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Sob o fogo cruzado dos movimentos de protestos da oposição, das pressões do PMDB e de aliados pelo aumento dos ministros do STF e do PSDB contra o reajuste, das resistências de aliados à PEC do Teto de Gastos e desde sexta-feira das denúncias do ex-advogado-geral da União, Fábio Medina Osório, de que no Palácio do Planalto trama-se contra a Operação Lava-Jato, o presidente Michel Temer decidiu falar duro pela primeira vez desde que está no presidência, tanto interinamente como agora como efetivo.
Em entrevista exclusiva a “O Globo” de domingo ele garantiu que não abre mão do “conceito de teto”, sem exceções inclusive para as áreas de saúde e educação e disse, pela primeira vez desde sempre, que é contra o aumento do salário dos ministros do Supremo. Diz-se disposto a “tomar posições que podem desagradar a setores”.
Seria o encerramento, onze dias depois de efetivado, do que se pode chamar de “síndrome da interinidade” que marcou até agora a presidência Temer. E que estava fazendo muito mal ao governo porque levava à desconfiança de que o presidente não tinha força suficiente para enfrentar no Congresso os desafios para colocar a economia brasileira nos eixos. É a promessa de “um novo” Temer, diferente do presidente meio assustado que apareceu em público na semana passada?
O recado mais duro parece ter já surtido algum efeito. Segundo ainda “O Globo”, agora em sua edição desta segunda-feira, o PMDB já estaria recuando de sua disposição de aprovar o aumento salarial para o Supremo. Até Renan Calheiros e o líder do PMDB, senador Eunício de Oliveira, maiores defensores do ajuste, estariam dispostos a rever suas posições, deixando a decisão para outra ocasião. Renan queria liquidar tudo na quinta-feira.
Na linha de passar à ação, pacote de concessões deve ser lançado amanhã, segundo o responsável por ele, Moreira Franco. As primeiras concessões devem incluir os aeroportos de Fortaleza, Florianópolis, Salvador e Porto Alegre. Também deve ser anunciada a venda de ativos do setor elétrico em poder da Eletrobras. Os leilões não terão restrições ao capital estrangeiro. Além do BNDES, a Caixa Econômica e o Banco do Brasil poderão financiar os concorrentes.
Ainda na área de concessões e privatizações, informa a “Folha de S. Paulo” que o governo pretende relicitar as concessões de rodovias e aeroportos feitas na gestão Dilma Rousseff que não estiverem cumprindo seus contratos.
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SÓ UM MILAGRE SALVA
EDUARDO CUNHA HOJE
Dois eventos políticos vão dominar a atenção hoje, além das peripécias do governo Temer com seus aliados e seus projetos de ajuste fiscal.
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O primeiro é a posse da ministra Carmem Lúcia, sem pompa e circunstâncias, bem discreta, na presidência do Supremo Tribunal Federal, em substituição a Ricardo Lewandowski. Por formação e estilo, a expectativa é que a mineira de Montes Claros leve o STF a atuações mais técnicas e a um menor protagonismo político. Seu discurso de posse é aguardado com grande expectativa nos meios jurídicos e políticos.
O segundo é o julgamento pelo plenário da Câmara do processo de cassação do deputado Eduardo Cunha. Esgotados todas os procedimentos jurídicos possíveis e ainda tentativas inimagináveis de “chicanas”, o destino do deputado fluminense parece definitivamente selado.
De acordo com levantamentos feitos pelos principais veículos brasileiros, há pelo menos 300 parlamentares dispostos a votar pela cassação, e sem concessões – ou seja, sem o mesmo fatiamento da votação de Dilma no Senado, que permitiria a Cunha pelo menos manter seus direitos políticos.
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Cunha vai ele mesmo fazer sua defesa, passou os últimos dias entre apelos aos aliados e ameaças veladas de uma “delação premiada”, porém apenas um milagre, que ninguém vê no horizonte, pode salvá-lo. Sua última esperança é faltar quorum para a votação. São necessários 257 votos para encerrar a vida política do ex-presidente da Câmara. E em tempos eleitorais, poucos deputados teriam coragem de dar as caras hoje em Brasília para votar contra a cassação.
Outros destaques
dos jornais do dia
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– “BNDES: novas concessões vão ter taxas de retorno atrativas” (Folha)
– “Estados aderem à privatização do serviço de saneamento” (Globo)
– “Aumentam os dissídios e os reajustes parcelados” (Valor)
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– “Montadoras e revendas de carros cortam 200 mil vagas” (Estado)
– “Análise de quase 115 mil doações eleitorais constatou indícios de irregularidades em 38.985” (Valor)
LEITURAS SUGERIDAS
1. Paulo Guedes – “Mudar ou morrer” (diz que a velha política vai morrer e quem não mudar vai morrer junto com ela) – Globo
2. Editorial – “Tempo esgotado” (diz que é hora de a Câmara cassar, sem mais manobras, protelação e abrandamento o mandato de Eduardo Cunha) – Folha
3. Marcos Nobre – “O próximo alvo” (diz que Renan pode ser para Temer o que Cunha foi para Dilma e que a persistir a lógica do inimigo número um vai se instalar uma disputa de morte na base aliada) – Valor
4. Editorial – “Um Judiciário judicante” (diz que a posse da ministra Carmem Lúcia na presidência do Supremo é garantia de que o Poder Judiciário será – apenas e tão somente – um poder judicante, conforme preceitua a Constituição) – Estado
Destaques dos jornais
do fim de semana
SÁBADO
– “Alimentos perdem força e inflação em agosto desacelera” (Folha/Estado/Globo)