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Mercado está mais “parrudo”, mas ainda estamos na Idade da Pedra, diz Sérgio Machado

Sérgio Machado, gestor CVM com mais de 40 anos no mercado, vê as correlações de mercado no Brasil mudadas em relação ao que era no passado

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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Com mais de 40 anos de mercado, Sérgio Machado, gestor de investimentos com certificação da CVM, já foi tesoureiro de instituições financeiras, conviveu com muitos traders e viu vários momentos bons e ruins na Bolsa. No entanto, apesar de reconhecer a evolução do mercado brasileiro, afirma: ainda estamos muito longe da realidade no exterior.

“Hoje, o mercado está muito mais parrudo, tem muito mais opção, mas ainda olhando perto do quem tem lá fora, nós estamos na Idade da Pedra. E não é só no mercado de ações, mas no mercado de dívida púbica, que tem um monte de derivativos. Tem ainda o mercado de crédito privado. É um negócio muito mais sólido do que aqui”, compara ele.

Sérgio Machado participou do programa Arte do trade, no estúdio montado no espaço Arena Trader, dentro da Expert XP 2024. O gestor conta que teve contato no século passado com os primeiros gráficos virtuais voltados para o sistema financeiro.

Cada grafista com seu modelo

“Em 1988, começou a ter as primeiras gerações de gráficos online (com o movimento das ações). Antes, se puxava dados de uma plataforma, desenhava o gráfico e se imaginava o que ia acontecer. Então se tinha uma coisa mais preditória”, diz.

Hoje, ele vê a análise de gráficos essencial. “O gráfico tem uma coisa interessante porque não tem dois grafistas que possuem o mesmo setup (base para tomada de decisão de compra e venda). E funciona para ambos”, ressalta.

“O trader tem que descobrir seu caminho, fazer o que funciona. Vai testando e fazendo aquilo que responde para o seu operacional”, diz.

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Comportamento dos ativos

“Gráfico é estatística visual. Como funcionou, abriu, fechou, quanto teve de volume. Daí se pega as médias e outros dados, tudo em cima dessa estatística, para ter uma visão maior de como os preços estão se comportando”, explica.

“Os pontos mais importantes (do gráfico) são suporte e resistência porque mostram como os preços se comportam ao longo do tempo. Vai se ter tendências maiores de vendas e tendências maiores de compras”, analisa.

Para Sergio, isso é o ponto de partida de qualquer trader. O gestor afirma que tanto o suporte quanto resistência “são extremamente explicativos” de como os preços dos ativos se definem.

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“Então, comece com suporte e resistência, qual o comportamento que eles têm, para saber o ‘jeitão’ que o ativo reage”, afirma. “Depois, entram as médias móveis, que é onde estão concentrados os preços”, acrescenta.

Humildade e disciplina

Sérgio Machado vê como fundamental no trade “humildade e disciplina”. “Se entrar (na operação) para fazer uma coisa, tem que saber antes o que será feito e não esquecer disso”, afirma.

Sobre as correlações do mercado, ele acha que eles estão “sujas”. “Teoricamente, o mercado brasileiro teria um comportamento assim: juro para baixo, melhora a bolsa e o dólar cai também. Mas hoje em dia isso não acontece”, diz.

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“Tem que ampliar a visão porque as vezes a razão descola por um motivo exógeno (externo). Quando a correlação era mais fechada, tudo bem. Hoje, não dá para fazer isso”, explica ele para aqueles que trabalham com análises macroeconômicas.