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A Méliuz (CASH3) assinou um acordo com o Banco Votorantim (BV) em que os fundadores (Israel Salmen, André Ribeiro e Lucas Figueiredo) venderão uma fatia de 3,85% da empresa a R$ 1,50 por ação. O preço é 27% superior ao do fechamento de quinta-feira (29), o que indica que os papéis da companhia podem abrir em forte alta nesta segunda-feira (2), no primeiro pregão de 2023.
Em meio à forte queda da bolsa, que despenca mais de 3% por volta das 15h, os papéis da Méliuz têm a maior alta do Ibovespa (mais de 4%). O Ibovespa derrete com preocupação fiscal relacionada ao terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que também fez o dólar disparar.
O valor de R$ 1,50 por ação ainda será corrigido pelo CDI entre a data de celebração acordo, divulgado na sexta-feira (30), e a data de consumação da operação. O acordo também prevê que o BV poderá comprar o restante do controle acionário dos fundadores (cerca de 20%), ao preço máximo de R$ 1,50 por ação ou 10% de desconto na média dos 30 dias anteriores à negociação, nos próximos 24 meses.
A Méliuz também vai passar oferecer produtos e serviços financeiros do BV aos seus clientes e vender ao banco o controle da sua fintech Bankly, em até 90 dias. O acordo avalia a fintech em R$ 210 milhões — cerca de 20% do valor de mercado de toda a Méliuz atualmente. A aliança entre as empresas será oficialmente apresentada ao mercado nesta terça (3), por meio de um webcast.
Acordo ‘positivo’
Em relatório, o Bradesco BBI avalia que o negócio deve ser visto de forma positiva pelo mercado. “Por outro lado, acreditamos que a valorização adicional da ação no curto prazo (acima de R$ 1,50/por ação) pode ser limitada, uma vez que a probabilidade de o BV exercer sua opção de compra aumenta nesse cenário”. “Em suma, esperamos uma reação positiva do mercado para as ações”.
O Bradesco BBI classifica as ações da Méliuz como “outperform” (o equivalente a compra) e tem um target de R$ 1,70 para o papel — um upside de 44% para o preço atual. O relatório do banco é assinado pelos analistas Otávio Tanganelli e Camila Koga.
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Relatório da XP também avalia o acordo como positivo, “pois a parceria comercial com o BV deve acelerar consideravelmente a expansão de serviços e produtos financeiros para seus clientes [da Méliuz] sem pressionar seu fluxo de caixa”. “A aquisição da participação do BV na Méliuz também traz a possibilidade de os minoritários garantirem valorização de pelo menos 27% + CDI nos próximos 2 anos”.
A única ressalva dos analistas Renan Manda (analista-chefe do setor financeiro da XP) e Matheus Guimarães (analista do setor) é a venda da Bankly, avaliada como “ligeiramente negativa”. Apesar disso, o relatório aponta que a venda do controle da fintech “pode trazer um adicional de R$ 105-210 milhões ao balanço”.
“Isso implica que 60-70% do valor de mercado de CASH3 será composto por dinheiro após a venda. Com isso, vemos o negócio como positivo para a companhia e reiteramos nossa visão positiva para a ação”, afirmam os analistas (leia aqui o fato relevante da Méliuz sobre o acordo com o Banco Votorantim e aqui o relatório da XP sobre o negócio).