Marcopolo (POMO4): com salto de 150% da ação em 12 meses, o que esperar da empresa? Ciclo de melhora não acabou, dizem analistas

Renovação da frota no Brasil e programa Caminhos da Escola devem garantir manutenção de volume de produção e de distribuição de dividendos

Camille Bocanegra

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Com suas ações em disparada em 2023 e nos últimos doze meses, a Marcopolo (POMO4) promoveu seu Investor Day nesta terça (5). Entre os pontos abordados pela empresa no encontro estiveram as perspectivas para 2024 e a manutenção da tendência de alta em 2023.

O papel POMO4, nos últimos 12 meses, teve alta de 159% e variação positiva de 133% em 2023.

Para JPMorgan, XP Investimentos e Bradesco BBI, a mensagem passada pela companhia foi positiva e as perspectivas apontam para crescimento e rentabilidade.

Confira os destaques:

Resultados devem manter alta

A tendência de elevação dos papéis da Marcopolo (POMO4) tem se intensificado nos últimos meses. Só no último mês, a variação positiva foi de 4,95%. E há expectativa da empresa que os resultados mantenham a tendência. Vale lembrar que, no último trimestre, o lucro da empresa cresceu mais de 5 vezes, para R$ 140,5 milhões.

Ações aceleram a alta em maio e seguem em trajetória ascendente. Fonte: InfoMoney

“Os resultados devem manter uma tendência de alta impulsionada por: 1) volumes mais elevados, 2) uma recuperação na rentabilidade internacional e 3) a utilização de créditos fiscais e a venda de terrenos usados por duas instalações de produção”, diz o BBI.

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A recomendação do banco para a Marcopolo, contudo, é neutra, com preço-alvo para final de 2024 de R$ 6,00. Já o JPMorgan tem uma visão mais otimista e manteve sua recomendação em overweight (equivalente à compra, com expectativa de ação superar o índice de referência). A XP também tem visão positiva para as ações.

A XP apontou que sua visão construtiva é baseada em (i) o que veem como um ponto de inflexão para os volumes (impactados positivamente pela flexibilização dos efeitos da COVID-19, maiores tarifas aéreas e envelhecimento da frota operacional dos ônibus); (ii) expectativas de melhoria da margem Ebitda do 4T em diante (preveem uma margem Ebitda de cerca de 11% para 2023-2024, apoiada por reajustes de preços e preços de commodities para baixo); e (iii) demanda estável do programa Caminho da Escola (com potencial adicional caso o programa seja expandido para áreas urbanas).

Na avaliação do JPMorgan, “os resultados devem se beneficiar do aumento do modelo G8, crescimento de volumes e maior alavancagem operacional, vendas de ônibus elétricos e volumes do programa Caminhos da Escola (16,3 mil ônibus a serem leiloados em 12 de setembro) e recuperação das operações internacionais em todas as áreas”.

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O JPMorgan alterou sua classificação para POMO4 em janeiro de 2023, saindo de neutro para overweight. Desde então, o preço-alvo subiu de R$ 2,84 para os R$ 6,31 atuais. O papel fechou esta terça negociado a R$ 6,36.

Boas perspectivas para 2024

Segundo a mensagem passada pela Marcopolo, há expectativa de volumes mais altos em 2024 que os já vistos em 2023. Alguns fatores explicam o otimismo, como a esperada melhora no cenário macroeconômico, marcado por inflação controlada e ciclo de flexibilização monetária, o aumento na demanda turística, maior procura por ônibus urbanos e crescimento no volume de passageiros de ônibus.

Entre os números apresentados pela empresa, estão a manutenção da produção de ônibus em cerca de 33 mil por ano para garantir que a idade média da frota siga estável e a previsão de seguir com a distribuição de 40 a 50% de lucro líquido, em dividendos trimestrais.

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No mercado doméstico, as principais demandas da empresa seguem no programa Caminhos da Escola, que visa garantir o acesso escolar de estudantes áreas rurais e ribeirinhas, e na necessidade de renovação da frota brasileira. A atuação da Marcopolo no programa é de 50 a 60% e, no mercado interurbano, corresponde a uma participação de 71% com o modelo G8.

Outras oportunidades de expansão de demanda estão no segmento do turismo, considerando o aumento nos preços de passagens áreas, e o segmento do frete, também em alta pelo agronegócio e mineração.

No mercado internacional, a Marcopolo se destaca com 55% de exportações dos ônibus brasileiros. O Chile é o principal dos mercados, considerando vendas regulares para mais de 50 países.

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O aumento de preços em alguns países torna-se desafiador, como é o caso da Argentina, que atualmente enfrenta inflação mais elevada e instabilidade macroeconômica, e da Austrália, com vendas em contratos de longo prazo principalmente para governo. Apesar disso, há expectativa de renovação da frota australiana no curto prazo, o que deve aumentar a demanda por ônibus elétricos.

“O foco é permanecer em mercados que sejam lucrativos e aumentar os retornos nesses mercados e sair de regiões com baixos retornos, como visto no Egito”, diz o relatório do JPMorgan.

Houve esforço, também, para consolidação de duas fábricas da Argentina em apenas uma, reduzindo riscos pelo cenário local.

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Demanda ainda baixa por ônibus elétricos

No segmento dos ônibus elétricos, a companhia atua fornecendo a carroceria para ônibus elétricos de terceiros e com a produção do Attivi, produto próprio com chassi mais carroceria.

“No Brasil, há demanda por ônibus elétricos, mas os volumes ainda são baixos neste momento. Há oportunidade de vender com parceiros e sozinho através de uma solução completa”, explica o JPMorgan.

A demanda atualmente se concentra, no momento, em São Paulo e Curitiba, que está testando diversos modelos de ônibus elétricos em concorrência.