Marca de luxo Burberry é rebaixada em Bolsa inglesa e amarga declínio no setor

Rebaixamento é um novo golpe para a marca, que viu o preço de suas ações cair mais de 53% até agora este ano

Monique Lima

Loja da Burberry em Londres. (Foto: Joshua Lawrence/ Unsplash)
Loja da Burberry em Londres. (Foto: Joshua Lawrence/ Unsplash)

Publicidade

A marca de luxo Burberry foi rebaixada do índice FTSE 100 para o FTSE 250, conforme anunciado pela Bolsa inglesa nesta quarta-feira (5). A mudança encerra um período de 15 anos em que as ações da empresa estiveram entre as blue chips de grande capitalização do Reino Unido.

Os papéis da Burberry caíram mais de 53% no acumulado deste ano e cerca de 70% nos últimos 12 meses, resultando em uma capitalização de mercado de £ 2,34 bilhões (R$ 17 bilhões), muito abaixo dos demais integrantes do FTSE 100, segundo o portal CNBC.

Essa situação vai forçar fundos que investem no FTSE 100 a se desfazerem de suas ações da Burberry, agravando a crise da empresa de luxo. Entretanto, o cenário na Bolsa reflete a queda nas vendas e uma série de mudanças na alta gestão da empresa, que enfrenta pressões crescentes após 168 anos de operação.

Continua depois da publicidade

Fundada em 1856, a Burberry se destacou por seus trench coats e a icônica estampa xadrez. A inclusão no FTSE 100 em 2009 foi vista como um sinal de resiliência, mas a popularização de sua marca nos anos 1990 e 2000 prejudicou sua imagem de luxo.

Leia também: Menos US$ 200 bi: como as gigantes de luxo sucumbiram à queda de gastos dos chineses

Desde então, a empresa teve quatro CEOs em uma década, o que deixou investidores apreensivos. Com a recente nomeação de Joshua Schulman como CEO, há esperanças de uma nova direção.

Continua depois da publicidade

Schulman, ex-CEO da Coach e Michael Kors, pode implementar uma estratégia voltada para a redução de custos e maior foco em outlets, uma abordagem que pode revitalizar as finanças da Burberry, que já reportou queda de 21% nas vendas no primeiro trimestre.

Luxo pressionado

O setor de luxo enfrenta um período difícil, com a Burberry não sendo a única a sentir os efeitos da desaceleração econômica global.

Marcas como Hugo Boss e Gucci também relataram quedas nas vendas neste ano, especialmente na China. Enquanto isso, a LVMH, dona de Louis Vuitton e Dior, viu sua receita cair no segundo trimestre devido às vendas mais fracas na Ásia.

Continua depois da publicidade

Apesar disso, a CNBC destaca que analistas de mercado acreditam que a Burberry pode se recuperar mais rapidamente do que seus concorrentes se adotar uma estratégia que restaure a confiança na marca. Dentre as hipóteses levantadas está a reformulação de todo o conselho de administração, “para tranquilizar os investidores”.

Os resultados financeiros do primeiro semestre da Burberry serão divulgados em 14 de novembro, e mudanças na administração podem ocorrer antes disso.