Magazine Luiza (MGLU3) tem lucro ajustado de R$ 22,6 mi no 3º tri, queda de 89%; vendas no e-commerce atingem R$ 10 bi

Vendas do marketplace da empresa cresceram 67% em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 3,5 bi; aumento do e-commerce afeta margens

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Magazine Luiza (MGLU3) divulgou os seus números do terceiro trimestre de 2021 nesta quinta-feira (11), registrando um lucro líquido ajustado de R$ 22,6 milhões, uma queda de 89,5% em relação aos R$ 215,9 milhões registrados em igual período do ano passado.

Considerando os ganhos líquidos não recorrentes, o lucro líquido foi de R$ 143,5 milhões, 30,3% menor frente o terceiro trimestre de 2020, quando teve resultado positivo de R$ 206 milhões.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado atingiu R$ 351 milhões no período, uma queda de 37,5% na comparação anual, quanto o Ebitda ajustado foi de R$ 561,2 milhões.

A companhia destacou que houve uma redução de rentabilidade por conta do menor volume de vendas nas lojas físicas, uma vez que elas são o canal mais maduro e rentável do ecossistema Magalu.

No trimestre, as vendas totais, incluindo lojas físicas, e-commerce com estoque próprio (1P) e marketplace (3P) cresceram 12%, para R$ 13,8 bilhões, reflexo do aumento de 22% no e-commerce total, mas queda de 8% nas lojas físicas. O e-commerce atingiu R$ 10 bilhões pela primeira vez e representou 72,46% das vendas totais.

A diminuição da margem bruta e o aumento das despesas em relação à receita líquida influenciaram a margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) ajustada, que passou de 6,8% no terceiro trimestre de 2020 para 4,1% no terceiro trimestre de 2021, uma baixa de 2,7 pontos percentuais, apontou a companhia.

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No trimestre, a margem bruta ajustada foi de 24,7%, uma redução de 1,5 ponto percentual, quando comparada ao mesmo período de 2020 (26,2%), reflexo da maior participação do e-commerce nas vendas totais (representando 72,3% das vendas totais da companhia no 3T21) e, parcialmente, do aumento da inflação no custo das mercadorias vendidas.

O percentual das despesas operacionais ajustadas em relação à receita líquida foi de 20,6% no trimestre, um aumento de 1,1 ponto percentual na comparação anual devido à menor diluição das despesas nas lojas físicas e ao aumento das despesas de marketing no e-commerce. “Vale destacar que em relação às vendas totais, ou seja, incluindo o marketplace, as despesas representaram 13,2%, uma redução de 0,4 ponto percentual em relação ao 3T20”, apontou a companhia.

Aceleração no digital, redução das lojas físicas 

O Magalu ressalta que, no terceiro trimestre de 2021, as vendas do marketplace  da empresa cresceram 67% em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 3,5 bilhões, passando a representar 35% das vendas do e-commerce do Magalu. No acumulado dos últimos dois anos, a expansão foi de mais de 300%. Desde setembro, a quantidade de itens vendidos do 3P já é maior que a do estoque próprio. No 1P, a alta na comparação anual foi de 7%, passando de R$ 6,1 bilhões para R$ 6,5 bilhões.

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A companhia ainda informou que, em outubro, o crescimento das vendas do marketplace do Magalu foi de três dígitos. “Esse crescimento tem sido influenciado tanto pela evolução dos sellers mais antigos, quanto pela performance cada vez melhor dos novatos”, apontou a companhia.

O e-commerce total, por sua vez, cresceu 22% no terceiro trimestre na comparação anual, indo de R$ 8,2 bilhões para R$ 10 bilhões. Com isso, pela primeira vez, as vendas trimestrais digitais do Magalu foram para R$ 10 bilhões. Nos últimos dois anos, o e-commerce do Magalu triplicou de tamanho, destacou a companhia.

Por outro lado, houve uma redução de 8% das vendas nas lojas físicas na base anual, desempenho impactado pela piora dos indicadores macroeconômicos ao longo do trimestre, como o aumento da inflação e da taxa de juros, e também pela forte base de comparação (crescimento de 18,3% no terceiro trimestre de 2020).

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Assim, no total, somando lojas físicas, e-commerce com estoque próprio e marketplace, as vendas cresceram 12%, para R$ 13,8 bilhões.

O Magalu ainda destaca estar avançando rapidamente em novas categorias de maior recorrência e tíquetes menores, sendo moda um exemplo com a reformulação do Mundo Moda no SuperApp. Na categoria de beleza, a varejista ganhou quatro pontos percentuais de participação de mercado, segundo a Neotrust.

Geração de caixa e fintech

No trimestre, a geração de caixa operacional foi de R$ 221,8 milhões, influenciada pelos resultados positivos e pela variação do capital de giro. Nos últimos 12 meses, o fluxo de caixa das operações, ajustado pelos recebíveis de cartão de crédito, foi de R$ 219,5 milhões. Em setembro de 2021, a posição de caixa líquido ajustado foi de R$ 6,8 bilhões e a posição total de caixa ajustado foi de R$9,1 bilhões, incluindo os recursos da oferta subsequente de ações concluída em julho de 2021, no montante de R$ 3,9 bilhões.

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No segmento de fintech, o volume total de transações processadas (TPV) superou R$ 18,5 bilhões no trimestre, crescendo 98,5%. Em setembro, a base de cartões de crédito atingiu a marca de 6,6 milhões de cartões, crescendo 33,3% na base de comparação anual.

O faturamento de cartão de crédito cresceu 47,3% no período, atingindo R$ 10,9 bilhões no período, e a carteira de cartão de crédito alcançou R$15,1 bilhões ao final do 3T21. Em setembro, o MagaluPay chegou a marca de 4,0 milhões de contas abertas, impulsionado pela campanha do “Cashback do Milhão”, apontou a companhia.

Análises

A XP destacou que o Magazine Luiza reportou resultados mistos, com uma performance sólida no online mas margens
pressionadas. As vendas brutas de mercadorias (GMV) online cresceram 22% na base anual, impulsionado pelo marketplace (3P) em alta de 67%  e estoque próprio (1) em alta de 6,7%, mesmo diante da base de comparação mais forte de 2020 (+150% e +145%). No entanto, as vendas das lojas físicas apresentaram queda de 8% na base anual, impactadas pela deterioração macroeconômica.

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“Destacamos que a companhia sinalizou uma continuidade de uma perspectiva desafiadora no canal por conta do macro, mas acredita que a dinâmica do marketplace deve seguir robusta. Em relação à rentabilidade, a margem EBITDA caiu 2,5 pontos percentuais na base anual, devido a uma margem bruta pressionada pela maior participação do e-commerce (72% das vendas, alta de 6 pontos na base anual) e inflação de custos. Enquanto isso, houve um aumento de despesas de
marketing no e-commerce e a performance das lojas físicas levou a uma menor diluição de despesas operacionais”, apontam os analistas.

Com isso, o lucro líquido (excluindo impacto não recorrente de créditos fiscais) totalizou R$ 22,6 milhões, enquanto a companhia apresentou uma queima de caixa de R$ 270 mi, reflexo do reforço no nível de estoques. O Magalu trouxe atualizações sobre a frente logística assim como mais informações sobre sua fintech pela primeira vez. A XP mantém recomendação neutra e preço-alvo de R$ 18 por ação.

O Credit Suisse avalia como negativos os resultados do 3T21 da Magazine Luiza, com tendências mistas de faturamento. As lojas físicas  continuaram sofrendo com os desafios macroeconômicos e entregaram vendas mesmas lojas (SSS) abaixo dos níveis normalizados, enquanto os canais online tiveram um desempenho decente e cresceram cerca de 22%.

Segundo o banco, a rentabilidade da Magalu também foi fraca, com margens Ebitda ajustadas em 4,1%, mesmo excluindo provisões de estoques.

O Bradesco BBI destacou que o valor bruto de mercadoria (GMV em inglês) do e-commerce cresceu 22% sobre uma base de comparação difícil, e é muito melhor do que esperava no início do ano, com progresso sobre o marketplace.

Mesmo assim, o banco diz que o Ebitda é menor do que o esperado, apesar de ter sido causado por questões de curto prazo, incluindo um cenário macroeconômico desafiador, levando a crescimento fraco das vendas em mesmas lojas (SSS na sigla em inglês) e a pressões inflacionárias por conta de gargalos na cadeia de suprimentos global.

O banco diz que os problemas devem continuar no quarto trimestre e, potencialmente, em 2022, o que o levou a reduzir levemente suas estimativas, em 5% no caso do Ebitda. Em se tratando de iniciativas estratégicas, o Bradesco diz que há progresso. Apesar disso, diz avaliar que preocupações quanto a demanda e lucratividade devem continuar a prejudicar as ações. Por isso, mantém avaliação neutra e preço-alvo de R$ 17, frente à cotação de quinta de R$ 13,65.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.