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(Bloomberg) — As importações de carne bovina da China estão diminuindo em meio à desaceleração do consumo e à ampla oferta interna, desferindo um golpe no seu maior fornecedor, o Brasil.
Dados oficiais mostram que o valor das importações de carne bovina pela China caiu no ano passado pela primeira vez desde pelo menos 2016, com os preços recuando para o nível mais baixo em quase três anos. Os volumes de importação deverão cair 4% este ano, encerrando 12 anos consecutivos de ascensão meteórica, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA.
A situação realça os riscos de depender fortemente de um único cliente: a China foi o destino de mais de 52% das vendas de carne bovina do país sul-americano no ano passado, mesmo depois de suspender as importações durante cerca de dois meses devido a um caso de doença da vaca louca. Embora os frigoríficos do país tenham procurado diversificar as suas exportações, as alternativas permanecem limitadas.
“O Brasil depende muito da China – se houver um contratempo na China, isso afetará muito o Brasil”, disse o analista da XP Investimentos, Leonardo Alencar.
Prejuízos em frigoríficos
A exposição descomunal à China prejudicou os lucros dos frigoríficos. A Minerva SA, maior fornecedora de carne bovina da América do Sul, viu a receita de exportação encolher quase 18% em 2023. A operação de carne bovina da América do Sul da Marfrig Global Foods SA teve um declínio de quase 26%.
As participações dos exportadores foram mistas este ano. As ações da Minerva caíram 19%, enquanto a Marfrig subiu cerca de 10%. A JBS SA, maior fornecedora do mundo, caiu 6,8% no acumulado do ano.
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A participação da China no comércio global de carne despencou desde o pico de 2020, após um aumento na oferta interna de carne. O país deverá produzir 7,7 milhões de toneladas métricas este ano, um aumento de 1 milhão de toneladas em relação a 2020, de acordo com o USDA. Além disso, uma desaceleração económica levou os consumidores a procurar proteínas mais baratas.
“Os agricultores locais estão desistindo da criação de gado e fazendo um abate massivo de novilhos”, disse Fernando Galletti de Queiroz, presidente executivo da Minerva, no mês passado, em teleconferência com analistas.
O aumento da concorrência da Austrália também pressionou o preço que os importadores chineses estão dispostos a pagar, disse o CEO da JBS, Gilberto Tomazoni, durante a teleconferência de resultados da empresa.
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Problema temporário?
No entanto, a maioria dos analistas prevê que o recuo da China será temporário e que o país asiático continuará a ser um grande motor de crescimento para os exportadores de carne bovina do Brasil, uma vez que os níveis de consumo de capital ainda estão abaixo da média global.
A China pode até se tornar mais relevante nos próximos anos, depois que o país liberou no mês passado mais 24 fábricas brasileiras de carne bovina para exportação. A JBS disse na sexta-feira que em breve dobrará a capacidade de uma de suas maiores instalações brasileiras após receber luz verde.
O aumento do número de instalações aprovadas significa “um passo gigantesco para o agronegócio brasileiro”, disse Tomazoni na sexta-feira, durante cerimônia para comemorar o primeiro embarque de carne bovina para a China a partir das instalações da empresa em Campo Grande.
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Com as novas aprovações, o Brasil poderá ver sua participação nas importações de carne bovina da China aumentar para até 60% em alguns anos”, segundo João Otavio Figueiredo, chefe da divisão pecuária do grupo de consultoria Datagro.
Na verdade, o Brasil está buscando novos clientes em um esforço para diversificar. O governo abriu novos mercados para a carne bovina no México e em Cingapura. Mas o potencial de expansão ainda é insignificante em comparação com o enorme mercado da China.
“A China é um grande parceiro comercial do Brasil e continuará sendo por muito tempo”, disse Alcides Torres, fundador da consultoria Scot Consultoria. “Aumentámos as nossas exportações para outros destinos, mas não o suficiente para substituir os chineses.”
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