Membros do Fed modulam tom de Powell, mas mercado segue convicto em corte no 1º tri

Os comentários sugerem um afrouxamento monetário mais tímido do que operadores esperam

Estadão Conteúdo

Presidente do Federal Reserve, Jerome Powell fala durante entrevista após reunião do Fomc (Chip Somodevilla/Getty Images)
Presidente do Federal Reserve, Jerome Powell fala durante entrevista após reunião do Fomc (Chip Somodevilla/Getty Images)

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Decretado o fim do silêncio obrigatório após a decisão da última quarta-feira, dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) já começam a modular o tom considerado “dovish” do discurso do presidente da instituição, Jerome Powell, que alimentou o otimismo de investidores por uma relaxamento agressivo monetário no que vem. Apesar das ponderações, o mercado mantém a aposta firme de que o banco central reduzirá a taxa básica em 150 pontos-base já a partir de março até dezembro.

Nesta sexta-feira pela manhã, o presidente da distrital de Nova York, John Williams, avisou que ainda é cedo para começar as discussões sobre quando o Fed começará a afrouxar a postura. À CNBC, o dirigente reconheceu que a inflação está em declínio, mas adotou cautela ao dizer que é preciso avaliar mais dados.

À tarde, o líder da regional de Atlanta, Raphael Bostic, disse à Reuters que espera cortes “em algum momento do terceiro trimestre” se o alívio inflacionário continuar conforme o esperado. Segundo ele, mais progressos devem ser necessários para, assim, garantir duas quedas em 2024.

Os comentários sugerem um afrouxamento monetário mais tímido do que operadores esperam. A curva futura atualmente embute ao redor de 70% de chance de que o Fed comece a cortar a taxa básica em março, conforme monitoramento do CME Group. A ferramenta também aponta o cenário mais provável de uma queda acumulada de 150 pontos-base até o fim do ano.

As apostas foram intensificadas na última quarta-feira, quando Powell admitiu que as discussões sobre um abrandamento da política estiveram na mesa de forma preliminar, durante o encontro que definiu a manutenção dos juros entre 5,25% e 5,50%.

A mediana das projeções dos integrantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) indicou expectativa de três cortes no ano que vem. “Acreditamos que a nossa taxa provavelmente está no seu pico ou perto dele neste ciclo de aperto”, disse Powell.

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O cenário levou o presidente da distrital de Chicago do Fed, Austan Goolsbee, a defender nesta sexta que a instituição volte a focar no lado do emprego do mandato duplo. Em entrevista ao The Wall Street Journal, o dirigente evitou descartar que o banco central americana siga a precificação do mercado e já corte em março.

Entre analistas, já há quem acredite que o Fed se curvará às apostas de investidores. O Goldman Sachs mudou de julho para março a previsão para o começo do ciclo de cortes. “Prevemos agora três cortes consecutivos de 25 pontos-base em março, maio e junho para redefinir a taxa básica de um nível que o FOMC provavelmente verá em breve como muito acima do necessário”, avalia.