Marisa (AMAR3) tem salto de 670% do prejuízo no 4º tri, a R$ 188,6 mi; varejista propõe capitalizar braço financeiro

Medidas incluem uma capitalização de R$ 90 milhões por acionistas controladores na MPagamentos; companhia passa por processo de reestruturação

Equipe InfoMoney

(Shutterstock)
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A Lojas Marisa (AMAR3) registrou um prejuízo líquido de R$ 188,6 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), 7,7 vezes maior (ou +670%) que a perda de R$ 24,5 milhões reportada no 4T21. No ano, o prejuízo foi multiplicado por mais de 4 vezes, passando de R$ 93 milhões em 2021 para R$ 391 milhões em 2022.

O prejuízo pro-forma, retirando eventos não-recorrentes, foi de R$ 49,1 milhões no 4T22, mais do que o triplo dos R$ 15,2 milhões registrados um ano antes. Em 2022, o prejuízo foi de R$ 251,5 milhões, também mais que 3 vezes as perdas de R$ 77,4 milhões registrados um ano antes.

Os dados são não-auditados, segundo comunicado da direção, o que se deve ao fato de que a auditoria contratada, Ernst & Young Auditores, não ter conseguido concluir o trabalho por conta da revisão do braço financeiro da companhia.

A receita líquida da varejista teve leve queda de 1,6% no trimestre, indo de R$ 843,8 milhões no 4T21 para R$ 830,4 milhões no 4T22. No ano, contudo, houve uma alta de 10,2% na receita, para R$ 2,7849 bilhões.

No segmento de varejo, a receita líquida caiu 0,6% no quarto trimestre, para R$ 698,2 milhões, enquanto avançou 11% no acumulado de 2022, para R$ 2,23 bilhões.

No release de resultados, a companhia destacou que iniciou em fevereiro um processo de reestruturação interna, de forma a melhorar a liquidez de curto prazo e aprimorar o plano de negócios. A ação AMAR3 acumula queda de 48,8% em 2023.

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A varejista ainda anunciou, junto com seu balanço, uma reestruturação do seu braço financeiro, a partir de medidas que incluem uma capitalização de R$ 90 milhões por acionistas controladores na MPagamentos.

A mudança foi apresentada ao Banco Central, disse a Marisa. A MPagamentos é subsidiária da varejista e atua nos segmentos de crédito e financiamento.

A varejista de moda, que trocou o comando no início deste ano e vem tentando renegociar dívidas, também anunciou medidas contábeis após revisão de auditoria, como baixa de R$ 50 milhões em receita registrada de forma equivocada e reclassificação de R$ 48 milhões de despesas operacionais (opex) para investimentos (capex).

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Outros números da companhia

A companhia também divulgou que o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de varejo foi de R$ 19,6 milhões no 4T22, uma queda de 12,3%. No ano, houve uma melhora de 77,2%, para um número negativo de R$ 28 milhões, ante dado anterior de R$ 122,9 milhões negativos em 2021.

Enquanto o Ebitda do varejo no 4T22 foi de R$ 19,6 milhões, o Ebitda do Mbank ficou negativo em R$ 115,2 milhões e reverteu resultado positivo de R$ 22,4 milhões no quarto trimestre de 2021.

O Ebitda ajustado do varejo cresceu 98,1% no 4T22, para R$ 62,8 milhões e foi de  – R$ 107,2 milhões em 2021 para R$ 17,4 milhões em 2022, “dirigido não só pelo aumento no lucro bruto da operação de varejo, como explicado acima, mas também pela contenção das nossas despesas operacionais, a despeito dos impactos da inflação sobre os gastos com aluguéis de imóveis, entre outros itens”, afirmou a varejista.

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A companhia teve alta de 2,4% do faturamento das lojas físicas no 4T22, para R$ 875,9 milhões, com avanço de 16,3% no ano, para R$ 2,76 bilhões. As vendas nas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) cresceram 1,1% no trimestre e 11,2% no ano.

A empresa fechou dez pontos de venda em dezembro, encerrando o ano com 334 lojas. No digital, a queda no faturamento foi de 25,1%, para R$ 67,9 milhões no trimestre, e um recuo de 24,3% no ano, para R$ 256 milhões.

A companhia fechou 2022 com endividamento líquido de R$ 560,4 milhões, ante os R$ 575,5 milhões reportados em dezembro de 2021.

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Planos da varejista

Ao Broadcast, o novo CEO da companhia, João Pinheiro, afirmou que os números de 2022 não são bons, “como era de se esperar”. Ele ressalta que a margem bruta da empresa no varejo melhorou, voltando a 52%, com alta de 4,6 pontos porcentuais. Para ele, isso indica que a companhia tem bons produtos e público. Assim, o necessário agora é cortar despesas e organizar a operação do banco.

Do lado do banco, além do aporte, será feita uma reorganização. A MPagamentos, que fica sob o comando do Mbank, será separada da MCartões, que passará a ser uma prestadora de serviços de adquirência para a MPagamentos.

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Além disso, Pinheiro diz que a empresa tem adquirido uma concessão mais conservadora de crédito e que deve focar, de agora em diante, em conceder crédito para seus próprios clientes, de quem já tem dados. “Muitos varejistas acharam que operar bancos era algo simples. Com a Marisa não foi diferente”, diz Pinheiro.

Do lado de cortes de gastos, o plano também é claro. A Marisa resolveu fechar 90 lojas, de um parque de 334. Ele explica que os cortes que virão não serão de vendedores de lojas, de modo a prejudicar a operação. “Não se trata de cortar vendedor de lojas e, sim, fechar lojas deficitárias e realocar pessoas na medida do possível. Vamos atacar os custos administrativos e reorganizar o banco”, afirmou Pinheiro.

(com Estadão Conteúdo)