Mercado aguarda detalhes de desregulação e taxas de importação nos EUA, diz analista

Apesar de falas e assinaturas de ordens executivas, ainda é vago medidas de Trump em torno de temas que mexem de imediato com as ações

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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Marina Irene Jordão, analista global da XP, participou nesta quarta (22) do programa Morning Call da XP e disse que, no quesito tarifas de importação, o presidente Donald Trump ainda não endereçou valores, embora tenha tratado do tema na posse de forma dura.

Ela lembrou que quando o republicano saiu vitorioso nas eleições, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano (treasuries) subiram e um dos motivos era justamente a possível taxação de importados, que podem pressionar a inflação.

“Mas a gente viu depois uma acalmada nas taxas de treasuries mais longas, especialmente por conta de sinalizações mais positivas de Trump tanto sobre o fiscal como das tarifas”, disse. Segundo ela, as escolhas do republicano para compor a equipe econômica do governo foram vistas como mais moderadas pelo mercado do que se esperava, e esse foi um dos motivos para a diminuição da pressão nos títulos americanos.

Congelamento regulatório

“Trump falou de forma muito vaga (na posse) e não endereçou valores (sobre tarifas de importação). O que mantém a incerteza do mercado ao redor desse tema. Não se sabe exatamente para onde isso vai”, afirmou.

Sobre as inúmeras ordens executivas assinadas por Trump após assumir a presidência, Maria Irene Jordão destacou o congelamento regulatório no país até que o governo esteja estabelecido e possa rever o arcabouço.

“O tema de desregulação é um dos principais que a gente vê aqui. Não foi anunciado nada específico. Mas é um dos grandes carros-chefes do governo e deve puxar as ações de setores como de energia e óleo e gás, e também o financeiro, além de serviços de seguros e saúde”, comentou.

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A analista também ressaltou que segue sem definição o corte de tributos federais, que devem mexer com as empresas.

Sobre o tema de imigração, amplamente abordado por Trump desde a posse até aqui, ela diz ter potencial inflacionário a depender do número de deportações que podem vir a acontecer. “O crescimento da população americana tem seu aumento vindo de imigração, o que tira pressão de inflação e do mercado de trabalho”, ressaltou.