Micos, resultados e “vaca louca”: 18 ações que tiveram forte oscilação nesta 5ª

Usiminas lidera perdas após teleconferência trazer preocupações para investidores; Gol dispara mais de 6% com notícia positiva sobre demanda de voos

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Apesar do dia positivo para o Ibovespa, a sessão desta quinta-feira foi marcada pela volatilidade, diante de um noticiário agitado tanto para blue chips quando para as small caps. Além disso, com um ritmo mais acelerado na temporada de resultados, diversas companhias refletiram a divulgação de seus balanços do primeiro trimestre. Foram 5 das 72 ações do índice registrando perdas de mais de 2%, enquanto 5 papéis fecharam com altas de mais de 2%.

Liderando as perdas do dia, chamaram atenção as ações da Usiminas (USIM5), que chegaram a subir 2,63%, mas fecharam com forte queda de 5,58%, cotadas a R$ 8,97, puxando também a CSN (CSNA3, R$ 8,96, -2,08%). A companhia surpreendeu positivamente o mercado com seu resultado, levando os papéis para alta, mas acabou virando após a teleconferência mostrar que os temores em relação ao setor siderúrgico continuam e que 2014 não deve ser um ano muito positivo.

Enquanto isso, a Dasa (DASA3, R$ 13,69, -1,79%) caiu forte dando continuidade às dúvidas diante de sua saída da Bolsa. Na véspera, a empresa divulgou comunicado informando que seu conselho de administração decidiu aguardar a decisão do processo junto à Câmara de Arbitragem do Mercado da BM&FBovespa para adotar quaisquer medidas.

Frigoríficos
Entre as maiores perdas do dia ficaram também as ações de frigoríficos, que foram penalizadas por conta de uma matéria do Valor que apontou sobre uma suspeita de caso atípico de “vaca louca” em Mato Grosso. Se a doença for mesmo confirmada, as exportações brasileiras de carne bovina podem ser prejudicadas, ainda que temporariamente. Em relatório, o Credit Suisse disse que mesmo sendo “atípica”, a notícia pode ter barulho no mercado e resultar em algum tipo de embargo às empresas do setor.

Nesta sessão, as ações do JBS (JBSS3), Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3) caíram 2,38%2,15% 1,18%, respectivamente, cotadas a R$ 7,80, R$ 10,03 e R$ 4,17. De acordo com comunicado do Ministério da Agricultura, um bovino que apresentava sintomas de uma “doença nervosa” foi encontrado caído em um frigorífico de Mato Grosso. Diante dos sintomas, fiscais agropecuários abateram o animal e enviaram amostras do tecido nervoso para análise no laboratório nacional agropecuário.

Natura
As ações da Natura (NATU3) fecharam com queda de 5,30%, a R$ 38,04, digerindo os resultados piores que o esperado da companhia no 1º trimestre de 2014. Embora as operações no exterior tenham mostrado forte crescimento entre janeiro e março, a competitividade no mercado interno segue pressionando os números da empresa. Dessa forma, embora a receita líquida tenha vindo em linha com o esperado para o trimestre (R$ 1,556 bilhão), o lucro líquido ficou 15,9% abaixo do previsto, somando R$ 117 milhões.

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“Classificamos o resultado como negativo, vindo abaixo das expectativas por conta do ambiente competitivo principalmente no mercado interno. Como o ano de 2014 é bastante desafiador e a companhia segue negociando a múltiplos elevados, acreditamos que as ações possam sofrer no curto/médio prazo”, afirmam os analistas da XP Investimentos em relatório.

Para os analistas da Ativa Corretora, a companhia está sendo um pouco pressionada por conta da realização de gastos em melhorias de sua estrutura de custos, investimento em marketing e inovação, e ainda se mantêm céticos com o mercado de produtos cosméticos, que segue altamente competitivo, o que demanda maiores esforços estratégicos por parte da Natura.

Papel e Celulose
Dando continuidade à temporada de balanços, as ações das empresas do setor de papel e celulose Fibria (FIBR3, -0,40%, R$ 22,55) e Klabin (KLBN4+1,82%, R$ 2,27) reagiram de forma diferente aos números do primeiro trimestre deste ano. Apesar de não ter divulgado resultado, as ações da Suzano (SUZB5) também se destacaram, com queda de 4,48%, a R$ 7,68.

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A Fibria encerrou o trimestre com volume de produção de celulose igual a 1,277 milhão de toneladas, alta de 1% sobre o mesmo período de 2013, em função das paradas programadas para manutenção (fábrica da unidade de Aracruz e Veracel) e menos dias de produção no período. O lucro líquido ficou em R$ 19 milhões no período, revertendo o prejuízo líquido de R$ 185 milhões apresentado no quarto trimestre do ano passado, mas ligeiramente abaixo dos R$ 24 milhões registrados no primeiro trimestre de 2013.

Já em relação à Klabin, a empresa triplicou seu lucro líquido no período na comparação com o primeiro trimestre de 2013, passando para R$ 607 milhões, bem acima do projetado por analistas de R$ 230,25 milhões. Segundo a XP Investimentos, “o bom resultado excluindo as variações cambiais, além da valoração do ativo biológico também explica o forte resultado da companhia”.

Gol
Na ponta positiva, as ações da Gol (GOLL4) dispararam 6,25%, cotadas a R$ 13,09. A arrancada dos papéis ocorreu em meio a notícia de que a demanda de voos domésticos no Brasil avançou 8,9% no primeiro trimestre sobre igual período do ano anterior, informou nesta quinta-feira a associação que compila dados das quatro maiores empresas aéreas do país, Abear.

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A TAM seguiu na liderança do mercado no mês, com fatia de 38,9%, seguida pela Gol, com participação de 36,2%. Os resultados foram praticamente estáveis sobre um ano antes, quando empresa do grupo LATAM Airlines respondeu por 39,5% do mercado, e a Gol por 36,4%.

Bancos
O Bradesco (BBDC3, R$ 34,97, +1,95%BBDC4, R$ 33,60, +1,82%) viu suas ações subirem forte após a divulgação do balanço do 1º trimestre de 2014, com o bom resultado apresentado aumentando a expectativa de uma tendência positiva para o setor financeiro em 2014. Na comparação dos primeiros três meses deste ano com o mesmo período de 2013, a carteira de crédito cresceu 10,4%, para R$ 432,3 bilhões, enquanto o índice de inadimplência superior a 90 dias de 4,0% para 3,4%. Já a margem financeira de juros atingiu R$ 11 bilhões, 4,2% superior ao que foi visto no 1T13. 

Dessa forma, o lucro líquido ajustado atingiu R$ 3,473 bilhões, alta de 8,6% ante o 4º trimestre de 2013 e de 18,0% em relação aos primeiros três meses do ano passado, informa o banco. O resultado veio levemente acima da expectativa do mercado, que esperava ganhos de R$ 3,392 bilhões. Além do Bradesco, Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 36,50, +2,16%) e seu braço de investimentos, Itaúsa (ITSA4, R$ 9,87, +2,17%), também registraram alta neste pregão.

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Fleury
As ações da Fleury (FLRY3) fecharam com forte queda de 6,95%, a R$ 15,40, após uma notícia da Revista Exame afirmar que a Gávea Investimentos ofereceu R$ 15,00 por ação para adquirir o controle da empresa de laboratórios e diagnósticos. O valor é bem abaixo do que era ventilado no mercado desde o final de fevereiro.

No dia 28 de fevereiro, fontes ouvidas pelo InfoMoney disseram que a gestora do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, estaria disposta a pagar R$ 22,50 por cada ação da Fleury. Antes da notícia, os papéis da companhia haviam subido por 6 pregões seguidos, saltando de R$ 18,20 para R$ 20,00. A informação de que a Gávea articulava uma oferta só foi confirmada pela companhia no dia 12 de março.

A partir dali, as ações começaram a cair em meio à ausência de novidades concretas sobre a OPA (Oferta Pública de Aquisição), até que no dia 11 de abril os papéis FLRY3 despencaram 8,31%, para R$ 17,10, com um volume bastante acima da média – duas boas sinalizações de que más notícias sobre a compra poderiam aparecer no mercado. A “explicação” dada pelo mercado é de que a Gávea iria reavaliar sua oferta após uma auditoria feita dentro da Fleury encontrar algumas deficiências.

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Vanguarda Agro
Fora do Ibovespa, chamou atenção a ação da Vanguarda Agro (VAGR3), que subiu 3,25%, a R$ 3,18, após divulgação do resultado do primeiro trimestre. A empresa registrou lucro líquido de R$ 33,183 milhões entre janeiro e março, o primeiro da gestão de Azevedo Moura. Em igual período do ano passado, a companhia teve prejuízo líquido de R$ 51,359 milhões. A receita líquida da companhia totalizou R$ 327,913 milhões, alta de 59,5% em relação aos R$ 205,510 milhões registrados no mesmo trimestre ano anterior.

BR Insurance
A BR Insurance (BRIN3) continua em um cenário complicado na Bolsa. A empresa viu seu papel desabar 62,9% em cinco pregões depois um resultado do pavoroso do quarto trimestre divulgado em 28 de março. Apenas neste pregão, os papéis recuaram mais 6,57%, cotados a R$ 9,25. Diante desse cenário ruim, chamou atenção um movimento de diretores e conselheiros da companhia, que há alguns meses venderam milhares de ações da BR Insurance.

JB Duarte
Após disparar mais de 100% nos últimos três pregões, as ações da JB Duarte (JBDU4) registraram perdas de 4,00%, a R$ 0,24, nesta quinta-feira. Além do desempenho das ações, o volume tem chamado bastante atenção para a companhia. Porém, após ser questionada pela CVM sobre o movimento, a companhia afirmou desconhecer qualquer motivo dessas fortes altas.

Embora não tenha nenhum comunicado novo, a empresa disse entender que a oscilação das ações pode estar representando um movimento de correção já que neste ano a ação da companhia registra queda de 11,54%.

Renar Maçãs
A Renar Maçãs (RNAR3) viu suas ações atingirem ganhos de 29,41%, cotadas a R$ 0,22. A companhia anunciou na noite da véspera seu guidance para 2014. A companhia estima um crescimento de 13% a 22% na receita este ano, com margem Ebitda (Ebitda/Receita Líquida) de 13% a 18%, representando R$ 7 milhões a R$ 9 milhões. A Renar projeta terminar 2014 com uma dívida líquida de R$ 38 milhões a R$ 42 milhões, uma redução de 27% a 34% na comparação com o ano anterior, com prazo médio de 7 anos. No ano passado, o prazo médio era de 6 anos.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.