Maior consistência política permite ampliação do prazo médio das LFT em janeiro

Prazo médio das Letras Financeiras do Tesouro (LFT) é ampliado para 11,92 meses, com maior consistência política

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SÃO PAULO – As Letras Financeiras do Tesouro (LFT), títulos emitidos pelo Tesouro Nacional a fim de cobrir o déficit orçamentário e com rentabilidade pós-fixada com base na taxa Selic, registraram um alongamento em seu prazo médio de emissão, de acordo com a Nota do Mercado Aberto referente ao mês de janeiro e divulgada pelo Banco Central do Brasil.

Neste sentido, os títulos passaram a registrar, em janeiro, um prazo médio de emissão da ordem de 11,92 meses, um significativo aumento em relação ao prazo de 7,47 meses registrado em dezembro de 2002. O alongamento do prazo médio de emissão do título verificado em janeiro consolida uma tendência iniciada no final de outubro de 2002, quando o prazo médio era de 3,52 meses.

Cenário eleitoral provoca redução dos prazos em 2002

O prazo médio das LFT sofreu fortes alterações no decorrer do ano de 2002, principalmente em função do andamento do processo eleitoral, que afetou diretamente a confiança dos investidores na economia brasileira.

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De acordo com os números divulgados pelo Banco Central, pode-se notar que o grande break na trajetória de prazos médios de emissão das LFT ocorreu precisamente em junho de 2002, mês no qual houve uma definição exata dos agentes políticos que configurariam a disputa política no pleito em questão. No referido período, o prazo médio dos títulos do Tesouro literalmente despencou, passando de 24,75 meses em maio para 7,68 meses em junho, no caso da LFT.

A queda do prazo médio do título não deve ser atribuída ao processo eleitoral em si, mas a seu desdobramento no tocante às expectativas geradas no mercado por seus resultados projetados. Em síntese, as incertezas em relação à condução da política macroeconômica geradas pelo fortalecimento do candidato de oposição fizeram com que o prazo exigido pelos investidores para resgate dos títulos fosse bastante diminuído.

Em julho, houve um ligeiro aumento do prazo médio, mas que não se sustentou, de forma que a partir de agosto os títulos iniciaram novamente trajetória declinante. Em outubro, mês no qual foi realizado o pleito, o prazo médio de emissão das LFT foi de 3,52 meses. Para se ter uma idéia do que isto significa, vale mencionar o prazo médio do título em dezembro de 2000, quando a confiança dos investidores ainda não estava tão abalada em relação à economia brasileira. No referido mês, o prazo médio da LFT era de 48,81 meses.

Austeridade na transição favorece ampliação dos prazos

Após a forte queda registrada em outubro, o prazo médio da LFT voltou a se recuperar a partir de novembro, mês no qual se iniciaram as atividades ligadas à transição do governo FHC para o governo Lula. A austeridade na condução do processo favoreceu uma ligeira ampliação do prazo médio, que segue em trajetória progressiva desde então.

A sustentação desta trajetória dependerá, dentre outras variáveis, da reafirmação do compromisso público com a austeridade fiscal e monetária. A perseguição de uma meta de superávit primário, por exemplo, é condição necessária, porém não suficiente, para que o prazo médio de emissão do título continue sendo expandido.

Com relação aos demais títulos (LTN, NTN-D/NBCE e NTN-B/NTN-C), não houve emissões durante janeiro. A LTN (Letra do Tesouro Nacional), título com rendimento pré-fixado, não é emitida desde novembro de 2002, enquanto a NTN-D, que era corrigido pela variação cambial, não registra emissões desde julho, refletindo a estratégia de venda de swaps cambiais.