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A Marcopolo (POMO4) informou, no Investidor Day realizado na quinta-feira (5), que suas operações internacionais já representam 33% da receita acumulada até setembro deste ano, com destaque para os mercados da África do Sul, Argentina e Austrália. A empresa disse que aposta na eletrificação de frotas e no mercado de motorhomes como pilares de crescimento, mas reconheceu que enfrenta altos custos de ônibus elétricos e limitações estruturais no Brasil.
A XP Investimentos ressalta que a Marcopolo tem focado em produtividade como estratégia para ampliar volumes, implementando treinamento de mão de obra, flexibilização das fábricas e automação de componentes específicos, como assentos. A corretora diz ainda que a empresa também aposta na diversificação, com iniciativas como a Marcopolo Rail, voltada para trens leves, e a Nomade, sua linha de motorhomes.
A reestruturação internacional da companhia trouxe melhorias notáveis, segundo os analistas do Itaú BBA e do Bradesco BBI. Na África do Sul, a capacidade de produção dobrou para 40 veículos mensais, com um lucro consolidado de R$ 10 milhões no período (+42% em relação ao ano anterior).
Na Argentina, o lucro atingiu R$ 39 milhões, revertendo um prejuízo de R$ 27 milhões em 2023, impulsionado pela produção local e demanda por modelos rodoviários. A Austrália também registrou avanços, com o lucro saltando para R$ 66 milhões, em comparação a R$ 1 milhão no ano passado, graças a sinergias com a China e renegociações de preços.
Em contrapartida, o México apresentou uma leve queda no lucro líquido, que ficou em R$ 28 milhões (-1,6% em relação ao mesmo período do ano anterior), apesar de manter volumes expressivos. As exportações brasileiras, por sua vez, mostraram uma forte concentração na América Latina (81%), seguidas por América Central (6%), América do Norte (7%) e Oriente Médio e África (6%).
No Brasil, a Marcopolo espera encerrar o ano com 1,4 mil ônibus exportados, planejando aumentar esse número para 1,7 mil em 2025. O programa Caminho da Escola garantiu a venda de mais de 7,7 mil unidades em 2024, representando 52% do total previsto pelo governo, e a expectativa é de estabilidade ou aumento dos volumes no próximo ano.
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No evento, a mobilidade urbana foi apontada como uma das maiores oportunidades de expansão, com destaque para o programa de renovação de frota em Buenos Aires e iniciativas semelhantes em cidades brasileiras.
No campo da eletrificação, a empresa relatou avanços em parcerias com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e subsídios locais, como em São Paulo, onde dois terços do custo de 1,3 mil ônibus elétricos serão financiados. Ainda assim, a falta de infraestrutura de recarga é apontada como o principal entrave para a maior penetração dos elétricos no curto prazo.
Análise e projeção
O Bradesco BBI manteve a recomendação de outperform (potencial de desempenho superior), com preço-alvo de R$ 11 para 2025, destacando a expansão da rentabilidade internacional e o aumento nas exportações como motores de crescimento. O banco prevê uma margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 19% para o próximo ano e um retorno de dividendos de 5%, ressaltando que a Marcopolo negocia com desconto de 47% em relação à sua média histórica.
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Já o Itaú BBA adotou uma postura mais conservadora, embora continue otimista com a Marcopolo. O banco estima um múltiplo de preço/lucro (P/L) de 8x para 2025 e retorno de dividendos de 6%, elogiando as iniciativas de automação nas fábricas e a versatilidade das linhas de produção. Apesar de impactos neutros no curto prazo, o Itaú vê potencial na diversificação para ônibus premium e motorhomes.
As ações da Marcopolo (POMO4) estão, no pregão de hoje, cotadas a R$ 8,88, com uma queda de 1% quando comparadas ao dia anterior. Apesar do recuo recente, o papel da empresa acumula uma valorização de 38,16% nos últimos 12 meses e uma alta de 3,26% no mês atual, refletindo a confiança do mercado em suas perspectivas de crescimento.