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SÃO PAULO – Em um dia que sinalizava festa na B3, com o Ibovespa renovando sua máxima intradiária (superando os 75 mil pontos pela primeira vez na história), o noticiário político voltou a preocupar os investidores e ditar os rumos de muitos papéis no mercado acionário brasileiro. A Petrobras, que chegou a ver suas ações se recuperarem na esteira do bom desempenho do petróleo no mercado internacional, encerrou o dia no campo negativo, assim como a maioria das companhias do setor siderúrgico, que se descolaram do que poderia ter sido um pregão positivo. A Ambev, por sua vez, registrou ganhos consistentes após ter recomendação alterada para “outperform” pelos analistas do Credit Suisse.
Confira abaixo os principais destaques da bolsa desta sessão:
Petrobras (PETR3, R$ 15,40, -0,77%; PETR4, R$ 14,87, -0,80%)
Após chegarem a virar para alta no fim da manhã, as ações da Petrobras fecharam em queda, na contramão do desempenho do petróleo no mercado internacional. Em Londres, os contratos do petróleo Brent registravam alta de 0,84%, a US$ 54,29 o barril, enquanto os contratos do WTI, negociados em Nova York, subiam 0,37%, a US$ 48,25 o barril.
No radar, a Petrobras anunciou que deu início ao processo de venda da Unidade de Fertilizantes III (UFN-III) em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. Segundo a estatal, a ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal, que pede a retomada das obras de construção da fábrica e proíbe a venda da unidade pela Petrobras, permanecerá suspensa até o dia 07 de novembro.
A fábrica é um dos maiores investimentos no estado e as obras pararam há quase três anos. A construção está 80,95% concluída e não tem previsão de término. A indústria será vendida em conjunto com a empresa Araucária Nitrogenados S.A. (Ansa).
Vale (VALE3, R$ 35,26, +0,48%; VALE5, R$ 32,40, +0,75%)
Embaladas pelos preços do minério de ferro e revisão de recomendação, as ações da Vale subiram hoje, mas em movimento bem mais moderado do que o visto ao longo do dia. Acompanharam a alta da mineradora os papéis da Bradespar (BRAP4, R$ 27,07, +0,45%) — holding que detém participação na Vale. As siderúrgicas, por sua vez, viraram para queda nos instantes finais da sessão. A única a suportar a pressão foi a CSN (CSNA3, R$ 10,63, +1,24%).
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Hoje, o minério de ferro spot (à vista) negociado no porto de Qingdao, na China, subiu 2,52%, a US$ 76,37 a tonelada, enquanto os contratos futuros da commodity cotados na bolsa chinesa de Dalian subiram 3,40%, a 548 iuanes.
Além disso, destaque para um relatório do Santander revisando as ações da mineradora e siderúrgicas. O banco elevou hoje os papéis da Vale e a Gerdau de manutenção para compra, com preço-alvo de R$ 13,50 e R$ 16,00, respectivamente, enquanto a Usiminas foi rebaixada de compra para manutenção, com target em R$ 9,50.
O analista Renato Maruichi, que assina o relatório, explica que elevou as ações da Vale em meio à combinação de expectativa de yield de fluxo de caixa livre de 14% e melhor “momentum” de lucros, enquanto para siderúrgicas ele comenta que mudou sua preferência de aços curtos para aços longos, colocando a Gerdau como sua “top pick”. Para Usiminas, ele comenta que reconhece a impressionante reviravolta da empresa, tanto operacional como financeira, mas acredita que a ação já esteja em seu preço justo.
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Ainda no radar, a Vale confirmou o interesse nas usinas da Cemig que devem ir a leilão neste mês. Em nota, a companhia disse que tem como um dos seus pilares estratégicos a autossuficiência energética e “uma das alternativas para atingirmos este objetivo poderia ser o leilão das hidroelétricas Jaguará, Miranda e São Simão, que está sendo estudado, porém ainda sem qualquer decisão”.
O jornal Valor Econômico afirma ainda que o veículo a ser usado no negócio, caso a mineradora decida avançar, será a Aliança Geração de Energia, parceria entre a Vale (55%) e a própria Cemig (45%). A próxima reunião do conselho da empresa acontece no dia 28 de setembro, um dia após a data prevista para o leilão, o que pode levar a uma reunião antecipada no dia 27 para definir o assunto.
Por sua vez, a CSN anunciou a indicação de Marcelo Cunha Ribeiro para diretor executivo de finanças a partir de 12 de setembro. A empresa não entrega ao mercado resultados financeiros auditados desde o final de 2016. Ribeiro é engenheiro de produção pela USP e possui MBA na Harvard Business School. Foi vice-presidente de Finanças da Restoque e membro de conselhos de administração da Oi, Estácio e BR Malls. Ele iniciou a carreira na GP Investments, em 2000, chegando à posição de diretor da área de private equity em 2013.
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Magazine Luiza (MGLU3, R$ 69,02, -11,85%)
As ações do Magazine Luiza afundaram com oferta bilionária de ações. A varejista informou que seu Conselho de Administração aprovou a realização de oferta pública de distribuição primária e secundária de, inicialmente, 24.000.000 ações ordinárias, nominativas, escriturais e sem valor nominal.
A distribuição primária será de 17.600.000 novas ações ordinárias, enquanto a distribuição secundária será de, inicialmente, 6.400.000 ações ordinárias de titularidade de Luiz Helena Trajano, Onofre de Paula Trajano, Fabrício Bittar Garcia, Flávia Bittar Garcia Faleiros e Franco Bittar Garcia, com esforços restritos de colocação, ou seja, uma oferta restrita sendo realizada no mercado de balcão.
Considerando o preço de fechamento das ações em R$ 78,30 em 8 de setembro, o valor total da oferta seria de R$ 1.879.200.000,00 – ou praticamente o dobro da oferta de cerca de R$ 1 bilhão que foi confirmada em maio. Mas vale menção que isso deve-se pelo desempenho do papel nos últimos meses. Do dia 11 de maio pra cá, a ação da empresa subiu cerca de 120% na bolsa.
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A oferta primária é feita pela própria companhia, ou seja, ela vende ações e o dinheiro vai para seu próprio caixa. Já em uma oferta secundária, são os grandes acionistas que vendem ações, e o dinheiro vai para eles.
JBS (JBSS3, R$ 8,08, -0,62%)
A Justiça Federal do Distrito Federal suspendeu parte dos efeitos do acordo de leniência da J&F, dona da JBS, até uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a validade do acordo de delação premiada dos executivos do grupo.
A decisão, emitida pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, atinge possíveis repercussões penais que podem atingir pessoas ligadas à J&F que não integram a lista de colaboradores já homologada pelo STF. Os efeitos civis do acordo de leniência continuam válidos, segundo esclarecimentos divulgados pelo Ministério Público Federal.
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BR Malls (BRML3, R$ 14,08, -0,91%)
Segundo o Valor Econômico, buscando novas estratégias para seu portfólio, a BR Malls estuda a possibilidade de criar um fundo de investimento imobiliário formado por ativos do grupo, incluindo alguns shoppings considerados não prioritários. A demanda esperada para esse fundo estaria entre R$ 600 milhões e R$ 700 milhões, segundo uma fonte disse ao jornal.
Outra possibilidade seria a venda de ativos, de forma individual. Segundo a publicação, já foram identificados dez shoppings não estratégicos que a companhia pretende vender.
Bradesco (BBDC3, R$ 33,68, -0,94%; BBDC4, R$ 35,26, -0,14%)
O Bradesco teve 7,4 mil adesões a um plano de demissão voluntária de pessoal lançado em julho e encerrado no final de agosto. O programa de demissão do banco ocorreu em meio a um enxugamento de posições no sistema financeiro.
No final do ano passado, o Banco do Brasil reduziu sua força de trabalho em 9 mil funcionários e a Caixa reduziu seus quadros em cerca de 4 mil posições no início do ano, segundo dados da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro.
Suzano (SUZB5, R$ 18,10, -0,49%)
A Suzano anunciou que iniciou a produção e vendas de papéis sanitários, conhecidos como “tissue”, em fábrica em Mucuri (BA), e que o início da produção do produto na fábrica em Imperatriz (MA) está previsto para o quarto trimestre deste ano.
O investimento total estimado é de R$ 540 milhões e considera capacidade total de produção de 120 mil toneladas anuais de tissue, sendo que a capacidade máxima de conversão coberta pelo projeto é de 60 mil toneladas anuais.
Recomendações
Houve também uma série de recomendações entre a noite de ontem e esta manhã. Além das revisões do Santander nos papéis de commodities (veja acima), o Credit Suisse elevou a Ambev (ABEV3, R$ 21,01, +3,70%) de neutra para “outperform” (desempenho acima da média), enquanto o BTG Pactual iniciou sua cobertura da Omega Geração (OMGE3, R$ 17,11, +1,48%) com recomendação de compra.
Azul (AZUL4, R$ 26,44, -5,23%)
A companhia aérea Azul informa que o tráfego total de passageiros (RPKs) aumentou 15,5% em agosto ante igual mês de 2016, frente a um aumento de 13,1% na capacidade (ASKs). Como resultado, a taxa de ocupação foi de 81,6%, um aumento de 1,7 ponto porcentual comparado com o mesmo período do ano passado.
No mercado doméstico, a demanda cresceu 6,2% em agosto, enquanto a oferta avançou 4,1%. A taxa de ocupação nos voos nacionais ficou em 79,7%, alta de 1,6 ponto porcentual ante igual mês do ano passado.
No mercado internacional, a empresa registrou alta de 60,6% no tráfego de passageiros (RPKs) e aumento de 64,3% na oferta, com a taxa de ocupação das aeronaves recuando 2 pontos porcentuais, para 88,5%.
No acumulado do ano, o tráfego de passageiros cresceu 14,1% e a taxa de ocupação total aumentou 2,4 pontos porcentuais em relação ao ano passado, totalizando 81,7%. No mercado doméstico, a taxa de ocupação foi de 79,8% e no internacional foi de 90,3%.
Tecnosolo (TCNO4, R$ 3,36, -4,00%)
Após acumularem uma alta de 45% em dois pregões e chegarem a registrar alta de 11,43% na máxima do dia, os papéis de baixa liquidez da Tecnosolo viraram para queda com força e encerraram o pregão em tom de realização de ganhos pelos investidores.
No radar, a empresa foi destacada pelo analista Marco Saravalle, da XP Investimentos, no programa “30 minutos para se aposentar com ações” da última sexta-feira. Na ocasião, ele comentou por que acreditava que a empresa poderia dobrar de valor na bolsa, embora fizesse a menção que se tratava de uma aposta arriscada já que a companhia encontra-se em processo de recuperação judicial (veja aqui).