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Todas as grandes varejistas brasileiras de e-commerce divulgam seus resultados do terceiro trimestre nesta quinta-feira (10), após o fechamento do mercado. Americanas (AMER3), Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) tornam seus dados públicos em um trimestre que, por uma série de fatores, ainda deve ser desafiador.
“O crescimento e a queima de caixa devem continuar. Esperamos que o varejo físico continue a se recuperar, enquanto o online (principalmente 1P, ou estoque próprio) deve continuar desacelerando por conta do cenário macro, base de comparação difícil e normalização do mix de canais”, defendem os analistas da XP Investimentos em relatório.
A opinião de que a combinação entre inflação alta, que espreme o poder de compra das famílias, e juros elevados, que dificulta o acesso ao crédito, continuará apertando o resultado dessas varejistas é consenso entre a maioria das casas de análise.
Além disso, o próprio comportamento dos consumidores, com o enfraquecimento da pandemia da covid-19 e das restrições, deve levar a gastos maiores com experiências – reduzindo a parte da renda disponível para aquisição de produtos eletrônicos, por exemplo.
“Condições de crédito apertadas e players em ‘modos de proteção de margem’ contribuem para números de crescimento sombrios, com as apostas ficando para a Black Friday e para os eventos da Copa do Mundo da FIFA, no quarto trimestre”, defende o Bradesco BBI.
De forma geral, porém, os analistas esperam que as companhias continuem com comportamentos mais racionais quando o assunto é lucratividade – ao contrário do que aconteceu há poucos meses atrás, quando Americanas, Magazine Luiza e Via diminuíram suas margens para priorizar o crescimento das vendas.
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“Devido às mudanças das políticas de comissionamentos e pelo ambiente competitivo mais racional, contudo esperamos mais um trimestre de recuperação de margens”, aponta a Eleven.
A casa de research vê, porém, que a margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da Americanas deve ficar em 10,7%, caindo 1,1 ponto percentual no ano e 1,9 ponto no trimestre.
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A varejista é apontada por analistas como a que tem maior alavancagem operacional pelos e por isso tende a realizar mais promoções para queimar estoque.
Para a Via, a projeção para a mesma margem é de 7,1%, revertendo a margem negativa de 4,7% do mesmo período de 2021 e com menos 1,9 ponto percentual no trimestre. No caso do Magazine Luiza, a Genial projeta uma margem Ebitda de 5,5%, com alta de 1,5 ponto no ano e leve recuo de 0,2 ponto no trimestre.
Esta última empresa, para a maioria das casas de análise, é a que deve melhor performar no trimestre quando o assunto é rentabilidade.
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“Quanto à rentabilidade, esperamos uma melhora da margem bruta do Magazine Luiza, dado o mix de canais, e um alívio na margem EBITDA na comparação anual”, explica a Eleven. “Em termos de lucratividade, provavelmente veremos uma melhora gradual contínua neste trimestre, já que a empresa passou com sucesso a inflação para os preços e controlou as despesas com vendas, gerais e administrativas”, defende o Itaú BBA.
Receitas em queda, mas não para o Magazine Luiza
Com o cenário desenhado, a expectativa geral é que a maioria das receitas líquidas das empresas do setor recuará.
No caso da Via, a XP, por exemplo, projeta que o faturamento recuará 3% no ano, saindo de R$ 7,3 bilhões para R$ 7,1 bilhões. A Eleven vê a receita da empresa ficando em R$ 7,3 bilhões, com queda de 4% no ano. Já a expectativa do BBI é que a dona das Casas Bahia terá o principal número da sua linha superior caindo 2,1% na comparação com o terceiro trimestre de 2021, para R$ 7,1 bilhões. A Genial, por fim, vê o mesmo número em R$ 7 bilhões, recuo de 4,4% na base anual.
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Para a Americanas, cenário parecido: a XP projeta uma queda da receita ainda maior, de 14% no ano, ficando em R$ 5,4 bilhões, parecida com o consenso do BBI, que enxerga uma baixa de 14,2%, com o faturamento indo a R$ 5,3 bilhões. A Eleven enxerga um recuo de 9,3%, indo a R$ 5,6 bilhões. A Genial é a mais pessimista, vendo a receita caindo 17,4%, a R$ 5,2 bilhões, e o BBA, o mais otimista, projetando uma receita 4,5% menor no ano a ano, de R$ 5,9 bilhões.
Apesar disso, há exceções: para os analistas, o esperado é que o Magazine Luiza traga alguma melhora na base trimestral quando o assunto são vendas.
“Vemos um fraco crescimento de receita, com melhor performance do segmento 1P [venda direta] e lojas físicas com uma base de comparação mais fácil, enquanto o 3P [marketplace] deve ter um resultado mais fraco na comparação anual”, dizem os especialistas da Eleven.
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A casa vê a receita do Magazine Luiza crescendo 4% na base anual e 4,6% na trimestral, para R$ 8,6 bilhões. A varejista, para eles, será a única do grupo que terá o seu faturamento crescendo.
A XP, o Itaú BBA, e o BBI têm a mesma opinião de que a Magalu será a única companhia do setor a ter seu faturamento avançando no terceiro trimestre de 2022.
A corretora vê a receita líquida da varejista ficando em R$ 8,8 bilhões, alta de 2,4% e de 3% no trimestre a trimestre. O BBA vê o mesmo número próximo a R$ 8,6 bilhões, com alta de 2,3% na base anual e de 2% na base trimestral. O BBI espera um faturamento de R$ 9 bilhões, com alta de 4,7%.
“O volume bruto de mercadorias (GMV, na sigla em inglês) total deve crescer 4% no ano, com o canal online crescendo 4%, impulsionado pelo 1P e pela aquisição da KaBum! (estimamos que o desempenho sem a KaBum! tenha sido de queda de 11% no ano”, explicam os analistas da XP.
A Genial enxerga, contudo, que a receita líquida do Magazine Luiza deve recuar 0,3% no ano, para R$ 8,5 bilhões – ainda assim um resultado melhor do a casa projeta para a Via e para a Americanas.
“Nas lojas físicas, devemos ter uma inflexão positiva. Com a retomada do fluxo para as lojas, esperamos que o Magazine Luiza registre R$ 3,9 bilhões (alta de 2,7% no ano) no faturamento deste canal”, diz a casa de análise. “Mas é no e-commerce que mora o pulo do gato. Enquanto Via e Americanas devem amargar forte desaceleração com as vendas de produtos próprios, a Magalu deve apresentar uma performance quase que estável, ano contra ano. A incorporação de vendas da KaBuM! ─ que está sendo adicionado nos resultados neste ano ─ deve aliviar o ‘sufoco’”, complementam.
Com a combinação de melhor receita e os ganhos de margem, o Magazine Luiza deve trazer o melhor resultado do trimestre. Mesmo assim, a projeção geral do mercado é que a varejista trará prejuízo líquido.
A perspectiva é que essa empresa, bem como a Via e a Americanas, terá as linhas de baixo do seu balanço impactadas pelo resultado financeiro negativo – com maiores gastos com capital de giro, por conta da inflação, e também com a dívida, por conta dos juros mais altos.
Confira a projeção Refinitiv para as três varejistas:
Receita líquida | Ebitda | Margem Ebitda | Lucro líquido | |
Magazine Luiza | R$ 9,06 bilhões | R$ 549,3 milhões | 6,05% | – R$ 60 milhões |
Via | R$ 7,2 bilhões | R$ 636 milhões | 8,78% |
– R$ 251,69 milhões
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Americanas | R$ 6.8 bilhões | R$ 728 milhões | 10,70% |
– R$ 238 milhões
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