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SÃO PAULO – “Ao contrário do que muitos acreditam, a novela europeia está muito longe de um final feliz”, dispara a equipe de análise da MCM Consultores Associados. Recuperando o histórico recente da situação fiscal do velho continente, a consultoria aponta que o risco de contágio é grande e que a dívida dos Piigs (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha) está proxima de estourar.
Voltando para agosto, a consultoria lembra que o Banco Central da Irlanda reviu sua previsão do montante necessário para capitalizar os bancos nacionais em dificuldade, elevando o percentual da dívida bruta do país, que, de acordo com as projeções da MCM, deve encerrar 2010 em 100% do PIB (Produto Interno Bruto). “Com isso, a taxa de retorno dos títulos públicos atingiu seu maior nível desde a entrada do país na Zona do Euro”, explica.
A despeito da situação exposta acima, a Irlanda se manteve relutante em pedir auxílio ao EFSF (Fundo Europeu para Estabilização Financeira), recentemente criado para auxiliar os países integrantes da UE (União Europeia). “Isso porque a situação do país ainda é confortável no que diz respeito à rolagem da dívida, dada a ausência de vencimentos significativos até o segundo semestre de 2011”, avalia a consultoria, situação que criou um cabo de guerra entre a Irlanda e o resto do bloco, que pede para que o país peça socorro ao fundo para aliviar a tensão gerada em torno dos rumores de contágio.
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“Inclusive, o próprio Banco Central Europeu tem se mostrado amplamente favorável a esta hipótese. Isso porque os bancos irlandeses respondem por 25% do total de crédito de curto prazo fornecido pelo BCE nos últimos meses”.
Portugal
Outro país que inspira preocupação é Portugal, mesmo após o governo conseguir aprovar o seu orçamento para 2011, prevendo a redução do déficit público para 4,6% do PIB. A MCM também indica que o país conseguiu levantar cerca de € 1,25 bilhão durante o segundo semestre, através da emissão de papéis com vencimento de 6 e 10 anos. Isto foi suficiente para rolar a dívida com vencimento em 2010.
“Contudo, a situação para 2011 é menos confortável (…). Entre abril e junho, o país terá de pagar, entre juros e principal, pouco mais de €12 bilhões”, indica a consultoria. “Já não são poucos os que acreditam que o país deva recorrer aos recursos do Fundo de Estabilidade Financeira”.
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Política
Por fim, a equipe da MCM aponta para a situação mais preocupante no atual cenário europeu – a inabilidade dos políticos da região para conduzir o bloco para a estabilidade econômica. “Prova disso foi a desastrosa iniciativa de iniciar o debate sobre a maior participação do setor privado nos custos de salvamento de países em apuros. Embora tal medida seja extremamente válida no longo prazo, a tentativa de introduzi-la em um momento de elevada instabilidade provou-se claramente equivocada, recebendo críticas de lideranças da própria região, como do presidente do BCE, Jean-Claude Trichet”.
Além disso, não se pode desviar do fato que a solução apresentada pelas lideranças políticas do continente até o momento – os diversos programas de ajustes fiscais – trazem como consequência uma redução da atividade econômica, o que, por sua vez, aumenta as tensões sociais, gerando situações como as vistas recentemente em países como a Grécia e a França, elevando a dificuldade de manutenção destes programas. “A novela européia, portanto, está ainda longe de um final feliz”.