Entre captação bilionária do Mercado Livre e alta de juros, varejistas de e-commerce despencam; Magalu (MGLU3) tem baixa de 12%

XP destacou ver notícia da captação como negativa para as empresas do setor, uma vez que deve adicionar pressão à competição no país

Equipe InfoMoney

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O Mercado Livre (MELI34) captou US$ 1,55 bilhão em sua primeira oferta de ações em mais de dois anos. A empresa de comércio eletrônico vendeu um milhão de ações a US$ 1.550 cada, segundo comunicado, o que representa um desconto de 5% em relação ao preço de fechamento na segunda-feira.

A varejista planeja utilizar os recursos levantados em “propósitos corporativos gerais”, de acordo com prospecto publicado na segunda-feira.

O crescimento do Mercado Livre tem sido acelerado desde 2020 na esteira da pandemia de coronavírus, com um número cada vez maior de consumidores que compram online e que usam opções de pagamento digitais. A empresa continuou a atingir marcos no terceiro trimestre: em e-commerce, registrou volume recorde de mercadoria bruta de US$ 7,3 bilhões, enquanto no braço de fintech a carteira de crédito cresceu para mais de US$ 1,1 bilhão.

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“Nosso perfil de geração de caixa atual é suficiente para financiar nossos próximos investimentos, mas queremos a flexibilidade para acelerar sem ter que acessar os mercados com pressa”, disse André Chaves, vice-presidente sênior da empresa, em entrevista à Bloomberg. “O foco dos investidores está no longo prazo.”

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Chaves destacou as grandes necessidades decorrentes da expansão das iniciativas de logística, uma das áreas de expansão da empresa na região. Ele acrescentou que não há aquisições de valor equivalente ao da oferta no pipeline da companhia.

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As ações do Mercado Livre caíram até 7,2% na abertura em Nova York nesta terça-feira, fechando com forte queda de 5,61%, a US$ 1.541,55.

A empresa vendeu ações pela última vez em março de 2019, quando levantou US$ 1,9 bilhão por meio de uma oferta pública de ações que incluiu um investimento direto de empresas como o PayPal. No início deste ano, o Mercado Livre fez uma emissão de US$ 1,1 bilhão em títulos que incluíram uma tranche de US$ 400 milhões em dívida sustentável. Na ocasião, a varejista informou que parte dos recursos seria destinada à expansão da frota de veículos elétricos para entregas.

Após levantar capital, o Mercado Livre poderia investir mais em logística, expandir serviços e produtos e também aumentar seu poder de barganha em estoques, segundo Ignacio Arnau, gestor da Bestinver Asset Management, em Madri. Uma possível operação de M&A também “poderia, sem dúvida, economizar muito tempo e dinheiro”, disse Arnau.

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Morgan Stanley, J.P. Morgan Securities e Goldman Sachs coordenaram a venda. Os bancos têm opção de comprar outras 150.000 ações nos próximos 30 dias.

Notícia negativa para o setor

Em breve comentário, a XP destacou que vê a notícia como negativa para as empresas do setor de e-commerce, uma vez que dá maior liquidez para o líder de mercado no Brasil, o que deve adicionar pressão à competição no país.

As ações do Magazine Luiza (MGLU3) tiveram mais um dia de forte baixa, fechando a sessão desta terça-feira abaixo dos R$ 10: os ativos caíram 12,65%, a R$ 9,74,  enquanto os ativos da Americanas (AMER3) tiveram baixa de 8,77%, a R$ 34,12,  e os papéis da Via (VIIA3) fecharam com baixa de 7,73%, a R$ 5,73.

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Isso em um cenário visto como já negativo para a maior parte das empresas do setor e em um dia já de forte queda para as varejistas, pressionadas pelo cenário de alta de juros no país. Cabe ressaltar que, na última sexta-feira (12), os ativos MGLU3 fecharam em forte baixa de mais de 18% em reação aos resultados, enquanto a Americanas (AMER3) fechou com ganhos de cerca de 6%, boa parte deles devolvidos nesta sessão. Por outro lado, os ativos da Via (VIIA3) tiveram baixa forte na quinta-feira (11), também como reação aos resultados.

Traçando um panorama geral para o segmento após os resultados, a XP ressaltou que, mesmo diante de um trimestre marcado pela forte base de comparação e maior competição, os canais online das companhias continuaram a crescer na comparação anual.

Olhando para a métrica de GMV online, a Via reportou um crescimento de 33% na base anual, acima de Americanas (alta de 30%), Magalu (alta de 22%) e Mercado Livre (alta de 28%), impulsionada pela contínua aceleração de seu marketplace
(com alta de 133%). Porém, no varejo físico, o GMV permanece abaixo dos níveis de 2019 mesmo diante da retomada das atividades e maior circulação de clientes para a Via (queda de 9%) e Americanas (baixa de 3%), sendo a Magalu a exceção (alta de 9%).

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Já em relação à rentabilidade, Magalu apresentou a pior margem Ebitda (4,1%) e Americanas (11,8%) registrou a melhor, enquanto todas as companhias queimaram caixa no trimestre. Via, Americanas e Magalu tiveram queimas de caixas respectivas de R$ 830 milhões, R$ 635 milhões e R$ 270 milhões, decorrente do reforço nos níveis de estoque para a temporada de compras de fim de ano.

Os analistas da XP possuem recomendação equivalente à neutra para as três ações, com preço-alvo de R$ 10 para o papel VIIA3, de R$ 45 para AMER3 e de R$ 18 para MGLU3.

Já o Credit segue com recomendação equivalente à compra tanto para Magalu, com preço-alvo de R$ 15, e para AMER3, com preço-alvo de R$ 42, enquanto reduziu a recomendação para a ação da Via na véspera para equivalente à venda em meio aos passivos trabalhistas.

Os analistas do banco apontaram reconhecer que o curto prazo seria difícil para as empresas de e-commerce no Brasil, dados os desafios impostos pelo ambiente macroeconômico e difíceis bases de comparação, sendo que os resultados apresentados não mudaram drasticamente a visão deles.

Ainda assim, acreditam que vale a pena destacar alguns fatores que poderiam suportar uma melhoria lenta e gradual nas lojas físicas. A demanda por eletrônicos e eletrodomésticos deve permanecer fraca; no entanto, aponta que a Black Friday a não enfrentará restrições de mobilidade como foi o caso em 2020, apoiando a demanda.

(com Bloomberg)

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