Marfrig (MRFG3) tem resultado morno e alavancagem segue em destaque; ações oscilam

Resultado da operação do braço norte-americano pressiona margens e analistas monitoram alavancagem após movimentação envolvendo BRF

Vitor Azevedo

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As ações da Marfrig (MRFG3) caíam, por volta das 12h desta quinta-feira (16), cerca de 1%, negociadas a R$ 10,69, após a companhia ter divulgado ontem um resultado considerado “neutro” pelos analistas. Os papéis abriram em queda de quase 4%, viraram para alta de mais de 1% e voltaram a ter baixa, para depois avançarem.

No ano, contudo, a Marfrig sobe mais de 10%, acompanhando majoritariamente o resultado a performance da (BRFS3), dado seu papel de maior acionista da companhia.

A XP destaca que os números da holding vieram acompanhados de novos métodos de divulgação, “com foco em fornecer os números das operações continuadas e limitando a visão dos ativos à venda”. A Marfrig, vale lembrar, de um lado, recentemente, aumentou sua posição na BRF mas, de outro, vendeu plantas para a Minerva (BEEF3). A alteração no método de publicação gerou, segundo os analistas, alguma dificuldade em entender o balanço.

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“Dá uma noção melhor do que será a nova Marfrig. No entanto, isso torna a leitura de lucros mais complicada, já que os resultados da empresa em 2024 ainda dependerão das operações descontinuadas”, fala o time da corretora. 

Para eles, de qualquer forma, o resultado da companhia na América do Sul trouxe um Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês), de R$ 289 milhões, praticamente em linha com o esperado. 

Já National Beef, braço da Marfrig nos EUA, com Ebitda de US$ 58 milhões, trouxe “resiliência” na interpretação da corretora, apesar do cenário ainda difícil por conta do momento do ciclo do gado nos Estados Unidos. 

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Operação no EUA é detratora

O ciclo de gado é algo natural que os frigoríficos enfrentam. Ele é explicado basicamente pela oferta e demanda com momentos que se alternam. Quando há muitas cabeças de gado disponíveis, os preços caem e os criadores perdem margem de lucratividade. Nesse momento, frigoríficos lucram mais, por conseguirem comprar animais por um preço mais em conta. Logo, no entanto, os criadores passam a diminuir sua criação, simplesmente porque não compensa. O número de cabeças vai diminuindo e o preço, subindo. 

A Genial vai na mesma linha. “Vimos um trimestre desanimador em termos de margens, com a restrita oferta de gado na América do Norte pressionando de modo relevante os custos da operação, e, assim, sua rentabilidade e as margens do resultado consolidado da companhia. Entretanto, tanto América do Sul quanto BRF exerceram contribuições positivas para a rentabilidade do consolidado”, comenta a equipe. 

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O JP Morgan define o momento do ciclo do gado nos EUA como “principal detrator do resultado operacional da Marfrig”. O Ebitda consolidado, de US$ 531 milhões, teve uma queda de 43% no ano. ”Do lado positivo, o Ebitda das operações continuadas na América do Sul aumentou 8% ano a ano com margens estáveis de 9,6%. As receitas nesta frente aumentaram 11% ano a ano, impulsionadas por uma expansão de volume de 13%, a R$ 3,01 bilhões. 

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O BTG, por sua vez, menciona que apesar do ciclo do gado pressionar os resultados do braço norte-americano, a Marfrig continua tendo margens melhores do que os seus pares por lá. A Ebitda, por exemplo, ficou em 2,1%. “Reforçando a qualidade dos ativos em meio a um cenário operacional cada vez mais difícil, impulsionado pelos preços mais altos do gado. As vendas e o Ebitda totalizaram US$2,8 bilhões e US$58 milhões, variações de 10% e -42% em relação ao ano anterior”, dizem.t

Por enquanto, a maior parte das casa continua neutra com as ações da Marfrig, de olho na alavancagem da companhia após a sua movimentação envolvendo a BRF.