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SÃO PAULO – A onda de pânico gerada pela China não passou e seus efeitos, embora sejam sentidos ao redor do mundo, faz pressão especialmente nos emergentes. O desconforto com o ambiente econômico, aliado ao peso da política interna, leva o dólar a disparada nos últimos dias, que atinge hoje R$ 3,6442 na venda, figurando no maior patamar em mais de 12 anos.
“O mercado está ficando muito perigoso e cada vez mais esticado em meio ao pânico da China, temor do Federal Reserve subir juros (ou vir com discurso duro em setembro) e a dramática situação política”, comenta o diretor de câmbio José Faria Júnior, da Wagner Investimentos.
Para ele, os pontos de entrada no câmbio ficaram para trás e o rumo é para alta, caminhando no longo prazo para os R$ 3,85. “As chances de uma volta para a região de R$ 3,40, na minha opinião, estão afastadas nesse momento”, disse.
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O real segue o caminho de outros moedas ligadas a commodities (dólar australiano e canadense) – todas na menor patamar contra o dólar neste ano -, mas com um peso a mais, dado que o CDS (Credit Default Swaps), uma espécie de seguro contra calote brasileiro, de cinco anos está em 350 pontos, precificando um junk do rating do País, comentou Faria Júnior.
No campo interno ainda há uma dramática situação política, pontua. “Tememos a renúncia de Joaquim Levy (ministro da Fazenda) e até mesmo novas eleições, os cenários mais críticos”. Na agenda, consta há alguns dias atos contra Dilma Rousseff em pleno dia útil, uma nova estratégia de protesto.
Olhando para fora, a situação segue alarmante. O índice Vix, também conhecido como índice do medo, ainda segue extremamente alto, mais de 200% acima da média do ano. “Acreditamos que o mercado vai demorar um tempo para cicatrizar essas feridas, torcendo para que o pior já tenha passado”, complementa.