Marcopolo (POMO4): por que ações estão caindo mesmo com resultado recorde de 2024?

Lucro líquido subiu a R$ 319 mi no 4º trimestre, mas retração da margem afetou percepção sobre companhia

Felipe Moreira

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Apesar do resultado histórico em 2024, as ações da Marcopolo (POMO4) operam em forte baixa nesta terça-feira (25), caindo 4,85%, cotadas a 7,65, por volta das 13h08.

O Bradesco BBI atribui o movimento à margem EBITDA ajustada da empresa diminuindo 0,4 ponto percentual (pp) em relação ao trimestre anterior. No entanto, o mix de receitas da Marcopolo mudou significativamente em relação ao 3T24, com as receitas da operação de mercado externo respondendo por 31% do total, ou um aumento de 5pp na participação.

O BBI estima que as operações de mercado externo da empresa atualmente têm as piores margens entre os três segmentos (doméstico, exportações e operações externas), e essa mudança significativa no mix é suficiente para explicar a queda da margem.

Por outro lado, o BBI comenta que a Marcopolo tem alavancas para melhorar suas margens em todos os segmentos, com: 1) melhor produtividade de sua força de trabalho nas plantas de BZ; 2) um aumento nas exportações, favorecido pelo real depreciado; e 3) uma recuperação nos volumes do mercado externo que também pode resultar em melhores margens.

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Na mesma linha que o BBI, o Itaú BBA aponta a retração da margem e o lucro líquido abaixo do consenso como fatores de pressão sobre as cotações hoje.

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O BBA explica que o lucro líquido foi afetado por maiores despesas financeiras (não monetárias) relacionadas à política de hedge cambial da Marcopolo.

O Itaú BBA manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 10,50.

Destaques da teleconferência

A Marcopolo realizou hoje sua teleconferência de resultados do 4T24, destacando seu desempenho recorde em 2024. Para 2025, o volume de ônibus deve continuar crescendo, mas em um ritmo mais lento do que no ano passado. No entanto, a empresa ainda deve se beneficiar de alavancagem operacional e maior eficiência.

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O JPMorgan destaca que a empresa mantém um backlog (carteira de pedidos) sólido no segmento Rodoviário e tem perspectivas positivas para o setor Urbano, com oportunidades em ônibus elétricos (EVs) e veículos pesados. “O segmento de micro-ônibus começou o ano com um bom desempenho”, diz relatório.

O JPMorgan reiterou recomendação de compra e preço-alvo de R$ 12.

Após a teleconferência, o BBA ressaltou a mensagem transmitida pela empresa sobre a forte demanda esperada nas operações domésticas e externas. A administração também indicou que a concorrência permanece estável, já que nem a Marcopolo nem seus concorrentes planejam expandir a capacidade da planta. “Isso indica um ambiente de preços saudável e sustentado, em nossa opinião”, avalia.

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No entanto, a empresa destacou um mix de produtos menos favorável que impactou negativamente suas margens no trimestre. “Mantemos uma visão positiva sobre a ação, mas alertamos que a alta exposição dos investidores à ação, juntamente com uma margem Ebitda menor do que a esperada, pode pressionar a ação no curto prazo”, avalia.

O BBI vê a queda das ações como exagerada e mantém recomendação de compra com preço-alvo de R$ 10,00.

“Estimamos que as operações de mercado externo da empresa atualmente têm as piores margens entre os três segmentos (nacional, exportações e operações externas), e essa mudança significativa no mix é suficiente para explicar a queda de margem. Enquanto isso, a Marcopolo tem alavancas para melhorar suas margens em todos os segmentos, com: 1) melhor produtividade de sua força de trabalho nas plantas do Brasil; 2) aumento nas exportações, favorecido pelo real depreciado; e 3) recuperação nos volumes do mercado externo que também pode resultar em melhores margens”, aponta.

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Assim, essa situação, aliada à repercussão de qualquer movimento inflacionário, deve permitir que a Marcopolo entregue uma margem Ebitda de 19,4% em 2025, ressalta o banco.