Publicidade
As ações de varejistas, techs e construtoras chegaram a disparar mais de 10% na sessão desta quinta-feira (4), com a visão do mercado de que o aperto monetário pelo Banco Central está perto do fim (ou já chegou ao seu encerramento).
Na véspera, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa de juros em 0,5 ponto percentual, de 13,25% para 13,75%, maior patamar desde janeiro de 2017, mas indicou que poderá encerrar o agressivo ciclo de aperto com um ajuste menor em setembro.
A proximidade do fim do ciclo de alta de juros leva a um alívio na curva de juros, impactando as chamadas ações de crescimento, como varejistas e techs. O contrato de juros futuros com vencimento em janeiro de 2025 tinha baixa de 37 pontos-base, para 12,10%, de 35 pontos-base o de vencimento em 2027, para 12,09% e de 32 pontos-base para 2029, a 12,33%.
Empresas de varejo e de tecnologia são muito sensíveis a variações de taxas de juros. Companhias de crescimento contam com seus fluxos de caixa em períodos muito longos e, quanto maior os juros, maior também a taxa de desconto, o que leva a um valor menor para os preços dos ativos quando levados a valores presentes. Além disso, as varejistas estão associadas ao ciclo de crédito e à atividade econômica local. Com isso, quanto os juros caem, elas sobem, e vice-versa.
Assim, Magazine Luiza (MGLU3) saltou 13,99%, a R$ 3,34, Via (VIIA3) subiu 12,60%, a R$ 2,95, assim como Petz (PETZ3, R$ 11,84, +9,73%), Méliuz (CASH3, R$ 1,30, +15,04%) e outras companhias de consumo e varejo tiveram uma forte disparada. No acumulado do ano, contudo, elas ainda seguem com queda expressiva na Bolsa.
Construtoras também registram ganhos beneficiadas dessa visão sobre o fim do ciclo de alta da Selic, uma vez que o grupo também sensível a juros no Brasil. A venda de imóveis é ligada diretamente ao acesso a crédito. MRV (MRVE3) saltou 12,73%, a R$ 11,25, enquanto Cyrela (CYRE3) disparou 11,42%, a R$ 14,93.
Continua depois da publicidade
Fim do ciclo?
De forma geral, analistas viram alguns sinais no comunicado do Copom indicando intenção de pausar o ciclo: a nova referência para o horizonte relevante para a política monetária –inflação projetada em 12 meses até o primeiro trimestre de 2024– e a indicação de, em caso de nova alta, uma magnitude de 0,25 ponto como opção. A própria extensão do ciclo e seus potenciais efeitos sobre atividade também pesam em favor da tese da pausa.
“Sempre podemos ter informações diferentes na ata, mas a mensagem para nós é muito clara. O Banco Central do Brasil foi o primeiro a subir (entre importantes BCs) e provavelmente será o primeiro a parar esse processo de alta”, disseram em relatório economistas do UBS BB, chefiados por Alexandre de Ázara.
Em relatório divulgado nesta manhã, o Bradesco também disse prever que a 13,75% a Selic já está em seu nível terminal, mesmo cenário do Bank of America.
Continua depois da publicidade
“A desaceleração do crescimento global e os efeitos defasados da intensa política monetária sustentam a visão de que há espaço para encerrar o ciclo de aperto agora, disse David Beker, chefe de economia e estratégia do BofA para Brasil.
(com Reuters)
Oportunidade de compra? Estrategista da XP revela 6 ações baratas para comprar hoje. Assista aqui.