã vai anunciar decisão sobre o Fies e que quer regularizar fluxo pautando a qualidade, que o programa já passou da fase da quantidade. 

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Uma matéria do Valor mais cedo disse que o governo quer impor limites de orçamento para programas de financiamento estudantil. O Fies e Pronatec devem ter orçamento definido e não mais atender a demanda existente. Segundo a publicação, as negociações entre o Ministério da Educação e Ministério da Fazenda estão em curso e que Cid Gomes estaria muito receptivo às ideias de Joaquim Levy. 

Kepler Weber (KEPL3, R$ 32,00, -5,88%)
As ações da companhia voltaram a cair na Bovespa na sessão desta quarta, em seu segundo dia seguido de perdas. O movimento pode representar algum grande investidor vendendo os ativos, uma vez que a companhia é uma “small cap”, que tem pouca liquidez, como explica o analista da Coinvalores, Bruno Piagentini. “Não vimos nenhuma novidade que possa mudar os aspectos operacionais da companhia, por isso pode ser simplesmente algum fundo ou investidor se desfazendo dos papéis”. Sobre a questão hídrica, que poderia influenciar uma empresa que produz grãos, Piagentini comenta que até poderia influenciar na safra, mas a Kepler Weber ainda não sabe quanto isto será prejudicial, considerando que este não é o cenário base para a companhia. Vale mencionar ainda que os papéis caem após subir muito nos últimos anos, com valorização de 330% de 2 anos para cá.

Klabin (KLBN11, R$ 15,00, +0,33%)
A produtora e exportadora de papéis viu seu resultado operacional subir acima das expectativas no quarto trimestre, beneficiada pela desvalorização do real e controle de despesas e custos no período. Entre outubro e dezembro, a Klabin somou lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de R$ 508 milhões, alta de 15% na comparação anual e acima de projeção média de analistas, de R$ 469,5 milhões. O prejuízo líquido da companhia veio em linha com as expectativas dos analistas, a R$ 127 milhões no trimestre, contra projeção média de R$ 122 milhões. No mesmo período de 2013, a linha ficara positiva em R$ 22 milhões.

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All Ore (AORE3, R$ 0,28, +7,69%)
As ações da All Ore voltaram a fechar com forte alta na Bolsa com a notícia de que seu conselho de administração aprovou Paulo Fernando da Costa Kazaks, atual diretor presidente da Sweet Hair, como CEO (Chief Executive Officer) da empresa. A eleição é parte do “período de transição harmonioso para a transação” Sweet Hair/All Ore, informada em 27 de janeiro, quando as ações dispararam 69% na Bolsa. A All Ore, criada em 2008, decidiu abandonar seus projetos originais de identificação e exploração de mineração no País como ouro e minério de ferro e partir para o negócio de cosméticos e produtos de beleza.

Indústrias Romi (ROMI3, R$ 1,80, -0,55%)
A companhia informou na noite de ontem que teve queda de 64% na comparação anual no lucro líquido da companhia, passando para R$ 5,58 milhões. A companhia ainda informou ontem que o atual presidente da Romi, Livaldo Aguiar dos Santos, irá se aposentar mês que vem, com o conselho de administração da companhia indicando Luiz Cassiano Rosolen para o cargo.

Cremer (CREM3, R$ 15,55, -8,53%)
A Cremer viu suas ações fecharem com fortes quedas nesta sessão, que antecede os resultados da companhia que deverão ser divulgados ainda nesta noite. Os papéis fecharam na mínima intradiária.