Mesmo com 2T24 mais fraco, Petrobras deve pagar dividendos ainda fortes, diz analista

Menor produção no trimestre e desvalorização do real frente ao dólar não devem atingir fluxo de caixa livre da estatal

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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A Petrobras (PETR4) reporta o balanço do segundo trimestre do ano (2T24) no próximo dia 8, mas os resultados de produção divulgados nesta terça (30) já agitaram o mercado em torno dos possíveis números a serem reportados pela estatal.

Regis Cardoso, analista de óleo e gás da XP, participou nesta quarta-feira (31) do Morning Call da XP e afirmou que já se espera um resultado mais fraco na comparação sequencial, com um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) menor no 2T24.

“A gente deve ter um Ebitda de US$ 11,6 bi, que é uma queda de 7% na comparação trimestral”, disse. Mas ele ressalta que em reais o resultado ficaria próximo da estabilidade. Pelos cálculos, esse Ebitda seria de R$ 60 bilhões, com uma queda de um pouco mais de 1,5% na comparação trimestral.

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Petrobras (PETR4) teve queda na produção

“A razão dessa queda é uma menor produção do trimestre, que caiu 3,6% muito em função de paradas de produção, a maior parte delas programada”, ressaltou.

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Outra razão que a XP vê na queda sequencial do Ebitda em dólar é a desvalorização do real. “A Petrobras manteve o preço da gasolina e do diesel estável em reais, ela não seguiu essa variação do dólar”, destacou.

Segundo o analista, o petróleo no mercado internacional subiu 1,2% na comparação trimestral. “A gente tem um resultado que deve ser de uma queda sequencial e nós, da XP, estamos um pouco mais conservadores do que a média do mercado”, disse.

Lucro impactado por acordo tributário

Sobre o lucro no 2T24, ele será muito afetado por um acordo tributário, conforme Regis Cardoso. “Essa é uma informação já amplamente conhecida do mercado, mas o fato é que isso deve levar um lucro bem baixo, bem próximo de zero, de US$ 146 milhões”, afirmou.

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Mas, para o analista, o principal tema de atenção dos investidores não deve ser o lucro líquido da Petrobras, porque grande parte desse efeito não é caixa, mas sim os relacionados aos depósitos judiciais, créditos tributários e pagamentos diferidos.

“Mais importante que o lucro deve ser o fluxo de caixa da empresa. E nesse quesito, espera-se resultados ainda fortes, com geração de caixa livre de US$ 3,7 bilhões”, disse.

“Nessa geração de caixa, US$ 2,7 bilhões devem virar dividendos, o que representa uma rentabilidade de 3,8% no trimestre”, complementou.