Mercado de crédito está aquecido, mas juro alto pede seletividade na escolha do ativo

Dependendo do produto, considerando debêntures, CRIs e CRAs, chega a mais de 100% o crescimento nominal em relação a 2023

Augusto Diniz

Conteúdo XP

Publicidade

Mayara Rodrigues, analista de renda fixa da XP, participou do programa Morning Call da XP, e disse que se comparar com o ano anterior, “claramente” se vê um mercado de crédito muito mais aquecido.

“Em 2023, a gente teve aqueles eventos corporativos, da Americanas e da Light, e isso mexeu muito com o mercado, fechando até um pouco as concessões de crédito”, disse.

Crescimento nominal de mais de 100%

“Quando se analisa esse ano de 2024, o crescimento está bem maior. Dependendo do produto que a gente avaliar, considerando debêntures, CRIs e CRAs, chega a mais de 100% o crescimento nominal ano contra ano, se pegar de janeiro a setembro”, afirmou.

Continua depois da publicidade

Segundo a analista, isso significou para o mercado de crédito em geral aumentou de volume de captações dos fundos de renda fixa, muito por conta de um cenário mais propício para essa classe de ativo, com a taxa Selic mais alta.

“Em contrapartida, essa forte demanda tem contraído os spreads de crédito. Ou seja, aquele prêmio de risco adicional por investir em crédito privado”, ressaltou.

Em outra vertente, vê-se a atividade econômica forte. “Isso acaba sustentando os resultados das empresas nesse curto prazo. As estimativas das empresas no terceiro trimestre são fortes em termos de receita e Ebitda, muito por conta dessa atividade aquecida”, acrescentou.

Continua depois da publicidade

Selic preocupa

Mas sabe-se que se vive no país hoje uma política monetária contracionista, ou seja, taxa Selic e inflação elevadas. “A gente sabe que isso acaba afetando algumas empresas, ou seja, pressionando um pouco as métricas de crédito”, disse. “Elas são afetadas de diferentes formas nesse contexto”, complementou.

Para a analista, as empresas não estão imunes ao ciclo de juros alto prolongado. “Isso demanda atenção”, afirma.  Mayara Rodrigues, no entanto, vê as grandes empresas, em geral, preparadas para passar por este momento de Selic mais alta.

“Mas na nossa visão não é o momento de se arriscar, mesmo com a grande oferta de produtos de crédito privado. Até por conta desse cenário macroeconômico. O foco é manter a seletividade das empresas”, diz ela sobre a escolha de ativos de renda fixa disponíveis no mercado.